02/11/2012

Cidade sueca paga jovens desempregados para buscarem emprego na Noruega


Jovens desempregados da cidade sueca de Soderhamn estão sendo pagos pelas autoridades locais para procurar emprego na Noruega, informou o jornal britânico Daily Telegraph. O projeto, que conta com a colaboração do governo nacional, tem como objetivo combater o alto índice de pessoas com menos de 25 anos desempregadas no país. 
Os inscritos recebem uma passagem para Oslo, capital norueguesa, e um mês de estadia em um albergue de até 20 euros a diária. O pacote também inclui orientações de como conseguir uma vaga de trabalho no país vizinho. 

“Nós tínhamos uma taxa de desemprego maior do que 25%, então nós tivemos que achar soluções”, disse Magus Nilsen, responsável pela elaboração do plano, ao Daily Telegraph. “Ir para a Noruega encontrar trabalho sempre foi muito popular entre os jovens, mas, muitas vezes, eles querem ir, mas não sabem como encontrar trabalho ou acomodação, então nós decidimos ajudar”.

Até agora, cem jovens da cidade de 12 mil habitantes decidiram se inscrever no projeto e tentar a sorte no país vizinho. Foi o caso de Andreas Larsson, que procurava emprego em seu país natal há mais de dois anos. “Eu cheguei aqui na quinta-feira e, na segunda de manhã, já estava trabalhando”, contou ele que agora trabalha como caminhoneiro. 
Enquanto a Suécia está entre os países europeus mais prejudicados pela crise econômica, a Noruega possui uma das economias mais fortes do continente, com taxa de desemprego de 2,8%, segundo dados das Nações Unidas do início deste ano. Em janeiro de 2012, cerca de 25 mil vagas de emprego estavam disponíveis e, por essa razão, o número de imigrantes de países europeus em crise apenas cresce. Além de suecos, moradores da Grécia, Espanha e Itália também procuram trabalho na Noruega. 



Reportagem de Marina Mattar
foto:exame.abril.com.br

Habilidade matemática está relacionada à capacidade intuitiva de estimar área e quantidade


A habilidade matemática dos seres humanos pode estar relacionada com uma capacidade inata de estimar quantidades, que também está presente em animais. É o que mostra uma pesquisa realizada na Universidade de Emory, nos Estados Unidos, e publicada online na edição desta semana da Proceedings of the Nacional Academy of Sciences of the United States of America (PNAS).

Até hoje, diversos estudos mostraram que tanto seres humanos quanto animais possuem uma capacidade de estimar a quantidade e o tamanho de objetos sem fazer contas ou medições. Nos seres humanos essa capacidade se manifesta muito cedo, desde recém-nascidos.
Elizabeth Brannon, pesquisadora da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, estudou essa habilidade em bebês e macacos. Em um teste realizado com bebês, duas sequências de imagens eram mostradas a eles simultaneamente. Em ambas, pontinhos pretos mudavam de posição à medida que as imagens passavam. A diferença era que em uma delas havia sempre a mesma quantidade de pontos, e na outra a quantidade ia aumentando e diminuindo. Os estudo mostrou que, após um curto espaço de tempo, o bebê começa a olhar apenas para a sequência em que a quantidade de números muda. De acordo com Elizabeth, isso demonstra que os eles são capazes de perceber as mudanças na quantidade de elementos nas imagens.
Segundo Elizabeth, essa habilidade já foi descrita também em pombos, ratos, galinhas, macacos e até peixes. Para ela, uma possível explicação para o surgimento dessa habilidade vem de tempos remotos, quando os indivíduos precisavam estimar o tamanho de um bando inimigo para saber se valia a pena ou não travar uma disputa com ele.
Apenas humanos – Apesar de compartilharmos essa característica inata com os animais, a capacidade de utilizar a matemática simbólica, ou seja, com conceitos e operações, é restrita aos humanos. 
A pesquisa desenvolvida na Universidade de Emory mostrou que essa capacidade intuitiva, denominada sistema de aproximação numérica (approximate number system – ANS), está relacionada com a competência matemática. Para isso, foram realizados três tipos de testes. No primeiro, 65 estudantes universitários estimaram, entre dois conjuntos, qual era maior em número e área. Eles também responderam uma série de exercícios avançados de aritmética e geometria e, por último, exercícios de linguagem, sem nenhuma relação com matemática ou conceitos numéricos.
Os resultados mostraram uma relação entre a ANS e os resultados nos testes formais de exatas. Além disso, os pesquisadores observaram que as pessoas que se saíram melhor na hora de estimar quantidades tiveram notas mais altas nos exercícios de aritmética, enquanto os que foram melhor no teste área tiveram melhores resultados com os exercícios de geometria.  
Controle – Os testes de linguagem foram realizados justamente por não terem nenhuma relação com a matemática, seja ela verbal ou não. Stella Lourenço, integrante do grupo de pesquisadores, explica que esses testes foram feitos para que a inteligência geral da pessoa pudesse ser desconsiderada na hora de medir os resultados da pesquisa. 
Isso significa que o objetivo era descobrir se a pessoa tinha ido bem no teste de matemática intuitiva e formal apenas por ter um alto nível de inteligência ou realmente devido à relação existente entre as duas competências. Como os resultados no teste de língua não seguiram um padrão, como ocorreu nos de matemática, os autores do estudo concluíram que os resultados se referiam realmente à habilidade matemática intuitiva relacionada à formal.
Perspectivas - Para a pesquisadora, essa relação entre a ANS e habilidades matemáticas específicas pode explicar porque algumas pessoas têm mais dificuldade para aprender matemática na escola. "Uma possibilidade é que as pessoas que têm representações não-verbais de quantidade e área menos precisas tenham mais dificuldade para aprender matemática. Talvez essa habilidade não-verbal não tenha sido plenamente desenvolvida nessas pessoas", disse Stella, ao site de VEJA.
Ela ainda afirma que os próximos passos da pesquisa já estão em andamento. Entre eles, está a realização de testes com crianças que ainda não tiveram contato com a matemática formal, da escola. "Nós queremos acompanhar o desenvolvimento dessas habilidades", diz.

