30/04/2012

Itália recorre a patrocinadores para salvar tesouros culturais da crise econômica


Quadro do italiano Leonardo Da Vinci
Com o país atolado em dívidas, o orçamento cultural da Itália foi cortado nos últimos anos, o que é um problema para vários sítios históricos. Muitos políticos locais se voltaram para patrocínios corporativos para levantar o dinheiro para a manutenção necessária. A tendência atraiu críticas consideráveis.
Marco Zambuto tem uma imaginação ativa, um bem essencial hoje em dia. Ele não tem escolha. Ele pode vislumbrar, por exemplo, as antigas colunas do Vale dos Templos – um legado helênico de milênios na Sicília – impressas em camisetas. O lugar é um símbolo da Grécia antiga, o berço da Europa. E hoje em dia, espera Zambuto, ele oferece tanto um consolo quanto um incentivo para gastar nesses tempos de crise econômica em Atenas e Roma.
Zambuto é o prefeito da cidade de Agrigento na Sicília, e ele diz que o sítio arqueológico lá vale 2 bilhões de euros. Ele quer fazer sua parte para vender esse potencial. Com as eleições locais se aproximando em maio, Zambuto, 39, está em campanha, e sua ideia de leiloar os direitos do sítio, na esperança de atrair grandes investidores do mundo todo, tem um papel central em seus discursos de campanha. Só os melhores poderão assinar o contrato, ele promete. O dinheiro gerado pelo leilão, diz ele, será investido na manutenção urgentemente necessária dos templos.
"A Itália tem os maiores tesouros de herança cultural do mundo", diz Zambuto, "mas não estamos fazendo nada para mantê-los. É responsabilidade do governo, é claro, mas se o governo está quebrado, então a Versace pode certamente ser uma solução". Ou a Louis Vuitton. Desde que o investidor não seja um oligarca russo como Mikhail Prokhorov, o desafiante de Vladimir Putin nas eleições presidenciais russas em março, que expressou um interesse em comprar o Templo de Zeus – embora ninguém saiba porque ele quer isso. Isso, segundo Zambuto, seria ir longe demais. Vender a herança cultural da Itália está fora de questão, mas alugar os sítios para desfiles de moda ou festas certamente é uma opção, ele acrescentou. "Posso imaginar todo tipo de coisas", diz Zambuto com um sorriso, "desde que o dinheiro continue entrando".
Desde que Roma cortou radicalmente seu orçamento cultural e incumbiu os governos regionais de fazer seus próprios cortes significativos, províncias e cidades vêm fechando os rombos em seus orçamentos vendendo propriedades do governo, incluindo monastérios, quarteis e vilas etruscas, e transferindo os direitos de uso para investidores privados. Eles chamam isso de patrocínio cultural, uma área na qual a Itália está muito atrás do resto da Europa há muito tempo.

"Você pode comer cultura"

A cultura é o recurso natural da Itália, quase como o petróleo para o Oriente Médio. O país abriga 44 Patrimônios Mundiais da Unesco, cerca de 5 mil museus e 60 mil sítios arqueológicos, mais do que qualquer outro país do mundo. Mas os tesouros da Itália não estão sendo cuidados. Durante o governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, o orçamento cultural encolheu em um terço dentro de três anos. Seu ministro das finanças defendia os cortes dizendo: "Não sei porque tanto alarde. Afinal, você não pode comer cultura."
Hoje só 1,4 bilhão de euros é destinado à cultura – menos de 0,2% do orçamento nacional. O autor Umberto Eco chama isso de "anorexia da cultura". Tem sido a realidade italiana há anos, e agora o primeiro-ministro Mario Monti está tentando limitar os danos.
Em Roma, Diego Della Valle, 58, foi considerado um pioneiro no patrocínio, mas hoje sua iniciativa privada ameaça fracassar diante da burocracia e da soberania em questões de preservação da herança cultural. No ano passado, Valle, dono da companhia de sapatos Tod, foi escolhido entre outros interessados, incluindo a companhia aérea Ryanair e construtoras, e recebeu os direitos exclusivos para o uso visual do Coliseu em Roma. Em troca, ele prometeu gastar 25 milhões de euros numa reforma completa da estrutura de 2 mil anos de idade, incluindo a construção de um centro de visitantes. O prefeito de Roma Giovanni Alemanno vibrou.
Mas então o sindicato que representava os trabalhadores da cultura entrou na justiça porque acredita que o processo é ilegal. O trabalho de reforma foi agendado novamente para março, mas nada aconteceu. E no início deste mês, quando o papa Bento 16 realizou a tradicional procissão de Sexta-Feira Santa no Coliseu, um holofote iluminou mais uma vez as péssimas condições da estrutura, com seu cimento se desfazendo e a fachada escurecida, resultado de ser cercado pelas ruas de tráfego intenso no meio de Roma.

