29/11/2011

Rio Grande do Sul tem maior índice de casos de Aids por habitante do País

Os dados divulgados ontem pelo Ministério da Saúde sobre a situação da Aids no Brasil reforçam o desafio que o governo do Estado e a prefeitura de Porto Alegre têm pela frente no combate à doença. De acordo com a versão preliminar do Boletim Epidemiológico Aids/DST 2011, o Rio Grande do Sul é o estado e Porto Alegre é a capital com o maior índice de casos de Aids no Brasil. O boletim contém informações concluídas sobre o ano de 2010.

O Estado lidera o ranking de incidência do vírus por 100 mil habitantes, com 27,7 casos. Em segundo lugar, está Roraima, com 26 casos. Santa Catarina é o terceiro, com 23,5. Já Porto Alegre lidera o ranking das capitais com muito mais folga em relação ao segundo colocado. A capital gaúcha apresenta 99,8 casos a cada 100 mil pessoas. Em segundo lugar está Florianópolis, com 57,9 casos a cada 100 mil habitantes, e em terceiro está Manaus, com 50,9/100 mil. No total, entre as dez cidades com maior incidência no País, cinco são gaúchas. 
Porto Alegre, que havia apresentado uma queda de 2008 para 2009 (passou de 106,7 para 98,5 por 100 mil), teve um aumento no índice em 2010. Já no Estado o índice vem caindo desde 2008, quando era de 29,8 (em 2009 foi de 28,2 casos a cada 100 mil pessoas).

"Esses números são um desafio para qualquer gestor público da área de saúde. E é um desafio para a sociedade também. O gestor não conseguirá reverter essa dura realidade sozinho", afirma Gerson Winkler, coordenador da área técnica de DST/Aids da Secretaria Municipal de Saúde da Capital. Winkler acredita que o sistema de saúde tem de ser melhorado, principalmente nas questões relacionadas à informação e ao diagnóstico. Conforme ele, os números muito menores das outras capitais podem se dar em razão de problemas na notificação de casos, mas isso não justifica os índices de Porto Alegre. "Nossa boa notificação não é a causa da nossa incidência, que é muito alta. Temos de encarar isso como uma realidade", enfatiza.

Um dos problemas constatados pela secretaria está na diminuição do uso de preservativos. "Temos um relaxamento na prevenção. Há uma queda na procura por preservativos nos postos de saúde", observa o coordenador da área na Capital.

O coordenador da seção de DST/Aids da Secretaria Estadual de Saúde, Ricardo Charão, diz que os dados de ontem não trazem novidades. "Há cinco anos o Rio Grande do Sul está entre os dois com mais incidência. Temos tido, nos últimos quatro ou cinco anos, cerca de 3,5 mil novos casos por ano no Estado", observa.

Conforme ele, a epidemia no Estado está "altamente concentrada" na Região Metropolitana da Capital. Os eixos metropolitanos de Caxias do Sul, Pelotas e Rio Grande também são alvo do foco da secretaria. "Entendemos que é necessário ampliarmos as ações de educação para a saúde e de acesso ao diagnóstico. É preciso investimento nessas áreas", diz.

Charão confirma que há diminuição na busca por preservativos no sistema público e destaca que não há falta da proteção nos postos. "A pessoa pode pegar a quantidade que quiser, sem se identificar", garante. A secretaria estadual lançará uma campanha publicitária na quinta-feira, Dia Mundial de Combate à Aids, destacando cinco pontos relativos à importância do diagnóstico precoce: o exame de HIV é sigiloso; é gratuito; está disponível na rede pública; não necessita de requisição médica; e as pessoas devem ir buscar os resultados.

O Ministério da Saúde considera que a epidemia de Aids está estabilizada no Brasil. Conforme a pasta, a prevalência (estimativa de pessoas infectadas pelo HIV) da doença permanece estável em 0,6% da população, enquanto a incidência (novos casos notificados) teve leve redução de 18,8 por 100 mil habitantes em 2009 para 17,9 em 2010.


"Estamos investindo na expansão da testagem rápida para garantir o diagnóstico o mais breve possível. Quanto mais cedo o vírus é descoberto, mais cedo tem início o tratamento, proporcionando qualidade de vida para quem vive com a doença", diz o ministro Alexandre Padilha.

O ministério destaca a diminuição no número de novos casos em alguns grupos específicos. Entre os menores de cinco anos, casos relacionados à transmissão vertical, ou seja, da mãe para o bebê durante a gravidez, no parto ou pelo leite materno, a taxa de incidência caiu 41% de 1998 a 2010. Em relação à mortalidade, o boletim também sinaliza queda. Em 12 anos, baixou de 7,6 para 6,3 a cada 100 mil pessoas, uma redução de 17%.

Na população de 15 a 24 anos, entre 1980 e 2011, foram diagnosticados 66.698 casos, sendo 38.045 no sexo masculino (57%) e 28.648 no feminino (43%). O total equivale a 11% do total de casos de Aids notificados no Brasil desde o início da epidemia.



fonte:http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=79908
foto:unicap.br

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