No vídeo abaixo, diante de duas sequências de imagens, o bebê fixa o olhar naquela em que ocorrem mudanças na quantidade de pontos, enquanto na outra somente a posição dos pontos é alterada. De acordo com Elizabeth Brannon, isso demonstra a capacidade inata de observar mudanças na quantidade de elementos, presente tanto nos seres humanos quanto nos animais.


foto:grupoescolar.com

01/11/2012

Anvisa esclarece e-mail que alerta sobre fenilpropalamina


Uma mensagem difundida via e-mail tem causado confusão entre consumidores e levantado falso alarde sobre os medicamentos à base do princípio ativo Fenilpropanolamina, substância usada principalmente em antigripais. Tem circulado na internet um texto assinado por um médico de São Paulo alertando para a determinação da Anvisa de proibir a fabricação, distribuição e venda desses medicamentos. 
A Agência informa que a Fenilpropanolamina está proibida desde novembro de 2000, por meio da Resolução - RDC nº 96, de 8 de novembro de 2000. Não há motivo para alarde e preocupação uma vez que a Anvisa já tomou todas as providências necessárias e a substância não faz mais parte do mercado farmacêutico brasileiro.
A determinação suspende, como medida de segurança sanitária, a fabricação, distribuição, comercialização dos medicamentos que contenham em sua fórmula, isolada ou associada, a substância Fenilpropanolamina e seus sais.
A mensagem lista uma série de medicamentos, como Naldecon, Bernadryl e Descon, amplamente utilizados pela população, inclusive por crianças. O e-mail também menciona o risco de morte por aqueles que estão usando a referida medicação. A Agência destaca que a divulgação de informações desse tipo deve ser cuidadosa e precisa para evitar preocupação desnecessária por parte da população. 
Na época, os fabricantes tiveram 30 dias para recolher os medicamentos que continham a substância. Os laboratórios que optaram por manter a marca comercial de seus produtos foram obrigados a modificar a fórmula e, portanto, retiraram a substância dos medicamentos em questão. A Fenilpropanolamina que foi associada a reações adversas nos Estados Unidos, como derrame cerebral, não existe mais no Brasil há 3 anos e meio. 
Esta medida se fundamentou na ocorrência de graves efeitos colaterais relatados pela Agência Reguladora de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos (Food and Drugs Administration - FDA), a partir de estudo realizado na Yale University School of Medicine, intitulado “Fenilpropanolamina e o risco de acidente vascular cerebral hemorrágico”. Demostrou também que a Fenilpropanolamina incrementa o risco de derrame vascular cerebral hemorrágico: sangramento dentro ou em volta do cérebro, principalmente em mulheres. Embora o risco fosse muito baixo, o FDA recomendou a não utilização de qualquer produto contendo a substância. 
Alguns dos medicamentos que tiveram sua fórmula modificada são:
  • benadryl dia e noite® (warner-lambert)
  • contac® (smithkline beecham)
  • naldecon® (bristol-myers)
  • acolde® (pharmakron)
  • rinarin expectorante® (farmasa)
  • deltap® (instituto terapêutico delta)
  • desfenil® (sankyo)
  • cloridrato de fenilpropanolamina® (neoquímica)
  • naldex® (neoquímica)
  • nasaliv® (união química)
  • decongex plus® (aché)
  • sinutab® (aché)
  • sanagripe® (jarrel)
  • descon® (aventis)
  • descon ap® (aventis)
  • descon expectorante® (aventis)
  • dimetapp® (wyeth-whitehall)
  • dimetapp expectorante® (wyeth-whitehall)
  • ornatrol espansule® (enila)
  • rhinex ap® (monsanto)
  • cheracol plus® (pharmacia upjohn)
  • contilen® (nature’s plus).
Estas e outras informações estão acessíveis no alerta sobre a fenilpropanolamina.




foto:laopinon.cl

Comunidades espanholas cobrarão por receitas médicas para complementar orçamento

Aposentados não serão isentos da cobrança, que renderá 83 milhões de euros ao estado.




As comunidades de Madri e Catalunha, na Espanha, encontraram uma forma controversa de contornar a escassez de recursos financeiros e elevar o volume de seus orçamentos. A partir de janeiro de 2013, suas unidades do serviço público de saúde cobrarão dos pacientes a quantia de um euro (quase três reais) pela emissão de receitas médicas.
Só estarão isentos da nova cobrança aqueles que perderam o seguro desemprego, que sofrem de deficiências ou possuem dependência química. Os aposentados não terão acesso a esse privilégio e serão obrigados a arcar com a taxa.
Em Madri, a expectativa é de que a nova estratégia permita a captação de até 83 milhões de euros (218 milhões de reais) em verbas, algo que faria o orçamento local para 2013 atingir a marca dos 17 bilhões de euros (44 bilhões de reais). O presidente regional da capital, Ignacio González, nega que a medida seja um ataque à garantia de “proteção à saúde”, que está prevista nos direitos e deveres fundamentais da Constituição Espanhola. A seu ver, "a saúde continuará sendo universal, gratuita e de qualidade máxima".
O principal argumento do governo é que a cobrança por receitas médicas se insere em um plano de reformas que tornará o modelo de gestão de hospitais algo "mais eficiente". Diante de um corte de 7% no orçamento nacional dos serviços de saúde da Espanha, tanto Catalunha quanto Madri alegam que esse tipo de medida "incentivará o uso racional de medicamentos” e a “redução do gasto farmacéutico mensal em 26%”.
Cooperativas de saúde
Não é apenas com a venda de receitas médicas que Madri e Catalunha seguirão os mesmos passos. Em entrevista coletiva, González também revelou que profissionais como médicos e enfermeiros também poderão formar cooperativas para administrar centros públicos de saúde.
As sociedades interessadas passarão pelo crivo de um concurso público e, caso recebam parecer positivo, poderão ter acesso a 10% do “faturamento” de cada unidade de saúde do Estado. Mais detalhes sobre o processo de seleção das cooperativas serão revelados ao longo dos próximos dias.
Os governos regionais de Madri e da Catalunha também preveem a terceirização de todos os serviços de limpeza e manutenção de hospitais. As compras de suprimentos médicos não serão mais gerenciadas individualmente por cada unidade de saúde, mas centralizadas em uma única seção das administrações de cada comunidade.
Orçamento solidário
"O orçamento da Comunidade de Madri é o mais solidário de toda Espanha", disse González. Para o próximo ano, ele confirmou aos repórteres que a região terá acesso a 73% do chamado “Fundo de Solidariedade” espanhol. Esse aporte do orçamento da união equivale a cerca de 2,5 bilhões de euros (6,5 bilhões de reais).
Para o presidente, o orçamento de comunidades como Madri e Catalunha é "responsável, rigoroso e sério", pois "está em consonância com os tempos em que vivemos”. A seu ver, esse é “um dos orçamentos mais difíceis de se elaborar dos últimos nove anos”.

