A reportagem que publicamos abaixo não foi veiculada na mídia nacional, mas sim no jornal espanhol El País. A terceira renúncia do ministro da Casa Civil, cargo ligado diretamente a Presidência da República desde 2003 quando o em ex-presidente Lula assumiu seu primeiro mandato é um fato que não pode ser desprezado nem suas consequências minimizadas. Mas qual o seu significado para a sociedade brasileira? Você sabe a resposta?
Ex-ministro Antonio Palocci |
Poder-se-ia pensar que sobre o influente Ministério da Casa Civil (da Presidência), órgão chave do governo brasileiro, cujo titular sempre foi visto como uma espécie de primeiro-ministro na estrutura presidencial, exista uma espécie de maldição política. De fato, desde que Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao poder, em janeiro de 2003, já são três os ministros dessa pasta que tiveram de renunciar ao cargo. E sempre pelo mesmo motivo: acusações de corrupção.
O primeiro foi o ex-guerrilheiro José Dirceu, ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), que foi a alma da transformação do ex-sindicalista Lula -- o barbudo dirigente que infundia medo na classe média -- em um político de gravata, vestido na moda e com a barba aparada. Foi Dirceu quem ajudou a opinião pública a perder o temor de Lula, que já havia sido derrotado três vezes seguidas nas eleições presidenciais. Finalmente, em 2002, conseguiu ganhá-la graças em grande parte aos conselhos de Dirceu.
Lula se viu obrigado a substituir Dirceu -- então considerado seu sucessor na presidência --, arrastado pelo famoso escândalo do Mensalão, um caso de subornos a deputados aliados para que votassem nos projetos do governo. A maré de corrupção esteve prestes a arrastar o próprio presidente em 2005.
Dirceu foi substituído pela também ex-guerrilheira Dilma Rousseff, então ministra das Minas e Energia. Ao escolhê-la mais tarde como candidata a sua sucessão, Lula colocou à frente da Casa Civil a que era então o braço-direito de Rousseff, a advogada Erenice Guerra, que acabou sendo envolvida em um suposto escândalo de tráfico de influência e teve de ser substituída no cargo em plena campanha. A saída de Erenice semeou dúvidas por um momento sobre a possibilidade de reeleição de Rousseff, já que sua sucessora na Casa Civil era sua principal colaboradora.
E agora, com Palocci (foto esq.), chega-se à terceira demissão. Sempre por suposta corrupção do titular da maldita Casa Civil. Palocci havia sido não só o articulador da campanha de Dilma como também seu homem-chave na formação do governo e o grande interlocutor de Lula.
Talvez, explicam alguns analistas, o grande poder acumulado por esse ministro, responsável por coordenar os outros departamentos e exercer de mediador entre o governo, o Congresso e os partidos aliados -- sem ideologia política, geralmente ávidos de cargos e de poder --, faça que o titular do poderoso ministério esteja mais exposto que outros às tentações da corrupção política.
Dilma, esvaziando de poder o ministério, talvez esteja querendo acabar com a maldição que nos últimos dez anos pesou sobre a onipresente Casa Civil.
fonte:http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2011/06/10/a-maldicao-da-casa-civil-tres-chefes-do-ministerio-mais-importante-abandonaram-o-cargo-por-escandalos-de-corrupcao-desde-2003.jhtm
foto: noticias.r7.com
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