25/02/2017

Para recordar antigos Carnavais!!!




Richard Blair: “A sociedade evoluiu para o que George Orwell viu”

George Orwell

Em fevereiro de 1937, um jovem britânico na faixa dos 30 anos, idealista e desajeitado, chegava às trincheiras da frente de Aragão para defender a República Espanhola. Chamava-se Eric Arthur Blair, embora a história o recorde como George Orwell. Neste mês, 80 anos depois do começo daquela aventura, o inglês Richard Blair, único filho do escritor, um engenheiro agrícola aposentado de 72 anos, viajou a Huesca (Espanha) para participar da inauguração de uma grande exposição sobre seu pai. Em uma conversa com o EL PAÍS durante sua rápida passagem por Madri no regresso a Londres, Blair evocou a figura de Orwell e comentou a atualidade do seu legado e a onda de interesse em torno do seu último romance, 1984, transformado em best-seller mundial desde a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.
“É verdade que nas últimas semanas, com as referências nos Estados Unidos aos ‘fatos alternativos’ [mencionados por Kellyanne Conway, uma das principais assessoras do presidente], aumentou muito o interesse por seu livro. Mas meu pai nunca deixou de estar na moda.” Originalmente, 1984 não era uma profecia, e sim uma fábula sobre os totalitarismos nazista e stalinista. Mas, como observa Blair, alguns detalhes que no romance pareciam ficção científica há bastante tempo foram incorporados ao nosso cotidiano – caso das câmeras de segurança que vigiam quase todos os nossos movimentos, ou o conhecimento que algumas empresas têm sobre nós apenas pela forma como navegamos na Internet ou pelo uso que fazemos do nosso cartão de crédito. “A sociedade evoluiu para o que ele viu. O mundo se encaminhou para Orwell”, afirma.
Blair é o presidente da Orwell Society, organização sem fins lucrativos que se dedica a promover o debate de ideias e o conhecimento sobre a vida e obra do escritor, sob uma escrupulosa neutralidade em questões políticas. Talvez por isso, escolha muito bem suas palavras quando fala de Trump. “Acho que neste momento há muita tensão e compressão na Casa Branca. É verdade que Trump está atacando a imprensa, mas é um completo enigma, todos estão manobrando e aprendendo a conviver.” Naturalmente se alegra com o aumento das vendas dos livros de seu pai, inclusive porque é o herdeiro dos seus direitos autorais, (“que caducam em 2020”, comenta). Mas admite que é inquietante que esse efeito se deva aos paralelismos vistos pelo público entre a situação atual e a distopia que Orwell descreveu.
O escritor e sua mulher, Eileen, adotaram Richard em 1944. Dez meses depois, Eileen morreu durante uma cirurgia. Alguns amigos sugeriram ao escritor, tuberculoso, que devolvesse o menino, mas ele se recusou. A relação entre pai e filho se estreitou quando ambos se mudaram para a ilha de Jura, na Escócia. Um lugar mais saudável para conviver com a doença, e tão frio que, “se você se afastasse seis polegadas [15 centímetros] da chaminé, congelava”. Daqueles anos, Blair guarda a lembrança de um pai amoroso, que lhe fabricava brinquedos de madeira, com um peculiar senso de humor e nenhum dos escrúpulos da educação moderna. Certa vez, deixou o pequeno Richard, de três anos, dar uma tragada num cachimbo que ele havia enchido com o tabaco que juntava das bitucas do pai. O efeito, além de um tremendo ataque de vômito, foi que o menino ficou, temporariamente, vacinado contra o vício de fumar.
Foi em Jura que Orwell concluiu 1984. Durante o dia, escrevia em seu quarto e compartilhava os entardeceres com o menino. Uma de suas atividades favoritas era a pesca, em especial das lagostas que completavam uma dieta parca por causa do racionamento do pós-guerra. Na volta de um fim de semana de descanso no oeste da ilha, naufragaram e quase morreram afogados. Salvaram suas vidas, mas segundo Blair, o incidente agravou a saúde do seu pai. Seu amigo David Astor, dono do jornal The Observer, onde o escritor publicava, pediu permissão para importar dos EUA o antibiótico estreptomicina, então recém-descoberto. Mas Orwell desenvolveu alergia ao medicamento, e o esforço foi em vão. “As unhas lhe caíram, brotaram bolhas nos lábios”, recorda Richard. O escritor morreu em janeiro de 1950. Tinha 46 anos, e seu filho estava prestes a completar seis.
Qual é o ensinamento mais importante que Orwell nos deixou? Para os jornalistas, há vários, segundo Blair. “Seja honesto. O mais importante são os fatos que você puder provar, não a realidade que você gostaria que fosse. Hoje, os jornalistas não têm tempo de checar os fatos, e os erros se perpetuam e se multiplicam na Internet, até se transformarem numa verdade.” O filho do escritor recorda também suas seis regras para escrever com clareza: “Nunca use uma metáfora ou comparação que você costume ler [os clichês]; nunca use uma palavra longa se puder usar outra mais curta; se puder cortar uma palavra, corte; nunca use a voz passiva se puder usar a ativa; nunca use um termo estrangeiro, científico ou jargão se puder usar uma palavra de uso cotidiano; rompa qualquer uma destas regras se a alternativa for escrever alguma coisa francamente ruim”. E conclui com a definição de liberdade feita por seu pai: “Liberdade é poder dizer algo que os outros não querem ouvir”.
Blair se diz particularmente preocupado com a falta de diálogo na sociedade contemporânea. “As pessoas se dedicam a gritar umas com as outras, sem se escutarem.” E se surpreende ao ver que os jovens, em vez de falar cara a cara, passam o dia olhando seus celulares. “Até os casais nos restaurantes! Estarão se comunicando entre si por mensagens?”, brinca. E o que pensaria Orwell do século XXI, da Internet, dos grandes avanços científicos e da pós-verdade? “Ah, essa é a pergunta do milhão. Mas não é possível entrar na cabeça de ninguém. Nem responder a isso lendo seus livros. Se fosse vivo, teria 113 anos e teria tido muitas novas influências… é bobagem especular”. Portanto, nem ele sabe, nem há como saber. Mas se atreve a supor uma coisa: que, de qualquer forma, provavelmente faria reflexões cheias de bom senso.
Para baixar o livro "1984"



