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Venezuela é um dos maiores produtores de petróleo do mundo em um momento em que
os preços do produto estão em alta, mas a escassez de produtos básicos como
carne, leite e papel higiênico são comuns na vida cotidiana local, muitas vezes
transformando compras de supermercado em uma jogada de sorte.
Perguntado onde um cliente poderia encontrar leite quando o
produto estivesse em falta na loja, um gerente disse com sarcasmo: "Na
casa de Chávez."
No centro do debate está o governo socialista do presidente Hugo
Chávez, que impôs controles de preços rigorosos que pretendiam tornar os
alimentos e outros bens mais acessíveis para os pobres.
Chávez e seus ministros culpam o capitalismo desenfreado pelos
males econômicos do país, dizendo que as empresas causam a escassez de produtos
para elevar os preços.
"Nós não estamos pedindo que eles percam dinheiro, apenas
que ganhem dinheiro de forma racional, que não roubem o povo", disse
Chávez recentemente.
Muitos economistas dizem se tratar de um caso clássico de um
governo causando um problema em vez resolvê-lo.Os preços devem ser mantidos a um valor tão baixo que companhias
e produtores não conseguem obter lucro. Assim, agricultores produzem menos
alimentos, indústrias diminuem sua produção e varejistas cortam seu inventário.
Além disso, algumas das carências acontecem em setores, como o
de leite e o de café, em que o governo confiscou as empresas privadas e agora
está coordena a produção, dizendo fazê-lo em nome do interesse nacional.
Nível
Em janeiro, segundo um índice compilado pelo Banco Central da
Venezuela, a dificuldade de encontrar bens básicos nas prateleiras dos
supermercados atingiu seu pior nível desde 2008. Embora este índice tenha
diminuído consideravelmente, ainda é muito difícil encontrar diversos produtos.
Datanálisis, uma empresa de pesquisa que acompanha a escassez de
produtos básicos, informou que leite em pó, um produto de primeira necessidade,
não pode ser encontrado em 42% dos supermercados pesquisados no início de
março.
Entre outros produtos em falta no mês passado, segundo a
Datanálisis, estavam carne, frango, óleo vegetal e açúcar. A empresa de
pesquisas diz que o problema também é maior em supermercados subsidiados pelo
governo e criados para fornecer alimentos a preços acessíveis para os pobres.
O controle de preços, no entanto, foi defendido em anúncios do
governo, acompanhados de ameaças de Chávez de nacionalizar qualquer empresa que
não consiga manter os produtos no mercado.
Esperando na fila para comprar frango e outros alimentos
básicos, Jenny Montero, 30 anos, lembrou de como não conseguiu encontrar óleo
de cozinha no outono passado e teve de deixar de comer as frituras que costuma
cozinhar e optar por guisados e sopas.
"Foi bom para mim", disse ela secamente. "Eu
perdi vários quilos."
Reportagem
de William Neuman
foto: ultimosegundo.ig.com.br
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