Reportagem de Fillipe Mauro
foto:dreamguides.edreams.pt

Ministros divergem sobre banimento do amianto no Brasil




Os ministros Marco Aurélio e Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal, relatores de duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade que avaliam o banimento do amianto na indústria brasileira, divergiram diametralmente ao proferir seus votos nesta quarta-feira (31/10). As ADIs 3.937 e 3.557 questionam, respectivamente, uma lei do estado de São Paulo e outra do Rio Grande do Sul que proibem a extração, bem como a produção e a comercialização de qualquer produto que tenha o amianto crisotila em sua fórmula.  Ayres Britto rejeitou ambas as ADIs ao passo que Marco Aurélio as julgou como procedentes. Em termos muito reducionistas, Britto levou em conta, em seu voto, o direito à saúde, enquanto Marco Aurélio questionou até que ponto o cidadão necessita de leis que o superprotejam. Foram coletados os votos apenas dos relatores em uma longa sessão de julgamento que se estendeu por toda a tarde até quase às 22h.
De forma mais ampla, os ministros consideraram até que ponto legisladores regionais podem legislar, por meio de leis complementares, em relação ao que disciplina, de forma evasiva e frouxa, a norma geral da União. E, em um segundo momento, quão singular é a toxicidade do amianto crisotila em comparação a outros materiais, de modo a justificar seu banimento em detrimento do uso controlado e restrito. 
A ADI 3.937, sob relatoria do ministro Marco Aurélio, é procedente de São Paulo e foi ajuizada no STF em 2007. A ADI 3.557, que têm como relator o ministro Ayres Britto, é original do Rio Grande do Sul e foi impetrada em 2001. Ambas tem como autor a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI), que questiona a constitucionalidade das duas leis estaduais que proíbem, naqueles estados, a produção e a comercialização de produtos que tenham fibras de amianto do tipo crisotila em sua composição. As ADIs sustentam que os diplomas regionais ferem o preceito constitucional da livre iniciativa além desconsiderar que a fibra pode ser utilizada de forma controlada e segura, a exemplo de outros materiais de risco.
Apenas o uso do chamado amianto branco (crisotila) é permitido no Brasil. O crisotila é considerado substancialmente menos prejudicial do que o amianto  anfibólico (marrom ou azul), cuja utilização foi banida em praticamente todo o mundo.  Os críticos da extensão do banimento ao crisotila, no Brasil, afirmam que resta comprovada a ausência de riscos à saúde decorrente do uso controlado do material. Além disso, a CNTI alega que as leis estaduais usurpam a competência do que dispõe a Lei Federal 9.055/1995 que bane o uso do amianto anfibólico e impõe uma série restrições para a utilização do crisotila.
No final de agosto, o ministro Marco Aurélio promoveu uma audiência pública para discutir os riscos à saúde e os aspectos legais e econômicos de se proibir a extração, industrialização, comercialização e transporte do amianto crisotila. Durante dois dias, especialistas e autoridades, entre eles estudiosos estrangeiros em toxicologia ambiental, apresentaram seus pontos de vista sobre o uso da fibra, que está presente em 80% das casas brasileiras, na forma de caixas d'água, e em 50% das residências, como telhado. O risco à saúde do produto foi totalmente afastado no que toca seu uso doméstico, mas há controvérsia sobre os riscos potenciais para quem trabalha nas minas de amianto. O Canadá é o único país desenvolvido que ainda produz o amianto do tipo crisotila. No entanto, países como os Estados Unidos e  a Alemanha permitem sua importação controlada.
Condomínio legislativo
Durante a leitura de seu voto, Ayres Britto observou que o “condomínio legislativo brasileiro” permite que os estados possam legislar, por meio de leis complementares, no que se refere ao conteúdo das normas gerais formuladas pela União. “Constitucionalmente, ninguém precisa esperar por ninguém, nem os estados nem a União”, disse o presidente do STF. “A União tem de se limitar às normas gerais. Já aos estados cabem as normas suplementares”, disse. “O que é suplementar? É acrescer. Oferecer suplemento. A competência suplementar é para acudir, suplementar, solvendo potenciais déficits que venham padecer as normas gerais formuladas pela União”, observou.

Para o ministro, cabe a competência concorrente das unidades federativas em caráter suplementar no que se refere a tutela do meio ambiente, a questões de caça, fauna e proteção à vida. “O meio ambiente é bem juridico a se enlaçar à saude pública e ao bem estar”, afirmou Britto.
O ministro disse ainda que a Lei Federal 9.055 é, em essência, um diploma proibitivo, tanto que veda o uso de qualquer tipo de amianto por meio de pulverização ou spray, proibindo também sua venda a granel. O ministro mencionou o que entendeu por lacunas da lei federal no que toca às restrições ao uso do amianto crisotila e chegou a declarar que a lei gaúcha era mais precisa no cumprimento de preceitos constitucionais do que a norma federal.  “ [A lei do Rio Grande do Sul] cumpre muito mais a Constituição da República do que a Lei Federal em tema de direitos fundamentais”, disse Britto ao criticar a norma da União.
O presidente do STF contou ainda que,  adolescentente, vivendo no interior do Segipe, costumava observar os operários de uma fabricante de telhas, se referindo ao local como “verdadeira fábrica de adoecimento”. “Eu lembro de pensar:  quando o sol bate de chapa nesses telhados de amianto, não sei se ele está batendo ou apanhando. Eu tinha 18 anos e me permiti fazer esse jogo de palavras”, relatou.
Veneno e remédio
Em voto longo, que se estendeu por quase duas horas, Marco Aurélio avaliou os riscos e benefícios da vedação do uso do amianto no Brasil e considerou o extenso leque de variantes que envolve o tema. O ministro se referiu ainda a outras substâncias de alto risco presentes na indústria e qualificou de “incerteza científica” a controvérsia sobre o tema. Marco Aurélio disse que, frente a complexidade do caso, o banimento deveria se dar no âmbito do Poder Legislativo, “de forma democrática”, e não em decisão judicial.

“Dizia o médico Paracelso, figura suíça do Renascimento, cujo pseudônimo quer dizer superior a Celso, médico romano, que a diferença entre o veneno e o remédio está apenas na dose”, disse Marco Aurélio. “Mas as doses a que a população fica submetida são geralmente insuficientes ao desencadeamento das doenças tipicamente relacionadas ao produto. O risco no campo da saúde pública é corriqueiramente definido por uma função do tempo de exposição e o grau de perigo decorrente do manuseio de certas substâncias”, afirmou.
Marco Aurélio criticou o Poder Público ao fiscalizar de forma insuficiente a utilização de materiais de alto risco no país. “O quadro apresentado pela auditora do Trabalho na audiência pública revela precariedade e descaso da União em um setor de enorme relevância para a saúde pública. Mas não se pode, por isso, colocar a culpa nos particulares e, sim, no Poder Público, que descumpre os deveres previstos na Convenção 162 da Organização Internacional do Trabalho”, disse.
Marco Aurélio citou também decisão, de 1991, do Tribunal de Apelação para o 5º Circuito, nos Estados Unidos, que considerou insuficientes os motivos para o banimento do amianto crisotila naquele momento, bem como não-provado a ausência de riscos dos materiais substitutivos. Para o ministro, é preciso ter cuidado para “não se trocar o certo pelo duvidoso”. “Escolhas regulatórias se dão com alternativas que envolvem riscos”, observou.  O ministro disse ainda que é preciso proceder com a escolha entre “riscos gerenciáveis e não-gerenciáveis”. Marco Aurélio avaliou que não basta “trocar um risco fartamente documentado por um ainda desconhecido, de todo, da medicina”.
Sustentações orais
Antes dos votos de Ayres Britto e Marco Aurélio, nove advogados se alternaram na tribuna para defender ou atacar o mérito das ADIs. Sobre a divergência em relação ao assunto, o ministro Marco Aurélio,  ainda enquanto lia o relatório e ao detalhar os trabalhos da audiência pública, afirmou. “A balança da vida tem dois pratos. Entre o banimento total e a situação atual, a virtude está no meio termo”, acrescentou. 