Para assistir o file "1984" de 1956





Reportagem de Bernando Marín
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2017/02/21/cultura/1487699424_853146.html
foto:http://www.revistabula.com/235-1984-o-livro-que-matou-george-orwell/

Relator da reforma da Previdência quer fim de isenção a entidades filantrópicas


Além de endurecer as regras para a aposentadoria, a reforma da Previdência vai mirar as isenções de contribuições à Previdência concedidas a entidades filantrópicas. O relator da reforma, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), disse ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que incluirá em seu parecer o fim dessas desonerações, classificadas por ele como “aberração”, “escárnio” e “pouca vergonha”.
Apenas neste ano, os cálculos são de que isenções previdenciárias concedidas às instituições filantrópicas custarão R$ 12,45 bilhões à Previdência Social – é o dinheiro que deixa de ser arrecadado, já que essas entidades não pagam a parte do empregador para o INSS.
A gota d’água para a decisão de Maia foi o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) de quinta-feira que suspendeu um dispositivo previsto em lei ordinária que define os requisitos para uma entidade ser considerada filantrópica. Na Saúde, são as que prestam 60% dos serviços de forma gratuita. Na Educação, é preciso conceder uma bolsa de estudos a cada cinco alunos pagantes. A Corte entendeu que essa definição precisa constar em lei complementar, aprovada por maioria qualificada no Congresso Nacional.
Com a queda da regra, há uma avaliação de que qualquer entidade que faça um mínimo de ação filantrópica poderá se candidatar agora às isenções. “É uma vergonha essa decisão do Supremo”, protestou Maia. “Na PEC (Proposta de Emenda à Constituição), como relator, vou agir de maneira contrária a essas isenções das entidades filantrópicas. Posso afirmar categoricamente.”
Retorno. Representantes do setor, no entanto, dizem viver sob intensa fiscalização e que o corte da imunidade fiscal das filantrópicas traria enorme injustiça social. Eles argumentam que o retorno à sociedade é muito maior do que o custo para o governo federal. “Se esses setores pararem por um dia, o Brasil para”, afirma o presidente do Fórum Nacional das Instituições Filantrópicas (Fonif), Custódio Pereira.
Para o relator da reforma, só deveria ser tratada como filantrópica e, com isso, se habilitar à imunidade fiscal, entidade com prestação de serviços integralmente gratuita. “Acho que pode separar o joio do trigo dizendo, por exemplo, que só pode receber isenção aqueles que fizerem 100% de suas atividades em atendimento gratuito. Aí você tira entidades que se dizem filantrópicas, fazem um atendimento porco aos pobres e que na verdade atendem aos ricos”, diz o deputado.
As entidades filantrópicas são consideradas por especialistas uma via para fraudes tributárias porque as empresas não necessariamente entregam todos os serviços assistenciais que deveriam para ter acesso à desoneração. A Receita Federal tem dificuldades para promover uma fiscalização mais dura sobre a atividade desses grupos. No ano passado, foram R$ 11 bilhões em desonerações para as filantrópicas, que atuam nas atividades de educação, saúde e assistência social.
Custódio Pereira rebate dizendo que, segundo dados do governo compilados pelo Fonif, 53% dos atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) são feitos por filantrópicas. Na educação, o setor é responsável por mais de 600 mil bolsistas, enquanto 62,7% de todo o atendimento gratuito em assistência social é realizado por essas instituições.
“Se tirar a imunidade, as consequências serão desastrosas para as pessoas que dependem desse atendimento”, diz. O presidente do Fonif diz ainda que a isenção do setor é menos de 3% da receita previdenciária e que outras desonerações mais volumosas não estão sendo questionadas pela comissão.
Em março, Pereira deve se reunir com Maia e o presidente da comissão especial, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), para discutir a questão. O relator, porém, garante que haverá revisão irrestrita dessa conta.
EMENDAS APRESENTADAS NA REFORMA DA PREVIDÊNCIA
Idade mínima
- Governo quer instituir, para homens e mulheres, idade mínima de 65 anos, tanto na aposentadoria urbana quanto na rural.
- Há emenda para fixar idades mínimas menores, de 60 anos para homens e 58 anos para mulheres.
- Há outra emenda para restituir a idade mínima de 60 anos para trabalhadores rurais.
Regra de transição
- “Pedágio” de 50% sobre o tempo restante para a aposentadoria para homens acima de 50 anos e mulheres acima de 45 anos.
- Há emenda para “pedágio” de 30% sobre o tempo restante para todos que já são segurados (fizeram contribuições para a Previdência), enquanto idade mínima incidiria sobre trabalhadores inseridos no mercado após a reforma.
Cálculo do benefício
- Proposta prevê base de 51% e 1 ponto porcentual adicional a cada ano de contribuição.
- Há emenda para prever base de 60% e 1 ponto adicional a cada ano de contribuição.
Professores
- Categoria estará sujeita às regras gerais de aposentadoria.
- Há emenda para manter os professores nas regras atuais de aposentadoria por tempo de contribuição, de 30 anos para homens e 25 anos para mulheres. Além disso, professores servidores públicos teriam de respeitar idade mínima de 55 anos (homens) ou 50 anos (mulheres), enquanto professores da rede privada poderiam requerer o benefício “independentemente de idade”.
Trabalhador rural
- Governo quer instituir contribuição individual fixa para produtores que exerçam a atividade em regime de economia familiar. Alíquota seria “favorecida”, ou seja, inferior à do INSS (que vai de 8% a 11%), e incidiria sobre um salário mínimo.
- Há emenda para manter a contribuição atual, de 2,3% sobre o valor da comercialização, com o argumento de que esses trabalhadores não têm renda mensal fixa.
Acúmulo pensão x aposentadoria
- Proposta do governo veda qualquer acúmulo entre pensões, aposentadorias ou ambos os tipos de benefícios.
- Há emenda para manter a vedação apenas para acúmulo de aposentadoria e pensão. Mesmo assim, beneficiário poderia receber os dois até o limite do teto do INSS, e o excedente seria suspenso.

