20/04/2012

Jovens franceses criam site que verifica promessas de candidatos à Presidência

O Promessoètre cruza informações para verificar a autenticidade dos programas e das declarações dos políticos. Que tal fazer o mesmo aqui no Brasil, afinal este ano também teremos eleições.


Há cinco meses, cinco jovens interessados em política resolveram criar um site para registrar e verificar as promessas dos então pré-candidatos às eleições presidenciais francesas -- o primeiro turno acontece neste domingo (22/04). Inspirado na iniciativa norte-americana politifact.com, que ganhou o prêmio Pulitzer pela análise das declarações feitas durante a eleição dos Estados Unidos em 2008, o promessometre.fr ganhou popularidade na França.

“Nós não buscamos influenciar os leitores, apenas trazer pistas para a reflexão”, afirma Nastassia Mari, integrante da pequena equipe do Promessoètre. Segundo ela, o factchecking -- cruzamento de informações para verificar a autenticidade de informações dos programas de governo e declarações dos candidatos -- é uma necessidade para evitar comportamentos contraditórios e garantir a aplicabilidade das propostas governamentais. “Cada vez mais a mídia faz isso também, todos os grandes jornais recuperaram essa idéia”, aponta fazendo referência ao site Désintox do jornalLibération que promete "desafiar a palavra dos políticos".


Além de garantir a veracidade dos argumentos eleitorais, o site quer servir de memória coletiva, permitindo que os internautas continuem acompanhando as promessas feitas depois do candidato eleito. "Queremos uma certa neutralidade e tentamos nos policiar”, garante Mari.



Insatisfeitos


Oriundos de faculdades de engenharia ou administração, os responsáveis pelo site têm entre 25 e 30 anos e e a maioria atualmente trabalha no setor de telecomunicações. Não se encontram sempre, mas se comunicam por email, mas de 30 por dia.

Os internautas participam comentando e propondo discretamente novos temas. O Promessomètre é subdividido em quatro categorias : uma sobre os pontos em que os candidatos concordam, outra para as divergências, uma editoria chamada "Lupa" para dar esclarecimentos sobre um tema e por último "Opinião Livre", espaço para argumentações pessoais.

Jovens e pobres

Em plena campanha eleitoral, o coletivo "Geração Precária" (Génération Précaire), famoso por ações midiáticas que denunciam más condições de trabalho de jovens funcionários e estagiários criou a "Young and Poor", uma agência de classificação das propostas dos candidatos sobre a juventude. Em uma referência direta à agência norte-americana de classificação de risco Standard & Poor’s, o grupo de jovens e pesquisadores quer denunciar um governo refém da crise financeira e o poder político dessas agências que classificam os países de acordo com sua saúde financeira.

Desde o início da crise dos suprimes em 2007, a porta de entrada para o pesadelo econômico que ainda abala a Europa, o papel das agências de cotação ganhou espaço na mídia e gerou polêmicas quanto à credibilidade e envolvimento direto com integrantes de governos europeus e norte-americanos.

Em janeiro, a França perdeu seu triplo “A”, nota máxima que permite empréstimos com as melhores taxas. A Young and Poor utiliza o mesmo sistema para avaliar o espaço e as medidas dedicadas à parcela da população com menos de 35 anos, a mais atingida pelo desemprego.

Nesse quesito, nenhum candidato alcançou a média até agora. François Hollande, do Partido Socialista divide a nota "C" com a ecologista Eva Joly, o candidato de extrema-direita Jean-Luc Mélenchon, a de extrema-direita Marine Le Pen. Enquanto Sarkozy e o centrista François Bayrou levam um "D", escapando por pouco da letra "E", a menor classificação possível.

foto:fernandasouza.wordpress.com

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