Um exemplo a ser seguido em outras escolas do País.
E foi a partir da leitura de lendas que a curiosidade das crianças foi acentuada. Nas rodas de leitura a professora alertou para que não acreditassem apenas em uma versão de um fato. Por exemplo: o índio brasileiro não coloca a mão na boca e faz ‘bububu'. "O nosso índio imita sons de passarinho ou até de um animal que pretende caçar, não tem o ‘bubu'. A casa, ou oca, dos índios brasileiros é redonda, coberta de palhas e estruturas em madeira. Nada daqueles tecidos, colocados em triângulos que costumamos ver em filmes americanos, nossa maior referência", ensina Maria Aparecida.
A educadora conta para a atenta plateia que os índios conhecem bem o que podem tirar de bom e ruim da natureza para o seu sustento. Diz que eles comem peixe, raízes, como mandioca, e que no Norte do País algumas tribos se alimentam de macaco. Relata que quando voltam da caça trazem comida para toda a tribo. Com raciocínio de quem vive na cidade grande, onde a entrega é feita em domicílio, Leonardo Pires de Lima, 10 anos, pergunta: "Quando chegam na tribo eles levam a comida de oca em oca?". Maria Aparecida esclarece que não, a comida é feita no centro da tribo, para todos.
Vários alunos questionam o motivo pelo qual os índios se pintam. A professora ensina que, no início, urucum e jenipapo eram usados para proteger a pele do sol e dos insetos. E acrescenta que eles também se pintam para discriminar tribo, indicar se a pessoa é casada ou solteira e para guerrear. "Agora eles têm uma outra visão do índio", conclui a professora.
É em casa que se aprende a economizar água e energia
Fazendo jus ao nome do projeto que criou - Comece Economizando na Escola e Continue em Casa -, o professor Marco Antonio Marcena de Aguiar, da Emeief Tarsila do Amaral, no bairro Bangu, em Santo André, conseguiu reduzir a própria conta de energia elétrica em cerca de 30%. "Afinal, temos de ser exemplo", diz Marco, que teve a ideia do projeto motivado pelo interesse dos alunos do 4º ano A matutino em preservar o meio ambiente e economizar energia.
"Eles mesmos tomavam a iniciativa de avisar sobre luzes acessas desnecessariamente ou torneiras abertas por muito tempo", afirma o professor, que enxergou nesse interesse natural das crianças oportunidade para discutir o tema mais profundamente. Como consequência, uma série de atividades que contaram inclusive com a participação dos pais, gerando resultados práticos, como a diminuição das contas de energia.
"Apesar de termos registrado o aumento de muitas contas durante os meses mais frios, como julho e agosto, observamos redução média do consumo em 10%", diz Marco. Preocupado com tudo que é relacionado ao meio ambiente, o aluno Gabriel de Oliveira Nascimento, 9 anos, lembra que na casa dele o valor da conta de energia elétrica girava em torno de R$ 195. "Mas caiu mais ou menos para R$ 180", diz. Ele mesmo reconhece que só não diminuiu mais porque não consegue demorar menos no banho. "Apago sempre a luz e desligo a TV quando não estou vendo, mas no frio eu demoro um pouco no banho mesmo", conta.
Já a aluna Gabriela Rodrigues Braz, 9 anos, não vê nenhuma necessidade de uma chuveirada por mais de cinco minutos. "Não podemos desperdiçar água nem gastar energia de jeito nenhum", ressalta a menina. A colega Carmem Beatriz Santana Borges, também 9 anos, concorda, e lembra que é importante ainda desligar a torneira na hora de passar xampu e sabonete.
Mas o banho realmente ainda é o principal entrave para redução de gastos. "Fizemos um gráfico para analisar o consumo e discutir sobre as formas de economizar, mas o tempo debaixo do chuveiro ainda é muito", salienta Marco. Para abrir esse e outros assuntos para toda a escola, para os pais, familiares e a comunidade em geral, Marco e os alunos criaram um blog onde o visitante fica sabendo das atividades da turma, como a participação no Carnaval e Meio Ambiente, o filme que assistiram em sala, Está chovendo hambúrguer, e que trata da questão do consumo exagerado, entre as demais ações. O endereço é turmadotarsila2011.wordpress.com.
"Esse é um projeto maravilhoso, principalmente por integrar toda a escola", afirma a assistente pedagógica, Rosane Holland Maia. Integração que ultrapassa os limites da escola. Isso porque para discutir o assunto, os alunos também foram conhecer os projetos de cuidados e preservação do meio ambiente de instituições e empresas como Semasa, Eletropaulo, Sabina Escola Parque do Conhecimento, Parque Escola e Rhodia Química.
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