Reportagem de Idiana Tomazelli, Adriana Fernandes 
fonte:http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,relator-da-reforma-da-previdencia-quer-fim-de-isencao-a-entidades-filantropicas,70001679243
foto:http://asmetro.org.br/portalsn/2016/12/05/proposta-de-reforma-da-previdencia-esta-pronta-e-vai-ao-congresso-amanha-06/

Conheça alimentos que ajudam a reduzir efeitos da ressaca


Carnaval é sinônimo de alegria. E o que nunca falta em uma festa são as bebidas alcoólicas. Porém, o excesso de álcool pode acabar derrubando o mais fiel dos foliões e se recuperar no dia seguinte pode ser uma missão ingrata. 
O médico Moacir Augusto Dias, gastroenterologista do Seconci-SP (Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo), dá algumas dicas aos foliões para ajudar a evitar a ressaca ou diminuir seus efeitos.
Dias ressalta que dois pontos são importantes para aqueles que gostam de beber:  o primeiro é que é preciso se alimentar antes. Dessa forma, o estômago ficará protegido o que proporcionará uma resistência maior ao álcool.
A hidratação é outro ponto importante, antes, durante e após a ingestão da bebida alcoólica.

A nutricionista Rita de Cássia Silva frisa que um passo importante é mesmo se hidratar com antecedência, ingerindo diariamente entre dois e três litros de líquido, de preferência água e sucos naturais.

Perigos

“Tem muita gente que ainda acredita que a melhor forma de se curar a ressaca é continuar bebendo”, exemplifica Dias. Ele é enfático ao afirmar que esse é um mito perigoso e explica de onde pode ter surgido: “Em hospitais, a solução utilizada no tratamento da pessoa alcoolizada tem como base o álcool, mas isso somente para dependentes químicos. Essa é uma forma de reduzir os sintomas de abstinência”.

Carboidratos

No que diz respeito à alimentação, a nutricionista Carolina Pedrosa recomenda que se opte por itens ricos em carboidratos (como pão, macarrão e batata).
“O ideal é que o folião procure intercalar o álcool com muita água. Para facilitar, outra dica é sempre levar barrinhas de cereais e nada de fritura durante a folia. Além de apresentar teor elevado de gordura, este tipo de alimento gera uma sensação de estômago pesado e moleza.”

Ela também indica verduras e legumes, que são alimentos ricos em vitaminas, minerais, fibras e água, e por isso devem ser ingeridos com frequência e variedade. Assim como as frutas cítricas são uma boa pedida.

O médico ensina que a refeição mais indicada para a quarta-feira de cinzas é um prato de massa sem molho, pão, legumes, atum e frutas de sobremesa

Para evitar

Café deve ser evitado, pois tem ação diurética e desidrata ainda mais o corpo. “Evite então o famoso café sem açúcar, que supostamente é recomendado para amenizar a dor de cabeça”, adverte Dias.

Também devem ser evitados molhos branco e vermelho, queijos amarelos, frituras, leite e carne vermelha após a ingestão de álcool. A ingestão de gorduras pode sobrecarregar ainda mais a função hepática.

Uma recomendação de Rita de Cássia para aqueles que exageraram no álcool é o repouso. Além disso, ela indica, mais uma vez, a ingestão de água e suco durante todo o dia, o que refletirá também no tempo de recuperação.

Alimentação leve

A nutricionista Carolina Pedrosa indica chás como o de alecrim, que é antioxidante; de hortelã, que é anti-inflamatório, favorece a digestão e reduz a flatulência e o de de boldo, que é digestivo e hepatoprotetor.
"Oleaginosas (como nozes, castanhas e macadâmias) e abacate são bem-vindos, pois contêm ácidos graxos monoinsaturados que atuam protegendo a parede das artérias, que sofre com o aumento de toxinas no sangue. Além disso, são ótimas fontes de vitamina E , nutriente antioxidante", diz ela.

