Embora a crise financeira que atinge as principais potências
econômicas do planeta mantenha mais de 9% da população norte-americana
desempregada e enfraqueça o crescimento do país (a previsão do PIB é de 1,5%),
os principais executivos dos EUA tiveram aumento salarial pelo segundo ano
consecutivo - no ano passado, o rendimento dos chamados CEO's subiu, em média,
15%.
De acordo com dados apurados pelo instituto de pesquisas GMI
Ratings e divulgados pelo jornal britânico The Guardian, a elevação dos preços
dos ativos negociados em Wall Street favoreceu esse reajuste salarial ao longo
do ano passado. Em 2011, o valor médio dos rendimentos dos executivos atingiu o
pico de 5,8 milhões de dólares.
Em 2010, quando a crise econômica era ainda mais intensa, a
variação dos ganhos de grandes executivos conseguiu ser ainda maior, chegando à
marca dos 28%. As últimas quedas no valor dos salários e benefícios recebidos
pelos CEO's ocorreram em 2008 e 2009, período no qual eclodiu a bolha
imobiliária nos EUA.
Salários estagnados
Essa valorização da cúpula das grandes companhias
norte-americanas destoa do cenário econômico do país. Enquanto a remuneração
dos altos cargos se elevava, a pesquisa da GMI Ratings lembra que o salário
médio do trabalhador permaneceu praticamente estagnado. Segundo estudo
conduzido pela consultoria Mercer, operários viram um avanço de 3% em seus
rendimentos, número que ultrapassa em apenas 0,3 pontos percentuais a inflação
do país.
Também a renda média das famílias norte-americanas decaiu
pelo terceiro ano consecutivo. Segundo números do Escritório de Estatísticas
dos EUA, em 2010 o ganho médio familiar beirou os 50 mil dólares anuais, valor
7% inferior ao registrado dez anos antes.Segundo a GMI Ratings, o executivo
mais bem pago do país é Michael Johnson, CEO da companhia de nutrição
Herbalife. Só no ano passado ele ganhou quase 90 milhões de dólares, sendo que
a maior parte de seu rendimento veio do mercado financeiro. Entre 2003 e 2005,
cada ação de sua companhia estava avaliada em menos de dez dólares. Hoje, elas
ultrapassam a marca dos 70 dólares.
O dado surge num momento em que acionistas começam a
questionar os rendimentos abusivos de CEO’s. No mês passado, os sócios do
Citigroup votaram contra os planos da companhia de premiar seu diretor-executivo,
Vikram Pandit, com 14,9 milhões. Desde o colapso do banco em 2007, esse seria
seu primeiro bônus.
foto:raulmarinhog.wordpress.com
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