Protestando contra a Benetton

Veneza tem sido uma espécie de pioneira no que diz respeito ao patrocínio cultural. Companhias do setor de bens de luxo esperam usar a cidade para melhorar suas imagens, e a marca de moda Diesel está pagando pela restauração da Ponte de Rialto. O Palácio de Doge e a Ponte dos Suspiros estão embrulhados o ano todo com painéis gigantes cobertos com propaganda de bancos e grifes de moda, como Bulgari e Guess. A cidade está satisfeita com o fato de que o fabricante de bens de luxo francês e colecionador de artes François Pinault construiu seu próprio museu e que Miuccia Prada está exibindo sua coleção em seu palácio no Canal Grande. Veneza tem uma dívida de 400 milhões de euros, e a maior parte de seus subsídios de Roma estão atrelados ao projeto de barragem MOSE, que custará pelo menos 5 bilhões de euros e tem como objetivo proteger a cidade das enchentes.
Mas os venezianos começaram a protestar quando o Benetton Group adquiriu um prédio de estação de trem e teve sua oferta aprovada para transformar a Fondaco dei Tedesci, a antiga missão de comércio para mercadores alemães como a família Fugger, num shopping center gigante projetado pelo arquiteto Rem Koolhaas. Agora iniciativas dos cidadãos estão criticando a comercialização da herança cultural pública e querem evitar que a cidade se transforme numa versão comercializada de si mesma.
A liquidação da cultura e a tentativa simultânea de preservar os sítios históricos do país são os dois polos da discussão. O conflito é especialmente evidente no tratamento de Pompeia e Herculaneum, as duas cidades antigas que foram destruídas durante uma erupção do monte Vesúvio em 24 de agosto do ano 79 A.C..
Desde o colapso financeiro dos últimos dois anos, Pompeia se tornou o símbolo de um país decadente, culturalmente falido e paralisado por gladiadores políticos cujas limousines oficiais supostamente custam o dobro do orçamento cultural do país. Três milhões de turistas visitam os sítios a cada ano, pagando uma taxa de entrada de 11 euros por pessoa, um rendimento que se soma aos subsídios de Roma. Mas os superintendentes que mudam constantemente gastaram o dinheiro em shows elaborados, além de 6 milhões de euros na restauração do Grande Teatro.