Além da dor de cabeça, azia e mal-estar geral, algumas pessoas ainda podem ter diarreia. Nestes casos, o gastroenterologista diz que a pessoa pode fazer um soro caseiro, pois ele é rico em sódio e a glicose, que ajudam a evitar a desidratação. Porém, se mesmo com isso a pessoa continuar passando mal, é importante procurar ajuda médica o quanto antes e evitar a automedicação.


fonte:https://carnaval.uol.com.br/2017/noticias/redacao/2017/02/24/conheca-alimentos-que-ajudam-a-reduzir-efeitos-da-ressaca.htm
foto:http://www.recadosface.com/datas-especiais/carnaval-responsavel.html

Por que o ministro Marco Aurélio deu liberdade ao goleiro Bruno

Eliza Samudio

Preso em 4 de agosto de 2010, o ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes de Souza, 32, foi condenado, no dia 8 de março de 2013, a passar 22 anos e três meses na cadeia, por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver contra a ex-amante, Eliza Samudio, entre outros crimes. Graças a uma decisão liminar do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello, no entanto, ele deixou a prisão na noite de ontem(24).
A linha do tempo do processo até agora foi determinante para que Mello concedesse o habeas corpus --o que ocorreu na terça (21), mas só foi divulgado e cumprido ontem. Recorrendo ao STF da decisão de 2013, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, a defesa de Bruno alegou "excesso de prazo da constrição cautelar, uma vez transcorridos mais de três anos desde o julgamento, sem análise da apelação". Tratava-se, argumentaram os advogados, de antecipação de pena.
Mello, conhecido por seu perfil "garantista", ou seja, apegado à garantia dos direitos sociais do indivíduo, entendeu que os fundamentos da prisão preventiva decretada pelo juízo do Tribunal do Júri da Comarca de Contagem (MG), de primeira instância, não se sustentavam. O ministro aceitou a reclamação da defesa de que, decorridos três anos desde que impetrou-se apelação no Tribunal de Justiça de Minas, o recurso de Bruno ainda não tenha sido julgado.
"O garantista é aquele que preza pelo direito penal mínimo, mais pela liberdade do que pela segurança. Em outras palavras, é aquele que aplica a pena no mínimo que a lei permite", explica o professor de direito penal da USP (Universidade de São Paulo), Victor Gabriel Rodriguez.
Magistrados "garantistas" costumam defender o direito à liberdade até que o réu tenha esgotado todas as instâncias de recurso.
No despacho que deu a liberdade a Bruno, Mello escreveu que o Juízo, "ao negar o direito de recorrer em liberdade", considerou a gravidade concreta da imputação. "Reiterados são os pronunciamentos do Supremo sobre a impossibilidade de potencializar-se a infração versada no processo. O clamor social surge como elemento neutro, insuficiente a respaldar a preventiva", argumentou o magistrado, querendo dizer que a opinião pública contrária ao goleiro não é suficiente para manter a prisão.
Para Rodrigues, a decisão de Marco Aurélio reitera uma jurisprudência que o próprio ministro ajudou a firmar no STF. "O Código de Processo Penal fala na prisão preventiva apenas pela ordem pública. Antigamente, o juiz justificava algumas decisões 'face ao clamor popular', mas já há alguns anos o Supremo decidiu que só o clamor popular não é o suficiente", afirma.
Em sua decisão, o ministro do STF deixou clara a posição contrária ao caráter permanente da prisão de Bruno. "A esta altura, sem culpa formada, o paciente está preso há 6 anos e 7 meses. Nada, absolutamente nada, justifica tal fato. A complexidade do processo pode conduzir ao atraso na apreciação da apelação, mas jamais à projeção, no tempo, de custódia que se tem com a natureza de provisória."
No entendimento do professor da USP, é mais "fácil" que o STF dê esse tipo de decisão porque, quando chega lá na instância mais alta, a pessoa geralmente já está há anos na cadeia. "Quando um tribunal de primeira instância aplica uma pena longa, é mais difícil manter a pessoa livre esperando as decisões sobre os recursos, até porque ela pode se preparar para fugir".
Outros elementos que justificaram a liminar de Marco Aurélio foram o que a defesa do ex-goleiro chamou de "condições pessoais favoráveis do paciente": ele era réu primário, tinha bons antecedentes, residência fixa e ocupação lícita.
"Colocou-se em segundo plano o fato de o paciente ser primário e possuir bons antecedentes. Tem-se a insubsistência das premissas lançadas", escreveu o ministro.