O primeiro advogado a falar foi Marcelo Ribeiro, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral, que representa a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria. Ribeiro lembrou que a ADI 4.066, que tramita no Supremo, questiona a constitucionalidade da Lei Federal 9.055 que disciplina a matéria, e que será, na análise daquela Ação Direta de Inconstitucionalidade que o tribunal deverá se manifestar em definitivo sobre  a permissão ou banimento do crisotila no Brasil. “É incabível apreciar-se incidentalmente a lei federal quando há uma ADI para isso”, disse o advogado. Para Marcelo Ribeiro, é a lei federal  que fixa as balizas para o uso do crisotila, e o estados não têm competência para legislar sobre o assunto.
Sobre a má reputação do amianto em termos gerais, o advogado disse que tudo começou com o uso não controlado, há décadas, da substância no hemisfério norte. “Por que tem essa fama péssima? Por que era usado como isolante térmico no hemisfério norte. Era um excelente isolante térmico, para o frio e o calor, porque não queima. Mas era aplicado como spray, por jatos”, explicou. O advogado lembrou ainda que o amianto anfibólico é 500 vezes mais danoso do que o crisotila.
“A suspensão de particulas no ar e o risco de ser inalado é o que pode representar riscos a saúde, entre eles cancêr de pulmão”, avaliou. O advogado lembrou que a lei federal estabelece que o nível de suspensão da substância no ar tem de ser de até 2 fibras por centímetro cúbico, mas que sua produção no país gera 0,1 fibra por centímetro cúblico de suspensão. “O ser humano respira 15 mil fibras de amianto por dia naturalmente”, argumentou Ribeiro. “É o excesso que faz mal”, insisitiu.
“Por isso são os trabalhadores que pleiteam que se continue usando. [...]Infelizmente, a Procuradoria do Trabalho e os magistrados querem tirar o benefício dos trabalhadores”, disse.
Coube ao procurador do Estado de São Paulo, Thiago Luiz Sombra, atacar o uso do amianto crisotila no Brasil. Para o procurador, a lei paulista tem efeito vinculante à norma federal, lembrando ainda que, em 2006, a Organização Mundial de Saúde reconheceu que todos os tipos de amianto causam a enfermidade conhecida como abestose. O procurador rebateu também o argumento de que o banimento provocaria prejuízos financeiros e desemprego na indústria. “Das 19 empresas afetadas [pela lei paulista], 17 adequaram sua linha de produtos aos substitutivos do amianto,  não representando qualquer risco ao pleno emprego”, disse.
O advogado do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Extração de Mineriais Não-Metálicos de Minaçú (GO), Antonio José Teles de Vasconcelos , falando pela procedência das ADIs , disse que também não há certezas sobre a extensão dos riscos à saúde oferecidos por subsitutos do amianto, como o polímero de plástico, polipropileno, que por ser biopersistente, pode impor danos permanentes à saúde, afirmou o advogado. Vasconcelos disse também que estudos ainda terão de  ser feitos para assegurar o grau de segurança no uso dos substitutivos do crisotila.
 “Existe um terror grande nesse apecto do amianto. Chega inclusive aos depósitos dos materiais de construção”, disse Vasconcelos. O advogado observou ainda que a mineração e a industrialização do amianto no Brasil é regido por normas rigorosas e que os operários do setor possuem a “prerrogativa exclusiva de paralisar a produção em vista da suspeita do menor problema técnico”.
Na mesma linha, o advogado Carlos Mário da Silva Veloso, filho e epônimo do ministro aposentado do STF, que representa o Instituto Brasileiro do Crisotila, afirmou que substâncias usadas na indústria como o níquel,  o carvão, o  cromo, minerais radioativos, mercúrio e benzeno também oferecem riscos significativos e nem por isso sua utilização é proibida. “A vida contemporânea reclama uma convivência com materiais que, se não manipulados de forma controlada, podem trazer malefícios à saúde”, disse.  Para o advogado é “mito” que apenas em países em desenvilvimento se usa amianto.
Amici curiae
O advogado da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT),  entidade que entrou como amicus curiae no processo, Roberto Figueiredo Caldas , disser ser “ unanimidade nos órgãos públicos internacionais” a adoção de iniciativas de substituição do amianto por outros materiais. Em seu voto, o ministro Marco Aurélio fez uma ironia dizendo que se recusava a usar o termo amicus curiae por que "eles só dão trabalho à corte".

“Não se pode fazer pensar que toda letalidade é apenas daquele tipo alibólico”, afirmou. O advogado lembrou que, nos Estados Unidos, o amianto crisotila é usado apenas na indústria bélica e na produção de freios especiais, sendo que seu uso está restrito a  apenas 15 mil toneladas por ano. Roberto Caldas disse também que  a Organização Mundial de Saúde contabiliza 107 mil mortes decorrentes do amianto a cada ano.
Também contrários às ADIs, os advogados Mauro de Azevedo Menezes, da Associação Brasileira de Expostos ao Amianto( ABREA) e Oscavo Cordeiro Corrêa Netoda Associação Brasileira das Indústrias e Distribuidores de Produtos de Fibrocimento  (Abifibro), repetiram que a Organização Mundial de Saúde e a Organização Internacional do Trabalho reiteraram que toda espécie de amianto é “altamente nociva”. “A última racio do amianto é a morte de trabalhadores atados a um tubo de oxigênio”, disse Menezes.
O advogado da Abrea observou que muitas das fabricantes que se servem da substância procedem com a celebração de acordos extrajudiciais antes do adoecimento de seus funcionários. Menezes disse que, por se deparar com essa realidade no cotidiano, magistrados e procuradores do Trabalho resolveram entrar como amicus curiae nas duas ADIs.
O sub-procurador-geral da República Francisco de Assis Vieira Sanseverino observou que, em parecer anterior, o Ministério Público Federal tinha entendimento pela procedência de ambas as ações. Contudo, o atual procurador-geral, Roberto Gurgel, reformulou o posicionamento do MP, concluindo pela improcedência das ações.
Para Sanseverino, é preciso que o Judiciário prestigie mais leis locais em detrimento da centralização de poder pela União. “A partir de 1930, no Brasil, temos uma tendência centralizadora”, afirmou ao observar que a Carta de 1988 estabeleceu a competência concorrente dos estados por meio de Leis Complementares. “Salve menor juizo, a lei federal é lei de proibição”, disse.  O subprocurador observou que, frente à dúvida e a tantos estudos com conclusões antagônicas, cabe a in dubio prosociedade, ou seja o banimento do amianto crisotila para evitar riscos.
Antes do encerramento da sessão, o ministro Gilmar Mendes, que não votou, observou que ficou claro que o diploma federal "não permite a proteção devida" que devia reger a disciplina da matéria. Na linha do ministro Marco Aurelio, Gilmar Mendes observou que uma decisão pelo banimento poderá dar margem para que se estenda proibições análogas, afetando até mesmo a "paz federativa", frente a insegurança promovida pelo déficit normativo.  "Vamos substituir o achismo do legislador pelo nosso achismo?", questionou. "Se é para dar palpite, que seja o legislador, que pode fazer um experimento e voltar a atrás", disse. 
Reportagem de Rafael Baliardo
foto:rdnoticias.com.br

Para você saber mais sobre amianto

Alunos de Ciência da Computação da UnB criam software para alfabetizar quem tem deficiência intelectual


Tiago Galvão (foto acima) e Renato Domingues concluíram com chave de ouro o curso de Ciência da Computação da Universidade de Brasília. Como trabalho final, idealizaram, projetaram e executaram um software livre voltado à educação de adultos com deficiência intelectual, com o objetivo de melhor integrar esses cidadãos à sociedade. Não é à toa que o programa foi batizado de Participar.
Galvão e Domingues contaram com orientação de Wilson Henrique Veneziano, professor de Ciência da Computação da UnB que se transformou no coordenador do projeto. Tiveram também auxílio de Maraísa Helena Pereira, pedagoga da Coordenadoria de Educação Inclusiva da Secretaria de Educação do Distrito Federal. Ela os ajudou a afinar o potencial pedagógico do software.