Velho tapete vermelho

Um tapete vermelho, gasto pelo uso, que foi desenrolado para uma visita de Berlusconi ainda está estendido no caminho para a vila de Marcus Lucretius, o mais poderoso credor da cidade. Há alguns anos, Berlusconi declarou um estado de emergência em Pompeia, porque a cidade estava controlada por cachorros de rua e por uma máfia de guias turísticos, e apenas uma parte das casas ainda podia ser visitada. Mas ele nunca apareceu, nem mesmo quando a famosa escola de gladiadores desabou no final de 2010, um incidente que o presidente Giorgio Napolitano chamou de "uma desgraça para a Itália".
Mas na cidade irmã de Pompeia, Herculaneum, o americano David Woodley Packard, filho do fundador da Hewlett-Packard, está garantindo que 30 funcionários de conservação trabalhem para preservar o antigo município, e hoje há mais dinheiro disponível para pesquisa e novas escavações. O Projeto de Conservação de Herculaneum, junto com a British School em Roma, já investiu 15 milhões de euros, e não há nenhum painel de publicidade à vista.
Já existem cerca de 20 mil iniciativas privadas desse tipo na Itália, em que os cidadãos estão estabelecendo museus da herança cultural local e pagando pela preservação de sítios históricos. Em Roma, um grupo de cidadãos engajados chegou a ocupar o Teatro Valle, que agora estão administrando. Todos eles se beneficiam do fato de que o governo está muito fraco.
Salvatore Settis já foi presidente do Conselho de Herança Nacional da Itália até renunciar em protesto contra as políticas de Berlusconi. Ele também sabe que os patronos da cultura serão indispensáveis a partir de agora. Os tempos em que a Itália se recusava, por orgulho nacional, a permitir que uma companhia japonesa contribuísse com 12 milhões de euros para estabilizar a Torre de Pisa já se foram faz tempo, diz Settis. "Hoje estamos andando por aí com um chapéu na mão e implorando por sobras. Enquanto isso, estamos lidando com prefeitos que não entendem nada de antiguidade, em vez disso tratam esses patrimônios como se fossem carros clássicos ou propriedades chiques nos melhores lugares, para serem liquidadas por quem der o maior lance."
Agora que o país precisa ser salvo da falência, a cultura se tornou irrelevante. Pelo menos a Comissão Europeia resolveu contribuir com 42 milhões para a preservação de Pompeia. Mais um fundo de resgate.

Reportagem de Fiona Ehlers para o jornal alemão Der Spiegel
Tradutor: Eloise De Vylder

foto:manifesto-surrealista.blogspot.com

Chile perde prazo para tirar 200 mil minas explosivas e expõe drama silencioso na América Latina

Peru, Colômbia, Argentina, Equador, Bolívia, El Salvador e Honduras também possuem minas plantadas no território.


O Estado chileno fracassou em cumprir a meta de retirar minas explosivas até 2012, estabelecida pelo Tratado de Ottawa, e pediu prazo de mais oito anos para limpar 183 campos minados no extremo norte, extremo sul e na região central do país. O esforço para extrair quase 200 mil destas munições letais, que espreitam silenciosamente por novas vítimas, terá de esperar até 2020. E o trabalho não será marcado pela cooperação com antigos rivais, como o Peru, cujo pedido de ajuda feito para limpar uma área de fronteira, onde as minas se moveram com as chuvas, foi negado pelo chanceler chileno, Alfredo Moreno.

"O que tínhamos de fazer já foi feito", disse Moreno em resposta ao questionamento feito pelo governo peruano sobre aproximadamente 150 minas colocadas na fronteira entre os dois países durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). É comum que tremores de terra, enxurradas e enchentes movam minas explosivas e munições não detonadas de um lugar para o outro, como na fronteira entre Chile e Peru.

Exemplo disso é o Laos, país mais minado do mundo, onde o Tufão Ketsana moveu, em outubro de 2009, 78 milhões de submunições do tipo cluster, lançadas pelos Estados Unidos sobre o país do sudeste asiático há mais de 50 anos, bagunçando todo o mapeamento de risco que existia até então.

Na América Latina, além do Chile e do Peru, também Colômbia, Argentina, Equador, Bolívia, El Salvador e Honduras possuem minas plantadas em maior ou menor quantidade e penam para livrar seus territórios de uma munição cujo custo de extração é alto e sua permanência, quase eterna. A Nicarágua, por exemplo, terminou oficialmente o trabalho de desminagem de todo seu território, mas um acidente registrado no ano passado mostrou o quanto o processo tem resultados incertos.

O governo do Chile se esforça para dar ares de empenho às operações de desminagem, apesar do atraso. Recentemente, o Ministério da Defesa lançou um hotsite sobre o tema e uniu personalidades e políticos para posar numa foto de gosto duvidoso, onde os retratados arregaçam a bainha das calças e mostram a perna, em alusão às vítimas que pisam em minas terrestres.

Parte do atraso chileno é justificado pela localização dos campos minados – normalmente locais de difícil acesso. Eles estão ou no deserto mais seco do mundo, há mais de quatro mil metros de altura, onde o calor e a incidência do sol tornam as operações quase impossíveis, ou em territórios isolados e gélidos, castigados por tempestades, fortes ventos e baixíssimas temperaturas, onde o trabalho só pode ser feito durante curtos períodos do ano.

