Honduras, que caiu no esquecimento após o golpe de Estado que derrubou o presidente Manuel Zelaya em junho de 2009, seguido de controversas eleições, se tornou o país mais violento do mundo. O índice de homicídios, 86 para cada 100 mil habitantes, é mais de onze vezes superior à média mundial. Cerca de vinte assassinatos são registrados a cada dia nessa república centro-americana de 8 milhões de habitantes.
Com 174 homicídios para cada 100 mil habitantes, San Pedro Sula (noroeste), a segunda maior cidade do país, tomou o título pouco invejável de capital mundial do crime da mexicana Ciudad Juaréz. Segundo o representante do Banco Mundial em Honduras, Giuseppe Zampaglione, o custo da criminalidade representa 10% do produto interno bruto do país.
A deplorável situação das prisões superlotadas, onde 60% dos detentos estão à espera de julgamento, foi responsável por uma das maiores tragédias da história penitenciária. No dia 14 de fevereiro, 361 detentos morreram durante o incêndio da prisão de Comayagua, no norte da capital. Um mês e meio mais tarde, 13 detentos foram mortos durante confrontos na prisão de San Pedro Sula.
Assim como na Guatemala e em El Salvador, os dois outros países do "Triângulo Norte" da América Central, esse surto de violência está em grande parte ligado ao narcotráfico, à corrupção da polícia, à impunidade e às extorsões dos maras. Originadas na Califórnia, essas gangues ultraviolentas se expandiram pela América Central. Revendedores de cocaína e de crack, assassinos de aluguel, os membros tatuados da Mara Salvatrucha e da Mara 18 conduzem uma guerra cruel para defender os territórios onde eles roubam os comerciantes e os motoristas de ônibus e de táxi.
Dezoito jornalistas foram assassinados em Honduras desde janeiro de 2010. O último até o momento, Fausto Evelio Hernández, um jornalista de rádio, foi morto de forma selvagem a golpes de machete. Esses crimes permaneceram impunes, assim como o assassinato do ex-cruzado antidrogas Alfredo Landaverde, que havia denunciado a infiltração do crime organizado dentro da polícia.
O assassinato do filho da reitora da universidade nacional, Julieta Castellanos, em outubro de 2011, trouxe à tona o envolvimento de policiais em bandos criminosos. O presidente Porfirio Lobo formou uma comissão para limpar a polícia e recorreu ao Exército para combater a criminalidade, sem resultados tangíveis até o momento. "A situação se deteriorou desde o golpe de Estado", observa Bertha Oliva, que dirige a Cofadeh, uma organização de defesa dos direitos humanos.
Mais de 80% da cocaína produzida na América do Sul e consumida na América do Norte transita pela América Central. Os poderosos cartéis mexicanos estenderam suas operações para os países do "Triângulo Norte", onde a droga é armazenada antes de prosseguir sua rota até os Estados Unidos.
Diante do fracasso da guerra contra as drogas conduzida por Washington e dos danos causados pelo narcotráfico na América Central, o presidente da Guatemala, Otto Pérez Molina, propôs a seus colegas da região soluções alternativas, entre elas a descriminalização da droga. Sob pressão dos Estados Unidos, El Salvador, Honduras e a Nicarágua rejeitaram a iniciativa guatemalteca pouco antes da 6ª Cúpula das Américas que aconteceu nos dias 14 e 15 de abril em Cartagena, na Colômbia.
Reportagem de Jean Michel Caroit
Tradutor: Lana Lim
foto:abdic.org.br

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