O Participar é multimídia e gratuito. Funciona como apoio à alfabetização e comunicação de jovens e adultos com deficiência intelectual. Em testes desde 2011, foi lançado oficialmente em julho deste ano pela UnB. A própria equipe de desenvolvimento financiou a criação do programa. “A equipe trabalha com muito respeito à causa das pessoas com deficiência, inclusive arcando com os custos”, diz o coordenador.
Durante a fase de testes, o Participar teve como parceiros a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) do Distrito Federal e a Secretaria de Estado de Educação do Governo do Distrito Federal (GDF). O programa traz cerca de 600 vídeos, todos produzidos pela equipe da UnB TV. Foram gravados com dois adultos com síndrome de Down. Como uma das propostas é preparar alunos para o uso de redes sociais, esses vídeos simulam conversas pela internet. “Todos foram validados em casos reais de uso”, reforça o Veneziano.
O Participar foi concebido com base em requisitos educacionais do público-alvo, não em adaptações feitas a partir de produtos para outros tipos de educandos. Por isso, os recursos multimídia abordam detalhes da rotina e traz personagens com síndrome de Down, sem infantilização. O software tem ferramentas motivacionais e de interatividade entre o professor e o educando. Também contém orientações ao professor. E, importante, pode ser utilizado em computadores modestos, existentes nas Apaes e escolas públicas, operem em plataformas proprietárias ou em Linux.
Os testes e validações foram feitos em casos reais, por professores especializados em alfabetização de adultos com deficiência intelectual e por alunos com deficiência. Atualmente, é utilizado na Apae-DF e em escolas do DF. A meta final do Participar é que, após o processo de alfabetização dirigido, o educando seja capaz de se comunicar por meio de computadores, em especial via redes sociais (comunicação alternativa). Outro objetivo é possibilitar que o educando, após avaliação por equipe multidisciplinar, possa frequentar cursos de preparação para o mercado de trabalho.
O desenvolvimento não acabou com seu lançamento. Continua a avançar, e por isso a equipe busca apoio financeiro. Os desenvolvedores estão em contato com órgãos governamentais financiadores de pesquisa científica e inovação tecnológica. Caso obtenham verba, pretendem produzir outros módulos e introduzir mais funcionalidades ao software, tais como ensino de letras cursivas e matemática social, que é a “matemática do dia a dia, necessária para fazer compras, calcular troco, tomar ônibus e metrô, controlar horários de medicação”, explica Veneziano. Se o dinheiro saísse hoje, os novos módulos ficariam prontos no final de 2013.
A versão atual do Participar não depende de conexão à internet. Mas está em preparação uma nova versão para tablet e para uso online. O grupo também prepara um curso de capacitação de professores para alfabetizar adultos com deficiência intelectual. “Uma área altamente carente de profissionais especializados no Brasil”, argumenta o professor. O curso será aplicado por meio de métodos de Educação a Distancia (EAD), para cobrir todo o país. “Mostrará aos professores como desenvolver práticas pedagógicas com o uso de materiais tradicionais associados ao software Participar”, detalha Veneziano. Ele acrescenta que, apesar de não ser o foco do projeto, o programa pode ser usado em trabalhos de estímulo mental e reforço a idosos com demência e perda cognitiva.  
Para disseminar o uso do Participar, estão sendo firmados acordos com escolas públicas de outros estados, por meio das secretarias estaduais de educação, que replicariam e distribuiriam os CD-ROMs. De seu lado, a rede Apae providencia mecanismos próprios para distribuir o software nas unidades de todo o Brasil. Também está em negociação a possibilidade de levar o Participar a escolas públicas de países africanos de língua portuguesa. 


Reportagem de Anamarcia Vainsencher
fonte:http://arede.inf.br/edicao-n-86-novembro-2012/5090-desenvolvimento-tecnologico-vai-uma-ajuda-dos-universitarios
foto:movimentodown.org.br

Entrevista com Frei Betto: “É mudando o mundo que a gente se transforma”

Entrevista realizada por Júlia Magalhães com Frei Betto (foto abaixo) que busca uma síntese que combine valorização das atitudes pessoais com produção de grandes reformas sociais, como a agrária e a política.


Ligado à Teologia da Libertação, escritor e assessor de movimentos sociais, Frei Betto já tinha uma longa história de luta política quando se tornou assessor especial do presidente Lula e coordenador de mobilização social do programa Fome Zero, em 2003 e 2004. Preso pelos militares entre 1969 e 1973, recebeu em 1982 o Prêmio Jabuti pelo livro Batismo de Sangue, em que descreve a participação dos frades dominicanos na resistência à ditadura. A entrevista publicada a seguir é o resultado de um diálogo com a jornalista Júlia Magalhães, no âmbito da pesquisa sobre a participação política no Brasil que o instituto Ideafix realizou para o IDS (Instituto Democracia e Sustentabilidade).