Além de arriscado, o trabalho de desminagem é caro. "Trata-se de um dos trabalhos mais perigosos do mundo", disse o ministro da Defesa do Chile, Andrés Allamand. "Apesar das adversidades, estamos mantendo o avanço, em comparação com outros países da região."

Minas explosivas artesanais podem ser construídas com menos de um dólar. Elas são fáceis de se instalar e oferecem a vantagem militar de impedir o movimento de inimigos por uma grande extensão de terra. Apesar disso, são consideradas por Forças Armadas profissionais um artifício rudimentar e impreciso.

Frequentemente, campos minados impedem manobras das próprias forças que as instalaram, dependendo da própria dinâmica do conflito. Além disso, mesmo em caso de "vitória" militar, o país infestado terá de conviver com terrenos tomados por explosivos, que inviabilizam a exploração agrícola e comercial, além de encarecer os deslocamentos, obrigando a construção de rotas alternativas.

Mas as minas são proibidas antes de tudo porque são consideradas incapazes de distinguir seus alvos. Ou seja, provocam danos tanto a uma criança quanto a um combatente inimigo, indistintamente, sem fazer mira. Além disso, continuam matando civis mesmo muitos anos depois de terminado o conflito.


A ONG Landmine Action estima que a cada dia 40 pessoas são feridas ou morrem por minas antipessoal ou resíduos explosivos de guerra no mundo.

Motivos para demora

O geógrafo chileno Elir Rojas Calderón - um dos maiores especialistas em minas e resíduos explosivos de guerra, convidado frequentemente para debater o assunto no Senado, na Presidência chilena - diz que as limitações climáticas impostas ao trabalho de desminagem no Chile justificam a demora e a perda do prazo inicial, como determinava o Tratado de Ottawa. 

Ele aponta, entretanto, outros problemas complexos, como o fato de as operações de desminagem serem 100% conduzidas pelos militares. "Aqui, não se incluíram ações civis e humanitárias, como a educação sobre o risco que as minas representam e a assistência integral às vítimas", disse Calderón, de Santiago do Chile, ao Opera Mundi.

"O Exército recebe cinco milhões de dólares para as operações de desminagem. Mas isso deve mudar. A desminagem pode ser feita por empresas e por ONGs. Venho dizendo isso há vários anos."

Outra fonte chilena, próxima aos militares, foi ainda mais incisiva, depois de pedir anonimato: "Recebendo tanto dinheiro para fazer uma operação como essa, quem vai querer ser rápido? Para os militares, esse assunto está longe de ser uma prioridade. Tudo tem sido feito com uma lentidão absoluta".

Além do dinheiro, as forças chilenas receberam recentemente o reforço de uma lista de equipamentos com tecnologia de ponta para usar na desminagem. A operação, de cunho absolutamente humanitário, também ajuda a limpar a imagem das Forças Armadas do Chile, evidentemente envolvidas nas operações de plantar minas pelo próprio território, seja durante a ditadura militar, liderada pelo general Augusto Pinochet (1973-1990), como forma de combater movimentos armados internos, seja durante as tensões no Canal de Beagle, na zona austral, que quase desembocou num conflito armado internacional com a Argentina, em 1978. 



Reportagem de João Paulo Charleaux
foto:papodehomem.com.br

Lei permite ir para banco com juro menor, é a portabilidade de crédito


Opção favorece o cliente com dívidas em taxas maiores que as oferecidas por outras instituições.



