28/04/2012

Ansiedade acelera progresso do câncer


Estudo feito em camundongos mostrou que animais ansiosos tiveram mais tumores e foram os únicos que desenvolveram formas invasivas.


Pesquisadores da Universidade de Stanford descobriram que a ansiedade pode piorar a evolução do câncer. Em seu estudo, os cientistas verificaram que camundongos ansiosos desenvolveram mais tumores que os tranquilos por apresentarem decréscimo de imunidade. Análises anteriores já haviam relacionado o estresse crônico ao aumento do risco de câncer e de outras doenças, mas este é o primeiro a ligar biologicamente traços de personalidade como a alta ansiedade ao câncer.
“A descoberta é importante, pois se o diagnóstico de qualquer doença já gera ansiedade, mais aflito o paciente vai ficar caso saiba que a ansiedade é perigosa”, afirmou  Firdaus Dhabhar, autor do estudo publicado no periódico científico PLoS ONE. Camundongos ansiosos mostraram que além de terem altos níveis do hormônio do estresse, a corticosterona, também apresentavam quantidades menores das chamadas células T, que atuam contra o câncer.
Dhabhar adverte que ainda são necessários mais estudos para que analisar a relação entre ansiedade e a progressão do câncer em humanos. “O diagnóstico de câncer já é ruim o suficiente para gerar estresse e ansiedade e o nosso estudo sugere que a ansiedade pode acelerar a progressão da doença, o que pode acabar criando um círculo vicioso”, disse. Para o pesquisador, o objetivo da pesquisa é tentar amenizar ou eliminar os efeitos da ansiedade e do estresse crônico no momento do diagnóstico ou durante o tratamento.
Como assim rato ansioso? 
Entende-se por camundongos ansiosos aqueles que não se saíram muito bem em testes que mediam o comportamento em motivações conflitivas como a dúvida entre a necessidade de explorar para encontrar comida e parceiros e a necessidade de segurança.

Para descobrir o grau de ansiedade dos camundongos, a equipe colocou os animais em canaletas em forma de cruz, onde um caminho tinha paredes abertas e no outro fechado. A ideia era medir a frequência com que os camundongo se aventuravam para o lado aberto. “É provável que um camundongo com alta ansiedade passe mais tempo na segurança do escuro, onde, na natureza, seria menos provável ser descoberto por predadores”, explicou Dhabhar ao iG.
Depois de determinados quais camundongos eram ansiosos e quais não eram, os animais foram expostos animais a raios ultravioleta por 10 minutos, três vezes por semana ao longo de 70 dias, o que causaria câncer de pele nas cobaias. Quase todos os camundongos desenvolveram câncer de pele, porém os ansiosos, com sistema imune mais fraco, tiveram mais tumores e foram os únicos que desenvolveram formas invasivas de câncer.


Reportagem de Maria Fernanda Ziegler
foto:safyra.com.br

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