Reportagem de Gustavo Maia
fonte:https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/02/25/por-que-marco-aurelio-deu-liberdade-ao-goleiro-bruno.htm
foto:http://cidadeverde.com/noticias/197469/justica-decreta-prisao-de-policial-suspeito-da-morte-de-eliza-samudio

24/02/2017

Imagem do dia



Francisco Mora: “É preciso acabar com o formato das aulas de 50 minutos”

Especialista em Neuroeducação aposta na mudança de metodologias, mas pede cautela na aplicação da neurociência na educação.




A neuroeducação, disciplina que estuda como o cérebro aprende, está dinamitando as metodologias tradicionais de ensino. Sua principal contribuição é que o cérebro precisa se emocionar para aprender e, de alguns anos para cá, não existe ideia inovadora considerada válida que não contenha esse princípio. No entanto, uma das maiores referências na Espanha nesse campo, o doutor em Medicina Francisco Mora, recomenda cautela e adverte que na neuroeducação ainda há mais perguntas do que respostas.
Mora, autor do livro Neuroeducación. Solo se puede aprender aquello que se ama (Neuroeducação. Só se pode aprender aquilo que se ama), que já atingiu a marca de onze edições desde 2013, também é doutor em neurociência pela Universidade de Oxford. Começou a se interessar pelo assunto em 2010, quando participou do primeiro Congresso Mundial de Neuroeducação realizado no Peru.
Mora argumenta que a educação pode ser transformada para tornar a aprendizagem mais eficaz, por exemplo, reduzindo o tempo das aulas para menos de 50 minutos para que os alunos sejam capazes de manter a atenção. O professor de Fisiologia Humana da Universidade Complutense alerta que na educação ainda são consideradas válidas concepções equivocadas sobre o cérebro, o que ele chama de neuromitos. Além disso, Mora está ligado ao Departamento de Fisiologia Molecular e Biofísica da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos.