O consumidor endividado pode ser beneficiado com a portabilidade do crédito e trocar de uma instituição financeira por outra que ofereça prazos maiores e juros menores. Pouca gente conhece a operação que dá a oportunidade ao cliente que fez uma dívida com determinada taxa de juros transferir, de forma gratuita, o crédito para outra com oferta mais interessante. O alerta é da ProTeste, associação nacional de defesa do consumidor.
"A portabilidade bancária também é vantajosa porque não permite que os bancos cobrem tributação diferenciada, tarifa de transferência ou de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), exceto quando um valor maior for liberado como empréstimo", orienta a coordenadora institucional Maria Inês Dulci.
Com a decisão do governo de baixar os juros nos bancos oficiais e com a consequente adesão de outras instituições privadas o consumidor deve ficar ainda mais atento. A portabilidade de crédito vigora no Brasil deste 2006, por meio de resolução do Banco Central.
Antes de mudar de banco é preciso ficar atento para ver se a instituição que oferece a melhor taxa de juros não pode incluir serviço ou tarifa. Depois de pesquisa nas instituições financeiras, o banco que o cliente escolher vai liquidar a operação e transferir os recursos, passando a vigorar as condições contratuais e taxas da segunda instituição (a que o cliente escolher).
"A quitação do débito com o banco do qual pretende transferir a dívida deve ser feita pelo banco para onde o cliente está levando e não pelo cliente", reforça Maria Inês.
Saiba o que fazer antes de pedir a portabilidade 
Antes de se decidir pela portabilidade, a ProTeste, associação nacional de defesa do consumidor, informa que é preciso solicitar o cálculo do custo efetivo total (CET) detalhado da operação, com o valor do principal, a taxa de juros, número de parcelas e o valor final.
Se o número de parcelas aumentar no financiamento com o novo banco  credor pode ser que a portabilidade não seja vantajosa. Se tiver alguma dificuldade para portar o seu crédito, seja de financiamento de carro, crédito pessoal, o consumidor deve buscar orientação do Banco Central pelo telefone 0800 979-2345.

Reportagem de Luciene Garcia
foto:radardanet.com

Brasil aguarda resposta da Bolívia quanto a denúncias de maus-tratos


O Ministério das Relações Exteriores disse no último sábado que aguarda resposta do governo boliviano quanto a denúncias de maus-tratos, invasão de casas, mortes de gados e expulsões ocorridas contra brasileiros por militares da Bolívia na fronteira com o Brasil.
Segundo a Agência Brasil, os abusos e violações teriam ocorrido na última quarta-feira.
Um dia depois, o Brasil enviou representantes do governo federal, da Polícia Federal e do governo do Acre até a cidade de Capixaba, a 77 quilômetros ao sul de Rio Branco.

Na sexta-feira, o encarregado de negócios da Embaixada do Brasil em La Paz, Eduardo Sabóia, foi recebido na Chancelaria boliviana, e o secretário-geral das Relações Exteriores, Ruy Nogueira, conversou com o vice-ministro de Relações Exteriores boliviano.

Em meio à crise, o Itamaraty disse que aguardará um pronunciamento oficial do governo de Evo Morales.
O governo do Acre manifesta preocupação recorrente com a segurança aos brasileiros na fronteira com a Bolívia.
De acordo com a Agência Brasil o problema é antigo e foi detectado há cerca de quarto anos.
Uma das origens da crise é uma lei da Bolívia que estabelece que estrangeiros não podem ser proprietários de terras em uma faixa de 50 km da fronteira.
Para tentar sanar o problema, um acordo entre os dois países foi fimado para colocar em prática de forma pacífica a retirada de brasileiros do território.
Violência
Ainda no final de março o governo de Evo Morales decidiu enviar mais de 3,2 mil militares às ruas de diversas cidades do país em uma tentativa de conter o aumento da violência.
A medida foi tomada após moradores da cidade andina de El Alto protestaram contra a insegurança.
A motivação do protesto foi o assasssinato de dois jornalistas, estrangulados em um ônibus quando se dirigiam ao trabalho.
Na época, o presidente boliviano reconheceu que a polícia não é suficiente para combater o crescente número de crimes nas ruas.
Segundo o correspondente da BBC na Bolívia, Mattia Cabitza, em El Alto e na principal cidade boliviana, La Paz, as patrulhas policiais são escassas.
Além disso, os policiais costumam ser mal pagos e frequentemente são envolvidos em acusações de corrupção.
A situação de segurança nessas cidades será reavaliada após 90 dias.
Críticos da medida, no entanto, afirmam que colocar militares não ruas não irá resolver o aumento da violência, que deveria ser enfrentado com medidas para reduzir a pobreza e o desemprego no país
foto:suldamerica.wordpress.com

