A organização Ekin, grupo banido pelo governo espanhol de apoio aos separatistas bascos do ETA, decidiu se desfazer, afirmou o jornal Gara, do País Basco, ontem (1º).
Formado em 1999, o Ekin supostamente age como organizador do ETA, agitando protestos nas ruas e divulgando a mensagem dos militantes. Ele foi banido em 2001, mas continuou suas atividades, e muitos de seus líderes foram presos nos últimos anos.
“A decisão [de desbandar] foi tomada com calma. O desafio que enfrenta a Euskal Herria (a região basca) é grande, mas há desafios ainda maiores à frente”, afirmaram dois líderes do Ekin ao jornal, que é tradicionalmente usado pelo ETA para transmitir suas mensagens.
O anúncio do Ekin aconteceu menos de dois meses antes das eleições gerais da Espanha, marcadas para 20 de novembro, e foi bem recebida pelo governo socialista como mais um prego fincado ao caixão do ETA. “Esse é mais um passo rumo ao fim do grupo terrorista ETA. Não é o passo final, porque o passo final, o que todos queremos, é que o ETA finalmente se desarme totalmente”, afirmou o porta-voz do governo, Jose Blanco, a repórteres.
Segundo o jornal, a decisão do Ekin de se desfazer foi tomada na semana passada, depois de um profundo debate que teve início na primavera europeia, em junho.
Uma das tarefas do grupo era organizar o Gudari Eguna, um evento em homenagem a membros do ETA que morreram.
Meio século de separatismo
O ETA já matou 850 pessoas em meio século de luta armada. O grupo afirma agir em defesa de um Estado independente no norte da Espanha e sudeste da França, mas declarou um cessar-fogo permanente em 10 de janeiro.
O governo rejeito a oferta porque ela não foi seguida do desarmamento total, e porque o grupo já descumpriu promessas anteriores.
Em maio, o Bildu, um grupo político ligado ao ETA, ganhou o controle de prefeituras no País Basco. Há sugestões de que ele trabalha pela paz, mas o grupo não pediu o fim do ETA.
Em um anúncio separado divulgado pela edição online do jornal Gara neste sábado, e que será publicado na edição impressa de domingo, o ETA afirmou que vai colaborar com a Comissão Internacional de Verificação (CIV), criada na semana passada para monitorar o cessar-fogo no País Basco.
"Assumimos o compromisso de colaborar com a Comissão Internacional de Verificação”, afirmou o ETA.
O grupo descreveu a decisão como um “passo importante” rumo à resolução do conflito. O ETA afirmou, em março, que estava preparado para se submeter a uma verificação informal de cessar-fogo depois que o governo rejeitou a criação de um mecanismo oficial com esse propósito, a não ser que os separatistas aceitassem se desfazer de todas as armas.
A comissão é formada por seis membros representando a África do Sul, o Sri Lanka, a Índia, a Holanda e a Grã Bretanha, e foi proposta pelo advogado sul-africano e mediador internacional Brian Currin.
foto:lalibertadylaley.wordpress.com
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