Qual é sua percepção sobre a participação política do cidadão brasileiro?
Diria que, no geral, o brasileiro se interessa pouco por política e acaba entrando no engodo dos políticos, que procuram passar o sentimento de nojo pela política. Quem tem nojo da política é governado por quem não tem. Tudo o que os maus políticos querem é que a gente tenha bastante nojo, para que fiquem à vontade nas suas maracutaias.
Contudo, me surpreendeu a mobilização através das redes sociais no 7 de setembro [de 2011]. Até então, só evangélicos, gays e os que são a favor da liberação da maconha ocupavam as ruas. Foi muito positivo ver em várias cidades do Brasil a manifestação contra a corrupção, pela transparência dos votos dos deputados e senadores, pela reforma política, pela reforma agrária, pela auditoria da dívida externa.
Temos infelizmente uma democracia meramente delegativa: vamos às urnas a cada dois anos delegar a nossa representação a um vereador, deputado, presidente, mas temos muito pouco grau de participação. Estamos ainda longe de uma democracia verdadeiramente representativa, principalmente dos setores populares, e mais longe ainda de uma democracia participativa em que sociedade política e sociedade civil dialoguem de igual para igual.
Como o cidadão pode participar de forma mais efetiva?
Haveria dois canais prioritários: primeiro as escolas, que são unidades políticas, mas não têm consciência disso. Elas acabam deixando seus alunos vulneráveis à mídia, principalmente à tevê e à internet, em termos de formação política. O segundo seria a própria mídia, se ela tivesse interesse em formar cidadãos. Mas a mídia tem interesse em formar consumistas, porque é movida pela publicidade. A cidadania tem um espírito crítico, e o espírito crítico é um antídoto ao consumismo. A consciência cidadã da nação brasileira melhoraria muito se o ministério da Educação, os diretores e professores, os donos de escolas tivessem consciência de que a escola deve formar prioritariamente cidadãos, não consumistas e não mão de obra qualificada para o mercado de trabalho.
Você citou questões importantes. Quais os grandes temas que mobilizam a sociedade brasileira, hoje, a seu ver?
Infelizmente os temas que mobilizam a sociedade brasileira não são os que interessariam. Gostaria que a sociedade brasileira se mobilizasse pela reforma agrária, pela reforma política, por reformas de estrutura que o Brasil deseja desde que me entendo por gente. A estrutura fundiária do Brasil nunca foi mexida. Somos, com a Argentina, os dois únicos países das três Américas que nunca passaram por uma reforma agrária. As pessoas se mobilizam pela liberalização da maconha, por fatores evangélicos etc – tudo bem, é um direito delas. Mas infelizmente não se mobilizam por uma reforma política que acabe de fato com a impunidade e a imunidade dos políticos. Não adianta só sairmos nas ruas e gritar “abaixo a corrupção”. Qualquer pressão nesse sentido é positiva, mas insuficiente: a corrupção só vai acabar no momento em que houver mecanismos institucionais capazes de coibir e punir os corruptos e os corruptores. Falta essa consciência na sociedade brasileira.
Existe um discurso bastante presente na atualidade, que é de descrença nas instituições e busca por transformação através dos indivíduos. Qual é sua opinião a respeito?
A Igreja investiu durante séculos nessa utopia de que, mudando as pessoas, mudaríamos o mundo. Basta ver os colégios católicos, dos quais saíram notórios políticos corruptos. O método inverso foi tentado pelo socialismo soviético e não deu certo. Portanto, as estruturas e as pessoas mudam umas às outras.
A questão não é o que vem primeiro, o ovo ou a galinha: são as duas coisas. As pessoas só mudam mudando o mundo. Explico: não adianta querer que seu filho não jogue a caixa de chicletes na rua, se você joga um maço de cigarros, porque a criança é mimetista. Não adianta querer que os políticos não sejam corruptos se eles sabem que não há punição para a corrupção. Então precisamos criar um projeto de sociedade na qual desvios como a corrupção e o nepotismo sejam rigorosamente punidos – e mudar, ao mesmo tempo, os padrões do sentido da vida humana.
Hoje a vida humana está reduzida à busca do prazer, no sentido hedonista da riqueza, do poder, e não das virtudes subjetivas. Isso está levando a uma desumanização que é setorizada pelo crescimento do consumo de drogas. No fundo, o que o drogado está dizendo é: “quero ser feliz e sei que a felicidade não está fora de mim. Mas, como não tenho um sentido de vida que me provoque um ânimo, um entusiasmo, busco na química esse efeito”.
Como é possível mudar isso, você vê um caminho?
Volto a dizer: através da escola e da mídia. Mas, para isso, seria preciso ter um Estado que regulasse a mídia, ignorando essa falácia de que regular mídia é censura. Na verdade, censura é quando um determinado canal de televisão convoca um grupo de formadores de opinião para um debate e determina a exclusão de Frei Betto – porque ele é progressista, de esquerda, solidário a Cuba. Isso é censura, democracia da boca para fora. Na hora de debater o 11 de setembro, a crise econômica, a guerra da Líbia nos grandes veículos de comunicação, você não vê opiniões divergentes.
Um fato recente demonstra bem o que estou dizendo: enquanto os juros subiam, o Banco Central era autônomo. Agora que os juros caem, o Banco Central perde autonomia. Na verdade, a queda dos juros não interessa ao setor financeiro, então eles inventam essa falácia de que é perda de autonomia do Banco Central.
Esse é um discurso sobre liberdade bastante presente. Queria que você falasse mais sobre isso.
Por exemplo, você lê uma coisa no jornal e fica indignada: que liberdade de expressão tem para contestar? É liberdade deles, para eles. A população tem muito pouco canal de manifestação. A democracia existe para uma minoria que tem poder aquisitivo. Que liberdade tem uma faxineira cuja família mora no Nordeste de visitar essa família? Que garantia tem de que o filho dela vai chegar à universidade?
Estamos falando em liberdade para uma minoria, esses 8 milhões de brasileiros que pagam impostos – mas somos quase 200 milhões! Liberdade, hoje, no Brasil, é ir ao mercado escolher sua marca de cerveja. Não se pode escolher entre diferentes modelos de sociedade. Sequer é permissível que democracia e capitalismo não sejam considerados sinônimos.
O consumo é um grande tema, hoje?
Sim, porque estamos cada vez mais reduzidos a um consumismo exacerbado que esgarça as relações humanas, que substitui os valores humanos por objetos. Ou seja: sou, perante você, tanto mais valorizado quanto mais bens eu consumo, ou tanto menos quanto menos bens eu possuo. São as mercadorias que eu porto que me agregam mais ou menos valor social. Isso é um processo de reificação do ser humano, de desumanização brutal. Temos que lutar contra isso.
E de que forma esse apelo ao consumo se reflete na política?
O apelo ao consumo cria condicionamentos, cria consciência. Como os políticos são financiados por grandes empresas, são incapazes de proibir, no Congresso Nacional, que no Brasil uma criança possa ser ator ou atriz de peças publicitárias; ou que a publicidade de alimentos notoriamente nocivos seja veiculada nos meios de comunicação. Os políticos estão com o rabo preso com essas grandes empresas que financiam suas campanhas, e aí o silêncio é conivência.
Qual sua opinião a respeito da discussão sobre o controle social das mídias no Brasil?
A mídia radiofônica e televisiva pertence à União – embora seja gerida como se pertencesse a determinadas famílias. E as concessões, que têm prazo determinado, são renovadas automaticamente. Então é preciso, sim, um grande controle social sobre a mídia.
Para um médico que faz uma safadeza, como o Roger Abdelmassih, que abusava de pacientes mulheres, existe um conselho de medicina que pune. Isso não existe na mídia. Se uma revista arrasa com você, você vai levar anos tentando processá-la, e dificilmente terá recursos para obrigá-la a reconhecer que mentiu a seu respeito. Um jornalista que notoriamente falseia notícias, degrada a imagem de pessoas do bem, dificilmente será punido; não conheço um único caso. Agora, conheço o caso de um veículo que recorrentemente emite uma imagem execrável de pessoas de bem, como a revista Veja.
A criação de um conselho para fazer o controle social das mídias, por exemplo, seria uma forma de participação política da sociedade?
Claro. Deve ser formado por pessoas que sejam independentes dos veículos de comunicação e entendam de formação de opinião, de mídia. E essas pessoas existem. Qual é o sentido de um programa como o Big Brother? A meu ver, é um programa perverso, jamais deixaria um filho, com menos de 16 anos, assistir àquele programa. Ele sequer tem um momento em que se discute um poema do Drummond, da Adélia Prado, nada. É absolutamente permissivo, pornográfico, um programa de animalização do ser humano – e no entanto tem a maior audiência da tevê brasileira.
Como você vê o jovem nesse contexto?
Os jovens acabam convencidos de que essas figuras consumistas de Big Brother etc. são seus ídolos. Alguns são vulneráveis a esse apelo pelo poder, riqueza e beleza; e sofrem muito porque esse apelo é para um em cada 10 mil. Os demais sofrem uma grande frustração, que gera depois depressão e consumo de drogas, porque não conseguem realizar os anseios embutidos na mídia.
E a questão das redes sociais?
As redes são o que há de mais democrático para veicular informação e mobilização, embora também veiculem violência, pedofilia, pornografia. Dois governos foram derrubados graças às redes sociais, o da Tunísia e o do Egito. A internet é um veículo que convoca, mas é muito aleatória, por isso acho que deveria haver um controle, um sistema pelo qual se pudesse evitar convocação de violência, vandalismo.
É o momento das escolas introduzirem a educação para a internet nos seus currículos. Não tem educação para a leitura, saber o que é um clássico? Então, tem que ter educação para a internet, para a televisão, para o olhar. Estamos em uma era imagética, e, no entanto, na escola a educação literária é mais forte que a imagética. É preciso despertar na garotada esse espírito crítico diante da telinha, seja da tevê, seja do computador; senão eles vão sofrer com um fluxo muito grande de informações e deformações, não conseguem estabelecer a síntese cognitiva, e acabam sendo vítimas inconscientes do próprio veículo que utilizam. Ficam sem referências.