Desempregados no mundo em 2012 serão mais de 202 mi

Infelizmente começo a postagem de hoje, véspera do Dia do Trabalho, com uma notícia nem um pouco animadora.



relatório anual sobre emprego no mundo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) concluiu que o  número de postos de trabalho nos Estados Unidos e na União Europeia está abaixo dos níveis desde 2008 - quando eclodiu a crise. As empresas, no entanto, conseguiram se recuperar. De acordo com o documento, os EUA precisam criar cerca de 4 milhões de empregos para voltar aos níveis pré-crise, o que não considera que o número de pessoas que buscam trabalho cresce aproximadamente 1,5 milhão por ano.
Na Europa, o desemprego disparou desde 2010. Apenas 10 dos 27 países membros da União Europeia reduziram seus indicadores, de acordo com a OIT. Na Espanha, por exemplo, cerca de 25% da população economicamente ativa está desempregada, e o número cresce para 50% entre os jovens. O estudo indicou que os jovens de 15 a 24 anos sofre com o dobro de desemprego em relação a outras faixas etárias.
Sobre a precariedade das condições de trabalho, a OIT informou que existem 42 milhões de trabalhadores de meio período na EU, dos quais pelo menos 20% gostariam de trabalhar mais horas por semana. Esse cenário revela um aumento do risco de pobreza e de contestação social em 17 dos 24 países da EU avaliados pelo relatório.
Contraditoriamente, a OIT demonstrou que os lucros das empresas nos EUA retornaram aos patamares anteriores à crise porque tornaram sua produção mais eficiente por meio da redução dos custos.

foto:stimsalto.org.br

29/04/2012

A adolescência hoje dura mais; e isso traz riscos


Educação prolongada adia início da vida adulta, o que aumenta a janela de risco relacionada à juventude. Maior causa de mortes na faixa de 10 a 24 anos são os ferimentos.


Nunca houve tantos adolescentes no mundo. As pessoas entre 10 e 24 anos já são 1,8 bilhão em todo o planeta — mais de um quarto da população mundial. Agora, uma pesquisa publicada esta semana pelo periódico médico The Lancet mostra que essa faixa etária, a despeito da melhoria de acesso aos serviços de saúde, corre riscos antes quase que exclusivos de adultos. Eles estão expostos a riscos como o abuso de álcool e drogas, além de ferimentos fatais causados por acidentes de carro e pela violência. Como os jovens demoram cada vez mais para terminar a educação e se casar, o período em que ficam expostos a esses perigos é cada vez maior. 
O estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade de Melbourne, na Austrália, chama atenção para aspectos preocupantes da saúde dessa geração de adolescentes. Eles crescerão em um mundo alterado pela mídia digital, industrialização, globalização e urbanização, e terão menos influência dos pais e da comunidade, o que pode acarretar menos suporte social para lidar com seus problemas. Seu desenvolvimento poderá seguir um caminho diferente do percorrido pelas gerações anteriores, e eles enfrentarão desafios inéditos no campo da saúde.
Brasil, exemplo negativo - Os pesquisadores mostram que programas para aumentar a saúde de mães, recém-nascidos e crianças tiveram um grande efeito nas últimas décadas, aumentando o número de bebês saudáveis e causando um aumento na população de adolescentes. No entanto, esses programas deixam de existir conforme o paciente atinge a puberdade. O que é muito preocupante, porque o impacto de comportamentos que têm início nessa época pode afetar toda a vida do indivíduo. Os cientistas apontam que o uso de tabaco e álcool, a obesidade e a inatividade física costumam começar nessa fase da vida e podem resultar, no futuro, em câncer, diabetes e doenças do coração e pulmão. 
Por causa desses programas governamentais, a mortalidade de crianças com menos de 5 anos caiu 80% nos últimos 50 anos. No entanto, a mesma queda não foi notada entre os adolescentes. Os cientistas citam o Brasil como exemplo extremo dessa tendência. No país, morrem mais adolescentes por conta da violência do que crianças por causa de doenças infecciosas. No mundo todo, a maior causa de mortes nessa faixa etária são os ferimentos, que podem ser causados por acidentes de carro, violência ou até suicídio. Eles são responsáveis por 40% dos óbitos entre pessoas de 10 a 24 anos de idade, enquanto causam 10% no resto da população. A maior causa de anos de vida potencialmente perdidos em adolescentes é o uso de álcool (7%), seguido pelo sexo inseguro (4%). A mortalidade de jovens varia de país para país, mas é geralmente 4 vezes maior em regiões pobres. 
Infecções por HIV - O estudo ainda diz que a saúde sexual e reprodutiva foi a única área em que os adolescentes foram foco de atenção. Mesmo assim, todos os anos acontecem mais de um milhão de infecções por HIV nessa população, o que mostra que mesmo essa atenção foi insuficiente. Segundo os pesquisadores, a maior parte dessas mortes e incapacitações é passível de prevenção, e justifica uma ação mundial voltada à saúde nessa faixa etária. 
Por fim, eles mostram como as mudanças culturais aumentam o tempo da adolescência e, por consequência, os riscos a que essa população está exposta. Apesar do que diz a lei, a idade de 18 anos – ou mesmo 21 - não significa mais o início da vida adulta. Há menos de 50 anos, pessoas com essa idade estariam se casando e formando famílias, mas hoje essas atividades são adiadas, em troca de período maior gasto com a educação. A conclusão dos pesquisadores foi que essa mudança fez com que a janela de risco associada à adolescência também aumentasse. Por isso mesmo, eles propõem uma agenda internacional voltada à saúde desses jovens, o que apontam como essencial para que programas mais gerais de saúde também funcionem. 