Pergunta. Por que é importante levar em conta as descobertas da neuroeducação para transformar a forma de aprender?
Resposta. No contexto internacional há muita fome para ancorar em algo sólido o que até agora são apenas opiniões, e esse interesse se dá especialmente entre os professores. O que a neuroeducação faz é transferir a informação de como o cérebro funciona com a melhoria dos processos de aprendizagem. Por exemplo, saber quais estímulos despertam a atenção, que em seguida dá lugar à emoção, pois sem esses dois fatores nenhuma aprendizagem ocorre. O cérebro humano não mudou nos últimos 15.000 anos; poderíamos ter uma criança do paleolíticoinferior numa escola e o professor não perceber. A educação tampouco mudou nos últimos 200 anos e já temos algumas evidências de que é urgente fazer essa transformação. Devemos redesenhar a forma de ensinar.
P. Quais são as certezas que já podem ser aplicadas?
R. Uma delas é a idade em que se deve aprender a ler. Hoje sabemos que os circuitos neurais que codificam para transformar de grafema a fonema, o que você lê e o que você diz, não fazem conexões sinápticas antes dos seis anos. Se os circuitos que permitirão aprender a ler não estão formados, se poderá ensinar com um chicote, com sacrifício, sofrimento, mas não de forma natural. Se você começa com seis, em pouquíssimo tempo aprenderá, enquanto que se começar com quatro talvez consiga, mas com enorme sofrimento. Tudo o que é doloroso tendemos a rejeitar, não queremos, enquanto aquilo que é prazeroso tentamos repetir.
P. Qual é a principal mudança que o sistema de ensino atual deve sofrer?
R. Hoje estamos começando a saber que ninguém pode aprender qualquer coisa se não estiver motivado. É necessário despertar a curiosidade, que é o mecanismo cerebral capaz de detectar a diferença na monotonia diária. Presta-se atenção àquilo que se destaca. Estudos recentes mostram que a aquisição de conhecimentos compartilha substratos neuronais com a busca de água, alimentos e sexo. O prazeroso. Por isso é preciso acender uma emoção no aluno, que é a base mais importante sobre a qual se apoiam os processos de aprendizagem e memória. As emoções servem para armazenar e recordar de uma forma mais eficaz.
P. Quais estratégias o professor pode usar para despertar essa curiosidade?
R. Ele deve começar a aula com algum elemento provocador, uma frase ou uma imagem que seja chocante. Romper o esquema e sair da monotonia. Sabemos que para um aluno prestar atenção na aula não basta exigir que ele o faça. A atenção deve ser evocada com mecanismos que a psicologia e a neurociência estão começando a desvendar. Métodos associados à recompensa, e não à punição. Desde que somos mamíferos, há mais de 200 milhões de anos, a emoção é o que nos move. Os elementos desconhecidos, que nos surpreendem, são aqueles que abrem a janela da atenção, imprescindível para a aprendizagem.
P. O senhor alertou em várias ocasiões para a necessidade de ser cauteloso em relação às evidências da neuroeducação. Em que ponto o senhor está?
R. A neuroeducação não é como o método Montessori, não existe um decálogo que possa ser aplicado. Ainda não é uma disciplina acadêmica com um corpo ordenado de conhecimentos. Precisamos de tempo para continuar pesquisando porque o que conhecemos hoje em profundidade sobre o cérebro não é totalmente aplicável ao dia a dia em sala de aula. Muitos cientistas dizem que é muito cedo para levar a neurociência às escolas, primeiro porque os professores não entendem do que você está lhes falando e segundo porque não há literatura científica suficiente para afirmar em quais idades é melhor aprender quais conteúdos e como. Há flashes de luz.