O sociólogo polonês Zygmund Bauman diz que segurança sem liberdade é escravidão, e liberdade sem segurança é caos. Você concorda com isso?
Concordo, o problema é que estamos cada vez mais em busca de segurança. Nossa liberdade hoje é muito restrita, as pessoas têm medo da rua, do público, estão cada vez mais engaioladas em prisões de luxo. Estamos abrindo mão de nossa liberdade em nome da segurança – e isso é grave.
Nesse contexto de transformações, quais as mais significativas da sociedade brasileira nos últimos anos?
Em primeiro lugar o governo Lula, porque tirou 30 milhões de pessoas da miséria, acabou com a dívida externa, tornou o país soberano e independente, principalmente frente aos Estados Unidos e ao bloco ocidental. Estabeleceu programas sociais com recursos consideráveis, o que governos anteriores não tinham feito, e o sistema de crédito. O que mudou a face do país e permitiu que o Brasil tenha passado, até agora, pela crise financeira desencadeada a partir de de 2008, foi justamente o fato de o governo Lula ter estabelecido um sistema de crédito e de políticas sociais que veio a aquecer o mercado interno, que é muito robusto no Brasil. Foi o que vi de mais significativo no Brasil nos últimos anos.
E com relação ao exercício da cidadania?
Cresceu a consciência de cidadania, dos diretos do consumidor, dos direitos humanos, mas ainda estamos muito distantes de vencer preconceitos, discriminações. Talvez esses acirramentos – espancamento de homossexuais, crimes previstos na Lei Maria da Penha –, tudo isso seja sintoma de que estamos avançando, porque antes essas coisas aconteciam mas ninguém falava, e agora elas são notícia, passíveis de ação policial. Então creio que vem crescendo, sim, a consciência de que temos direito à cidadania, à pluralidade cultural, à diversidade religiosa, e não devemos fazer do divergente o diferente. Não devemos cair no fundamentalismo de uma postura que quer se impor a outra, mas praticar tolerância.
Em relação ao mercado de trabalho: as pessoas trabalham cada vez mais, às vezes doze, catorze horas. Como isso interfere na construção de uma sociedade?
Interfere na construção das relações familiares, porque os pais não dão atenção suficiente a seus filhos, não é reservado tempo para lazer, para atividades culturais. Até porque os grandes aglomerados urbanos de classe média-baixa não têm acesso a equipamentos sociais que lhes permitam curtir o esporte, a cultura, a arte. Você vai pela periferia são prédios e prédios, casas e casas, casebres e casebres, raramente vê um campo de futebol, um teatro, cinema então nem pensar. Praticamente o lazer do brasileiro é ver telenovela ou ir ao culto, à igreja, onde ele entra em contato com o transcendente, o mágico. Isso tem uma força muito grande no universo popular porque o ajuda a emergir das dificuldades e sofrimentos. Só uma pequena minoria tem acesso a uma ociosidade criativa.
Como vê a relação entre política e religião?
A política é a forma de organizar nossa convivência social e a religião é a forma de imprimir à nossa resistência um sentido transcendente. São coisas que se complementam em nossas vidas, mas nem sempre é fácil estabelecer as distinções para fazer a sadia conexão. Há muito fundamentalismo de um lado e de outro: aqueles que querem fazer da sua religião uma proposta política e aqueles que querem fazer da política uma verdadeira religião, com partidos que têm papas, cardeais, bispos, crenças, dogmas intocáveis.
Que desafios a relação entre política e religião nos coloca, levando em conta a diversidade de religiões e crenças?
O desafio é desenvolver uma cultura de tolerância religiosa – mas estamos longe disso. Algumas confissões religiosas têm tamanho domínio da mídia que inoculam o horror ao espiritismo, às tradições afro-brasileiras, como a mídia americana cria horror ao islamismo. Hoje, uma pessoa que se diz muçulmana é vista como potencialmente terrorista, tanto que, após 2001, cresceu enormemente o número de muçulmanos agredidos com muita violência, nos Estados Unidos. O simples fato de alguém parecer um muçulmano já é fator de suspeita, de preconceito.
O Brasil é um país enorme, com uma diversidade gigantesca. O que seria uma nova política que representasse todos esses grupos e realidades?
Para o Brasil ser um país melhor, o ponto número um é fazer uma reforma agrária. Para além de 100 quilômetros dos grandes centros urbanos, ainda se encontra muita miséria, absoluto abandono de educação e saúde. Só vamos vencer esse contraste e evitar a inchação das cidades, como vem ocorrendo, no dia que houver reforma agrária. Ela é uma exigência de modernização do capitalismo brasileiro – não estou nem falando de socialismo.
Enquanto o Brasil não mexer na sua estrutura social, a desigualdade vai permanecer. Você pode até fazer essas políticas, como o Lula e a Dilma estão fazendo, de atenuar os grandes problemas. Atenuar, não resolver. Por exemplo, se o Bolsa Família acabar hoje, essas famílias que dependem da União vão voltar para a miséria, porque o Bolsa Família não conseguiu realizar aquilo que o Fome Zero se propunha fazer, que era tornar as famílias produtoras da própria renda. O próprio governo que criou o Fome Zero acabou com ele, transformou um programa que era emancipatório em um programa compensatório, como o Bolsa Família. Então você tem melhorias que não são estruturalmente asseguradas.
Você imagina novas formas de fazer política?
Quero uma reforma política que mude a estrutura do país: o financiamento público de campanha, fim do caixa dois, punição severa a quem praticar isso; fim dos lobbies do grande capital, de bancos, indústrias; Ficha Limpa rigorosa – isso seria uma reforma política. Também a proporcionalidade de representação da população de cada estado: é um absurdo um estado como o Amapá eleger o mesmo número de senadores de um estado como São Paulo. É preciso limpar a estrutura política brasileira, tem muito resquício da ditadura. Estabelecer a fidelidade partidária, acabar com o voto secreto – elejo um deputado e não sei como ele votou no processo da deputada corrupta que foi filmada prostituindo-se politicamente. Política tem que ser transparente e é preciso que haja uma lei garantindo isso – o que só vai acontecer com pressão popular.
Existem hoje mecanismos de “transparência” que disponibilizam as contas governamentais, mas a população muitas vezes não sabe nem fazer a leitura daquilo.
E mesmo fazendo a leitura, você jamais desconfiaria que no ministério dos Transportes houve desvio de 628 milhões de reais, porque o que está lá parece tudo certinho, depois é que a investigação mostra que não. É preciso aprofundar o sistema de transparência no país, como também a Comissão de Ética da República, que não pune ninguém, é sempre conivente e leniente com os corruptos.
Que valores caracterizariam esse novo modelo?
Primeiro, você jamais permitir que alguém com ficha suja ou processo na justiça seja candidato. Segundo, que, em sendo candidato, faça como foi aprovado agora na Espanha: seja obrigado a abrir sua contabilidade, seu patrimônio. Terceiro, que todas suas atitudes sejam públicas, nada secreto. Não sou especialista, mas como cidadão creio que é preciso uma reforma política que acabe com a impunidade e a imunidade desses políticos.
Você consegue identificar pessoas que possam refletir esses anseios?
Claro. Fábio Comparato, Dom Paulo Evaristo Arns, Ricardo Kotscho, Washington Novaes, Samuel Pinheiro Guimarães, Raduan Nassar, Chico Buarque, enfim, tem milhares de pessoas honestas, transparentes, corajosas. Uma Adélia Prado, Fernanda Montenegro, gostaria que elas fossem chamadas a opinar numa instância da República. O Brasil está cheio de pessoas íntegras, honestas, acima de qualquer suspeita.
Como você vê a vida e a coabitação das futuras gerações neste pequeno planeta?
A curto prazo, minha visão é pessimista. Acho que a crise financeira vai se agravar, os miseráveis vão invadir cada vez mais o espaço dos ricos, dos que estão bem de vida – porque não há muro, não há polícia, não há lei que detenha o fluxo do mundo do pobre para o mundo do rico. É uma questão de sobrevivência, e quando se trata de sobrevivência a legalidade vem abaixo. Vão crescer os grupos de direita, os governos despóticos, os preconceitos, os fundamentalismos de ambos os lados. Isso tudo vai se agravar daqui para 2020.
Não sei o que vai ser do futuro, mas talvez seja necessário passar por esse inferno para cair a ficha de que precisamos criar um novo modelo de sociedade. Uma sociedade baseada em outros parâmetros, e não no preconceito, na imposição, na guerra, no belicismo, no consumismo. Antigamente um rádio durava uma geração inteira, hoje um aparelho de última geração se torna anacrônico em dois anos, superado. O computador, então, nem se fala.
Estamos reciclando objetos, mas também estamos reciclando pessoas e valores. Hoje as relações pessoais estão sendo mercantilizadas. Isso já ocorria nas relações de trabalho, mas agora se transfere para a vida social. O outro passa a ser encarado como alguém que, de alguma maneira, deve corresponder aos meus interesses, sem que se criem vínculos de alteridade, parceria e solidariedade.
Uma sociedade baseada em outros parâmetros implicaria outro sistema de produção?
Claro, de produção e sobretudo de distribuição, para evitar que a excessiva riqueza seja acumulada nas mãos de poucos. Na minha opinião isso é um acinte, e não um direito. Precisaríamos promover a distribuição de renda, acabar com o direito de herança, pelo menos na proporção atual; no caso de herança acima de determinado patamar, 80% deveriam ir para o Estado, como o governo francês determinou em setembro de 2012 [75%].
Aplicar mais em educação e saúde. As pessoas pagam impostos excessivos, mas não têm um mínimo de direitos sociais, como acontece na Suécia, na Finlândia, na Alemanha – nesses países você paga muito imposto mas está seguro de que, precisando, vai ter retorno. Precisamos de mudanças profundas de institucionalização e de mentalidade.