Reportagem de Guilherme Rosa

foto:mesadeanateresa.blogspot.com

Universidades do estado de São Paulo descartam cotas


Instituições defendem a prevalência do mérito na seleção e informam que já possuem ações de inclusão, sem, no entanto, reservar vagas.


Mesmo após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir pela legalidade das cotas raciais, a Universidade de São Paulo (USP) não pretende adotar o sistema. Em 2009, quando assumiu a reitoria da USP, João Grandino Rodas afirmou que as cotas seriam "discutidas" no Conselho Universitário, mas o assunto só foi abordado de forma marginal durante debate para reforma do programa de inclusão de alunos de escolas públicas na instituição.
Outras instituições estaduais também prometem não aderir ao programa que reserva vagas para estudantes negros ou pobres. É o caso das universidades estaduais Paulista (Unesp) e de Campinas (Unicamp). Todas as três - USP, Unesp e Unicamp - defendem a prevalência do mérito na seleção e informam que já possuem ações de inclusão, sem, no entanto, reservar vagas.
A ONG Educafro afirmou que vai entrar com uma ação na Justiça contra as três instituições para que o sistema seja adotado. O processo deverá ser protocolado até o dia 11 de maio.
A USP não informou a quantidade de negros matriculados. A universidade mantém o Programa de Inclusão Social (Inclusp), que dá bônus no vestibular a estudantes da rede pública. Neste ano, 28% dos novos alunos vieram de escolas públicas. Apesar de não adotar reserva de vagas, a Unicamp é a única que tem benefício específico para pretos, pardos e indígenas. Eles chegam a receber 7% de bônus na nota, cerca de 2 pontos porcentuais a mais que alunos de escola pública - também beneficiados.
A Unesp também não soube informar a participação de negros entre os matriculados. A instituição foi a que mais incluiu alunos de escola pública: 41%.

foto:cenpah.blogspot.com

Na nova moda nos EUA, estilo em roupas para esconder armas


Fabricantes apostam em americanos adeptos do porte de arma e criam modelos que distam de trajes policiais e militares.


