10/01/2012

Brasília pode perder título de patrimônio da Unesco


Catedral de Brasília


A integridade urbanística da capital do Brasil tem sido afetada de modo progressivo nestes 50 anos de existência como cidade projetada que nos anos 80 fez história e fama ao ser o primeiro monumento moderno a receber a chancela do organismo da ONU para a Educação, Ciência e Cultura. 

A Unesco, que monitora os Patrimônios Culturais da Humanidade, poderá retirar o título de Brasília em julho, depois de incluir a cidade na lista dos Patrimônios em Risco em razão das violações de tombamento. Com uma série de denúncias apresentadas, uma comitiva de especialistas internacionais voltará a inspecionar a cidade e suas condições, provavelmente no final de fevereiro, como mostra reportagem do Correio Braziliense (DF).

Entre os novos projetos sob verificação, a expansão do Setor Hoteleiro Norte na 901 Norte, uma das iniciativas relacionadas à Copa do Mundo de 2014. O outro é a orla do lago de Paranoá, pela construção desordenada de moradias na área, inicialmente destinada apenas a clubes e parques, além de hotéis, dentro do Plano Piloto.

 “Brasília é o patrimônio em situação mais difícil, o que mais nos preocupa.”  diz o alerta dado por Rosina Parchen, presidente no Brasil do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), que assessora a  Unesco. A entidade já definiu que o estado de conservação de Brasília alcançou um nível crítico.

Nenhuma outra cidade brasileira gerou tal preocupação até hoje. Ouro Preto também foi visitada, em 2003, mas em uma missão mais simples, que não precisava da aprovação dos membros do comitê internacional.

Para o assessor internacional do Iphan Marcelo Brito, o tombamento da cidade tem uma singularidade especial e, por isso, a situação não é tão grave. “Não é um determinado edifício de uma determinada quadra, se ele está pintado de verde ou de azul ou de amarelo, que importa para o patrimônio mundial”, argumenta. Segundo Brito, o patrimônio de Brasília está associado aos planos da cidade, que distingue as regiões urbana, gregária, monumental e bucólica, que teria atualmente modificações “localizadas” e “pontuais”. “As pessoas precisam entender que o que está aqui reconhecido e valorizado, o que está definido como patrimônio, são as escalas urbanas”, completa.
 
Para o secretário de Habitação, Regularização e Desenvolvimento Urbano do Distrito Federal (Sedhab), Geraldo Magela, a visita da Unesco é uma oportunidade para a capital se capacitar para gerir o patrimônio criado por Lucio Costa, Oscar Niemeyer e milhares de candangos. “Vamos ouvir o que a Unesco tem a nos dizer e certamente servirá de orientações para a gestão do patrimônio de Brasília”.


Entre a população brasiliense há muita discussão sobre as vantagens em ser ou não Patrimônio, discutindo a viabilidade e a validade do título e suas implicações. Projetada para 500 mil habitantes, Brasília tem mais de 2,5 milhões e sua transformação tem gerado múltiplas questões em relação à qualidade de vida. 


foto:tvtelinha.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela visita e pelo comentário!