fonte:http://www.outraspalavras.net/2012/10/30/e-mudando-o-mundo-que-a-gente-se-transforma/
foto:luizmullerpt.wordpress.com

Senado aprova projeto que define crimes cibernéticos


Infrações relacionadas ao meio eletrônico, como invadir computadores, violar dados de usuários ou derrubar sites estão mais perto de se tornarem crimes. Foi aprovado no Senado ontem (31) o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 35/2012, que altera o Código Penal (Decreto-Lei 2.848/1940) para tipificar como crime uma série de delitos cibernéticos. O projeto havia sido aprovado pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do Senado em agosto mas, por falta de consenso, só agora foi a votação em Plenário. Como recebeu emendas na Casa, a matéria segue para revisão da Câmara dos Deputados.
De autoria do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), a proposta torna crime a violação indevida de equipamentos e sistemas conectados ou não à rede de computadores, com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização do titular, ou ainda para instalar vulnerabilidades.
Os crimes menos graves, como “invasão de dispositivo informático”, podem ser punidos com prisão de três meses a um ano, além de multa. Condutas mais danosas, como obter pela invasão conteúdo de “comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informações sigilosas” podem ter pena de três meses a dois anos de prisão, além de multa. O mesmo ocorre se o delito envolver a divulgação, comercialização ou transmissão a terceiros, por meio de venda ou repasse gratuito, do material obtido com a invasão.
Relator da proposta na CCT, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) ressaltou em Plenário a importância da matéria. "Essa é uma iniciativa inovadora, que visa tipificar este crime cada vez mais comum na sociedade moderna e que preocupa milhares de brasileiros. E o Senado dá um passo importante ao aprovar esta matéria", elogiou.
O senador era um dos principais defensores do projeto, sob o argumento de que cada vez mais pessoas usam o meio eletrônico, não apenas para comunicações individuais, mas também para transações comerciais e financeiras. Diante disso, proliferaram os crimes pela internet, como a obtenção e divulgação de fotos íntimas e fraudes financeiras. Estima-se que, em 2011, as instituições financeiras tiveram prejuízos de cerca de R$ 2 bilhões com delitos cibernéticos.

Código Penal
A falta de consenso para aprovação do PLC 35/2012 no Senado teve mais a ver com forma do que com conteúdo. Os senadores reconheciam a importância de se criar no Código Penal a figura do crime cibernético, mas alguns parlamentares defendiam que a mudança na lei deveria fazer parte do projeto de revisão do Código Penal (PLS 236/2012), em análise na Casa, e não constar de uma proposta específica.

A preocupação dos membros da comissão especial que analisa a proposta de novo Código Penal era de que, com a votação de projetos isolados, a proposta de reforma ficasse esvaziada.
O argumento para dar aos crimes cibernéticos tratamento distinto das demais mudanças a serem feitas no Código Penal é de que, neste caso, há grande urgência. A população, segundo os senadores favoráveis ao projeto, não pode mais continuar desprotegida devido a uma lacuna na legislação.


Reportagem de Paola Lima
fonte:http://arede.inf.br/noticias/5092-senado-aprova-projeto-que-define-crimes-ciberneticos
foto:marapauladearaujo.blogspot.com