O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) está julgando o pedido de anulação das
promoções de 17 juízes ao cargo de desembargador do Tribunal de Justiça de Minas
Gerais, entre 2006 e 2009.
As promoções foram denunciadas ao CNJ por uma entidade nacional que
representa juízes.
Segundo a Anamages (Associação Nacional dos Magistrados Estaduais), o
tribunal privilegiou parentes de desembargadores e ex-dirigentes de outra
entidade de classe em detrimento de juízes mais antigos.
Além de não observar critérios como antiguidade e produtividade, as promoções
foram feitas às escuras, sem a publicação de edital, sustenta a Anamages.
Por meio de sua assessoria, o tribunal mineiro informou que vai aguardar a
decisão final do CNJ e cumprir o que for determinado.
VOTAÇÃO
Dois conselheiros do CNJ já votaram. Ambos consideraram ilegais as promoções,
mas divergiram sobre a providência a ser tomada.
Jorge Hélio Chaves de Oliveira pediu a anulação das promoções por considerar
que os atos "não podem ser convalidados com o tempo".
O relator, Fernando Tourinho Neto, votou pela manutenção das promoções,
somente se aplicando a resolução em casos futuros.
O julgamento foi suspenso em dezembro, após pedido de vista (tempo para
análise do processo), e deve ser retomado em fevereiro.
O tribunal tem 130 cargos de desembargadores e dez vagas a serem ocupadas.
A acusação foi feita em 2009 ao CNJ. Entre os promovidos, há sete
ex-dirigentes da Amagis (Associação dos Magistrados Mineiros), entre os quais
Nelson Missias, atual secretário-geral da AMB (Associação dos Magistrados
Brasileiros).
A AMB, maior entidade de juízes do país, é pivô da mais recente polêmica
envolvendo o CNJ. A pedido da entidade, o Supremo Tribunal Federal tomou duas
decisões que desidrataram o poder de investigação do conselho, impedindo que ele
abra investigação por iniciativa própria.
CRITÉRIOS
Além de Missias, também consta da lista Doorgal Andrada, promovido quando era
vice-presidente da AMB.
Segundo o pedido de anulação, a promoção de Andrada preteriu 41 juízes mais
antigos do que ele.
Por sua vez, ao ser promovido, Missias era o 46º na lista de antiguidade e
não atuava como juiz -no período, dedicava-se à Amagis e, por isso, não poderia
ter sua produtividade analisada.
Nas sessões que decidiram pelas promoções, há desembargadores que justificam
sua escolha ao elogiar a atuação dos juízes no comando das entidades de classe,
sem levar em consideração sua atuação como magistrados.
"Não se fala em produtividade, assiduidade ou qualquer outro critério, apenas
se dá ênfase ao compadrio pessoal ou associativo", acusa a Anamages em documento
enviado ao CNJ.
Andrada e Missias classificam o caso como uma retaliação, fruto de disputas
no Judiciário mineiro.
Reportagem de Frederico Vasconcelos
fonte:http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/19292-tribunal-de-mg-e-acusado-de-promover-juizes-ilegalmente.shtml
foto:dradilsonmiranda.blogspot.com
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