P. O senhor poderia contar alguns dos mais recentes?
R. Estamos percebendo, por exemplo, que a atenção não pode ser mantida durante 50 minutos, por isso é preciso romper o formato atual das aulas. Mais vale assistir 50 aulas de 10 minutos do que 10 aulas de 50 minutos. Na prática, uma vez que esses formatos não serão alterados em breve, os professores devem quebrar a cada 15 minutos com um elemento disruptor: uma anedota sobre um pesquisador, uma pergunta, um vídeo que levante um assunto diferente... Há algumas semanas, a Universidade de Harvard me encarregou de criar um MOOC (curso online aberto e massivo, na sigla em inglês) sobre Neurociência. Tenho de concentrar tudo em 10 minutos para que os alunos absorvam 100% do conteúdo. Nessa linha irão as coisas no futuro.
P. Em seu livro Neuroeducação: Só se pode aprender aquilo que se ama, o senhor adverte sobre o perigo dos chamados neuromitos. Quais são os mais difundidos?
R. Há muita confusão e erros de interpretação dos fatos científicos, o que chamamos de neuromitos. Um dos mais generalizados é que utilizamos apenas 10% da capacidade do cérebro. Ainda se vendem programas de computador baseados nisso e as pessoas acreditam que poderão aumentar suas capacidades e inteligência para além de suas próprias limitações. Nada pode substituir o lento e difícil processo do trabalho e da disciplina quando se trata de aumentar as capacidades intelectuais. Além disso, o cérebro utiliza todos os seus recursos a cada vez que se depara com a resolução de problemas, com processos de aprendizagem ou de memória.
Outro neuromito é o que fala do cérebro direito e esquerdo e que as crianças deveriam ser classificadas em função de qual dos dois cérebros é mais desenvolvido nelas. Ao analisar as funções de ambos os hemisférios em laboratório, constatou-se que o hemisfério direito é o criador e o esquerdo é o analítico – o da linguagem e da matemática. Extrapolou-se a ideia de que há crianças com predominância de cérebros direitos ou esquerdos e criou-se o equívoco, o mito, de que há dois cérebros que trabalham de forma independente, e que se tal separação não for feita na hora de ensinar as crianças, isso as prejudica. Essa dicotomia não existe, a transferência de informações entre os dois hemisférios é constante. Se temos talentos mais próximos da matemática ou do desenho, isso não se refere aos hemisférios, mas à produção conjunta de ambos.
P. A neuroeducação está influindo em outros aspectos do ensino?
R. Há um movimento muito interessante que é o da neuroarquitetura, que visa à criação de escolas com formas inovadoras que gerem bem-estar enquanto se aprende. A Academia de Neurociências para o Estudo da Arquitetura, nos Estados Unidos, reuniu arquitetos e neurocientistas para conceber novos modos de construir. Novos edifícios nos quais, embora seja importante seu desenho arquitetônico, a luz seja contemplada, assim como a temperatura e o ruído, que tanto afetam o rendimento mental.
Reportagem de Ana Torres Menárguez
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2017/02/17/economia/1487331225_284546.html
foto:http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2015/01/o-surgimento-da-neuroeducacao.html