Woolrich, uma fabricante de roupas que completou 182 anos no mercado, descreve as suas novas calças chino como uma moda elegante e robusta, com um corte reto e um tecido que proporciona conforto e flexibilidade. Além disso, elas são ótimas para esconder uma arma.
A companhia adicionou um segundo bolso atrás do bolso frontal onde uma arma pode ser ocultada. Ou, para aqueles que preferem guardar sua arma em um coldre, ela pode ser guardada dentro do cós elástico. Os bolsos traseiros também são projetados para ajudar a guardar acessórios, como uma faca ou uma lanterna. As calças chinos, que custam US$ 65, não são necessariamente feitas para soldados, mas sim, de acordo com a empresa, para o proprietário de armas que queira andar na moda. 
E, nesse departamento, a Woolrich tem concorrência. Várias empresas estão seguindo o exemplo e fazendo roupas para pessoas que têm autorização para portar armas.Shawn Thompson, 35 anos, que trabalha em uma concessionária de automóveis no leste do Kentucky, comprou duas camisas no mês passado da nova linha da Woolrich. Ambas, ele escreveu em seu blog, são muito resistentes e possuem um design inovador.
"A maioria das roupas que usei no passado para esconder a minha arma me deixava com um visual muito desleixado e a minha namorada vivia reclamando da minha aparência", escreveu ele. "Eu não sou nenhum James Bond, mas essas camisas são bastante confortáveis."
A camisa tem uma fenda lateral quase imperceptível com velcro através do qual, ele disse que consegue pegar sua Colt 1911 do coldre que usa na cintura. Dependendo das circunstâncias, e de seu humor no dia, ele também consegue ocultar uma faca dobrável e, para a noite, uma lanterna em um par de calças chino da Woolrich que sua namorada comprou para ele.
Mudanças de estilo
Os portadores de armas escondidas dizem que as novas opções estão cada vez mais se distanciando dos trajes policiais e militares que costumavam ser sinônimo do estilo deste tipo de vestimenta, e que acabava sendo favorecido por muitos portadores de armas.
Os últimos estilos estão sendo chamados de "moda oculta". "O que nós tentamos fazer é criar uma coleção de roupas que faça com que o usuário possa ter um vestuário que faça parte de um estilo de vida elegante, mas ao mesmo tempo com algumas características que lhes permitam carregar consigo uma arma e sacá-la rapidamente", disse David Hagler, o vice- presidente da 5.11 Tactical, uma das maiores fabricantes de vestuário para soldados e policiais.
A empresa está aumentando sua linha de “moda oculta” com um colete à prova d'água no mesmo estilo de um colete padrão e moderno, vendido em qualquer loja tradicional, mas que possui bolsos estratégicos para guardar armas. Ele também inclui um compartimento escondido em frente para que o usuário possa parecer estar apenas aquecendo as mãos, quando na verdade está segurando uma arma em um coldre na sua cintura.
Especialistas em armas sugerem que existem muitos motivos para o crescimento do número de pessoas que estão aderindo a essa moda. Segundo eles, esse crescimento acontece em parte devido à mudança no clima político e econômico. Os proprietários de armas professam querer ter uma sensação maior de controle e as leis estaduais certamente fizeram toda a diferença para isso acontecer.
Depois de uma campanha realizada por defensores dos direitos de posse de armas, hoje 37 Estados possuem estatutos que os obrigam a fornecer licenças de porte de armas ocultas caso o candidato atenda aos requisitos legais, como não ser um criminoso. (Muitos outros Estados permitem o porte de armas de fogo ocultas sem autorização).
Por outro lado, em 1984, apenas oito Estados tinham tais estatutos e 15 deles sequer permitiam o porte de arma em geral, disse John Lott, um pesquisador da cultura de armas que ocupou cargos de ensino ou de pesquisa em várias universidades, incluindo a Universidade de Chicago. Atualmente, apenas o Estado de Illinois proíbe o porte de armas, mas o Poder Legislativo está considerando mudar isso.
Nem todo mundo que porta uma arma oculta é fã da nova moda. Howard Walter, 61 anos, vendedor da loja de armas Eastside Wade em Bellevue, Washington, disse que prefere levar a sua Colt – e um par de facas extra e duas revistas - em calças comuns.
"Elas pelo menos não chamam muito a atenção para minha arma", disse Walter, que trabalha há anos na loja Nordstrom. Mas no fundo, ele ressaltou, a coisa mais importante na escolha de uma roupa é optar por aquela que acomode bem a arma. "Eles devem se vestir de acordo com sua arma", repetiu o conselho que dá a seus clientes. "E não de acordo com a moda.”

Reportagem de Matt Richtel para o jornal americano The New York Times
foto:crystaltube.com