Desembargador Eduardo Cauduro Padim |
O Congresso está analisando projetos que podem trazer mudanças profundas no andamento de processos na Justiça. São três reformas: a do Código Eleitoral; do Processo Civil e do Código de Processo Penal. Todas com o objetivo de atualizar a legislação e tornar a sua aplicação mais eficiente.
Desembargador José Roberto dos Santos Bedaque |
Em 9 de setembro a comissão especial que analisa a reforma do Código de Processo Civil realizou audiência pública em São Paulo. A ideia é recolher sugestões e críticas da sociedade civil. Esse foi o terceiro encontro de uma série de oito que os parlamentares vão fazer em várias capitais do País. Uma ação que venho acompanhando muito de perto como cidadã e consultora jurídica. Participei desta audiência pública e não poderia deixar de registrar meus agradecimentos especiais ao senador Valter Pereira e aos desdmbargadores José Roberto dos Santos Bedaque e Eduardo Cauduro Padim que participam desta árdua tarefa e de um momento histórico fundamental para o País. Agradeço pelo reconhecimento da minha humilde contribuição ao ato e pelos convites que recebi para participar das ações no Senado visando a reforma do Código de Processo Civil. Certamente continuarei empenhando minhas forças nesta batalha.
Abaixo a entrevista concedida à Agência Senado pelo senador Valter Pereira:
Valter Pereira explica mudanças no CPC em seminário de estudos jurídicos
Senador Valter Pereira |
A realização de um evento internacional sobre direito processual num período no qual o Brasil discute seu novo Código de Processo Civil (CPC) sinaliza que a agilidade nos processos judiciais não é uma demanda exclusiva da sociedade brasileira, mas da comunidade internacional. A avaliação partiu do senador Valter Pereira (PMDB-MS), relator do projeto de lei do novo Código de Processo Civil (CPC), o (PLS 166/10) em entrevista à Agência Senado.
O senador apresentou nesta sexta-feira (24) a palestra "Proposta para o novo Código de Processo Civil" na 7ª edição do Seminário Ítalo-Ibero-Brasileiro de Estudos Jurídicos, realizado no auditório do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O tema do encontro deste ano é "Novos Rumos do Direito Processual".
- Quando se discute as experiências de outras nações, temos todas as condições de aprender mais e trocar conhecimentos - avaliou.
Para o senador, a cidadania só pode ser exercida se houver efetivamente o funcionamento de mecanismos que assegurem a igualdade das pessoas e o respeito aos direitos de cada um.
Durante a apresentação, Valter enfatizou que, pela primeira vez, projeto de uma lei infraconstitucional (ou seja, uma lei que não esteja incluída na Constituição) é submetido à avaliação de quem será afetado por ela, no caso, os operadores do Direito.
- Estamos diante de uma discussão da principal lei instrumental do Direito brasileiro. As mudanças no Código de Processo Civil (CPC) vão alterar o paradigma dos processos no país - analisou.
Audiências Públicas
Valter Pereira destacou a eficácia das audiências públicas nas quais foram acolhidas sugestões para a elaboração do relatório sobre o CPC, previsto para ser votado ainda neste ano.
- Hoje, já temos os subsídios necessários para elaboração do relatório, mas vamos ouvir as questões debatidas no evento e compará-las com o que temos recebido de sugestões Brasil afora para, eventualmente, aproveitar algo que esteja ainda omisso no código.
De acordo com o senador, a comissão do Senado designada para elaborar o código já recebeu mais de 500 sugestões por e-mail, além das contribuições de instituições da área jurídica e dos operadores do Direito.
Pontos polêmicos
Segundo Valter, o projeto do novo CPC tem como principal objetivo dar celeridade aos processos civis e contribuir para a solução eficaz dos problemas da sociedade.
- Não existe algo mais recorrente dentre as queixas que recebemos sobre o processo civil do que a morosidade da resposta judicial. Há vários motivos para isso, mas o principal é a redação atual que permite uma série de recursos.
No período de realização das audiências foram detectados alguns pontos polêmicos que precisam ser avaliados, como o artigo 314 do projeto. Ele prevê a possibilidade de alterar o pedido e a causa de pedir (fundamento) até a sentença. Atualmente, esse ato requer uma nova citação do réu.
O valor dos honorários em causas contra a Fazenda Pública também recebeu críticas. Os percentuais de 5% a 10% previstos sobre a condenação foram contestados.
- Há quem argumente que as demandas contra o poder público alcançariam valores estratosféricos - explicou Valter Pereira.
Outra questão em debate e sem consenso é a criação de mecanismos de mediação para reduzir a litigiosidade dos processos, contida no artigo 137. O projeto determina a exigência de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) como condição para atuar como mediador.
- Foi demonstrado que são necessários outros atributos para além do saber do Direito no funcionamento da mediação de conflitos. Para intermediar e achar uma solução amigável, é necessário uma avaliação mais subjetiva, que pode ser feita por psicólogos ou assistentes sociais, por exemplo. Vamos avaliar objetivamente todas as experiências e modelos que têm dado resultado - concluiu.Da Redação / Agência Senado