Como transformar a sua televisão de tubo em uma ‘smart TV’


Se você tem a sua sala cheia de vinis ao lado de um toca-discos, é possível que também possua em alguma parte da sala um velho televisor de tubo acumulando pó ou até em uso graças a um receptor de televisão digital terrestre. Seja por ser hipster, nostálgico ou ter mania de poupar, se você está nessa situação tem agora a possibilidade de colocar esse velho aparelho nos trinques, por mais inacreditável que isso possa parecer. É que, hoje em dia, tudo se joga fora e substitui, e a chegada das smart TVs parecia ter deixado sem utilidade nos novos tempos um considerável número de televisores. Mas as coisas não são bem assim. Um pequeno adaptador de pouco mais de 15 euros (50 reais) está causando furor nas lojas que vendem pela Internet, pois vem permitindo a adaptação dos velhos aparelhos aos novos tempos.
Os televisores convencionais vêm equipados com a porta HDMI, um conector que está conosco desde o ano 2003 e se transformou no padrão na transmissão de áudio e vídeo nas TVs atuais. A chegada desse novo padrão deixou obsoletos os televisores anteriores, até mesmo alguns de tela plana e de ótima qualidade, mas anteriores a 2003.
Com o citado conector (50 reais) e um Chromecast (cerca de 130 reais), a velha TV se incorpora a uma categoria superior na qual poderemos aproveitar para ver o YouTube ou as séries da Netflix ou HBO. Os que tiverem uma Apple TV em casa também podem conectá-la ao televisor antigo, com a ajuda desse mesmo adaptador, para ter acesso a todos esses novos conteúdos e, assim, de passagem, economizar uma boa quantia que teria de ser desembolsada para adquirir um televisor novo
Com o conector e um dispositivo no estilo do Chromecast é possível transmitir o conteúdo do celular ou do tablet para o velho televisor, ou seja, além de ser possível reproduzir vídeos do YouTube, se você for assinante de serviços de TV sob demanda essa programação pode ser transmitida pelo velho aparelho. Alguns usuários dessas plataformas comentam na Internet que conseguiram fazer com que TVs de 1978 sejam ligadas a partir do celular para que possam ver o conteúdo, e podem até aumentar ou diminuir o volume dos televisores, sem controle remoto. Seja pela moda hipster ou por nostalgia, a tecnologia nos demonstra, uma vez mais, que é capaz de tudo. Não só nos ajuda a avançar, mas, também, como neste caso, nos ajuda a recuperar tesouros pessoais do passado.


Reportagem de José Mendiola Zuriarrain
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2017/02/21/tecnologia/1487693011_719471.html
foto:http://dtv.org.br/index.php/ultimas-noticias/itemlist/category/12-como-assistir-a-tv-digital