25/08/2015

Conservadorismo faz Plano Municipal de Educação de SP recuar no respeito às diferenças

Ayuda en Acción. Campaña Mundial por la Educación ‘Yo voto por la educación ¿y tú?’
Nesta terça-feira (25), os vereadores de São Paulo devem aprovar de maneira definitiva o Projeto de Lei (PL) do Plano Municipal de Educação (PME), que estabelecerá metas e estratégias para a educação oferecida pela rede municipal nos próximos dez anos. O texto deverá passar pelo plenário da Câmara de Vereadores, que o aprovou em 1ª votação no último dia 11, sem a previsão de aumento de recursos e sem o combate à discriminação e desigualdade de gênero.
O texto atual do PME vai contra o PL aprovado na Comissão de Educação, Cultura e Esportes da Câmara de Deputados, que previa aumentar o financiamento educacional e implementar metas e estratégias para a garantia da igualdade de gênero, entre outras propostas para assegurar a melhoria da educação no município.
“Hoje, nós temos 31% dos recursos investidos na educação. Nós defendemos que o Plano garanta, ao final dos dez anos, o mínimo de 35% que é um patamar razoável considerando o orçamento do município e a necessidade de se atender às outras secretarias”, defendeu o relator do PME na Comissão de Educação, Toninho Vespoli (Psol), que foi um dos dois vereadores a votarem contra o documento aprovado na última audiência.
Igualdade de gênero
Com a discussão dividida entre integrantes de grupos religiosos conservadores de um lado e educadores e defensores dos direitos humanos do outro, a maior parte do debate ocorrido no primeiro dia de votação foi destinada a discutir a inclusão ou não de metas relacionadas ao combate à discriminação e desigualdade de gênero no Plano.
“Vamos propor mudanças para que a luta pela intolerância a qualquer tipo de preconceito esteja presente no PME, mas não a palavra ‘gênero’ que dá margem a muitas interpretações”, defendeu o vereador Eliseu Gabriel (PSB) que votou a favor do projeto em primeira votação.
Já segundo a vereadora Juliana Cardoso (PT), a bancada de seu partido não vai apresentar emendas que citem as palavras “gênero, sexualidade e diversidade”. “A bancada do PT vai apresentar emendas relacionados à melhoria do financiamento, à diminuição do número de alunos por professor e ao atendimento de vagas nas escolas”, destacou Juliana afirmando que se necessário votará contra a proposta do Plano, caso não sejam incluídas as metas e estratégias referentes à igualdade de gênero.
Em meio às manifestações de grupos a favor e contra a igualdade de gênero do lado de fora da Câmara, a presidenta do Grupo de Resistência de Travestis e Transexuais Ativistas de São Paulo (GRETTA-SP), Aline Marques, defendeu a inclusão do tema como forma de assegurar o acesso educacional a toda a população: “Hoje, com 37 anos, eu voltei a estudar e nós sempre marcaremos presença, não vamos perder a esperança”. E acrescentou: “nós somos irmãos, amamos vocês e queremos que tenham o mesmo amor por nós”, afirmou ao microfone Aline, em resposta aos discursos que vinham do carro de som dos grupos que defendiam a exclusão de políticas contra a discriminação e desigualdade de gênero.
14 anos de espera
Desde 2001, com a aprovação do 1º Plano Nacional de Educação (PNE), a legislação nacional prevê que estados e municípios devem construir seus Planos de Educação. No entanto, a cidade de São Paulo ainda não aprovou o documento mesmo tendo realizado mais de duas mil atividades sobre o PME.
O educador e militante do Movimento Negro Unificado (MNU), José Adão Oliveira, explica que a principal reivindicação da sociedade civil é que o Plano garanta uma educação pautada no respeito a todos os cidadãos. “Respeito é ter o financiamento suficiente; o menor número de alunos por professor; e os direitos humanos no que se refere, por exemplo, à questão racial e, em especial, à questão de gênero”, defendeu Adão, também participante da campanha Educação Pra Valer, que tem divulgado informações sobre o PME nas redes sociais.
Para a assessora da iniciativa De Olho nos Planos, Ananda Grinkraut, é necessário que a população pressione os vereadores na votação do PME: “só a participação da sociedade é que vai garantir que a Câmara aprove um Plano sem retrocessos e com metas construídas pela sociedade em fóruns, conferências e audiências públicas, realizadas principalmente a partir de 2008”.

Reportagem de Gabriel Maia Salgado
fonte:http://www.brasildefato.com.br/node/32750
foto:http://enpositivo.com/2015/04/ayuda-en-accion-campana-mundial-por-la-educacion-yo-voto-por-la-educacion-y-tu/

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