
Uma nova vacina contra a meningite A mostrou-se eficiente em
testes em larga escala realizados durante uma epidemia da doença em 2012, no
Chade, norte da África. Segundo estudo publicado ontem na revista
The Lancet, a vacina foi aplicada em 1,8 milhão de pessoas, que viviam em três
regiões do país, em 2011. Entre essa população não foi registrado nenhum novo
caso de meningite A durante o surto do ano seguinte. Mesmo levando em conta
todos os tipos de meningite, os casos registrados em 2012 caíram 94% em relação
ao resto do país.
A meningite meningocócica é uma doença de origem bacteriana,
que causa a inflamação das meninges, a membrana que envolve o cérebro e a medula
espinhal. Ela pode provocar graves lesões cerebrais e ser fatal, se não
tratada. Vários tipos de bactérias podem causar a doença, mas a principal é a
meningocócica do sorogrupo A, responsável por cerca de 80% a 85% dos casos na
África — onde epidemias acontecem regularmente. Crianças e adolescentes são os
mais expostos à doença.
A nova vacina —
que recebeu o nome de MenAfriVac — foi licenciada em 2009, na Índia. A partir
daí, começou a ser aplicada em diversos países do Cinturão da Meningite, região
africana que se estende do Senegal à Somália e reúne 450 milhões de pessoas em
risco de serem infectadas pelo meningocócico de tipo A. Na última epidemia
registrada, em 2009, pelo menos 88.000 casos suspeitos foram diagnosticados,
incluindo 5.300 óbitos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Desde
então, mais de 100 milhões de pessoas já foram vacinadas, mas esse é o primeiro
teste da eficácia da vacina feito em meio a um surto e em uma escala tão
grande.
Testes — Os
pesquisadores compararam o índice de incidência da meningite entre os
indivíduos que haviam recebido a vacina no final de 2011, nos três estados no
Chade, com indivíduos do resto do país, que não receberam a imunização. Em
2012, a incidência de qualquer tipo de meningite na região vacinada foi de 2,47
para cada 100.000 habitantes, enquanto no resto do país a taxa foi de 43,8 para
cada 100.000 — uma redução de 94%.
Mais surpreendente ainda, a imunização preveniu
completamente a infecção da meningite A na região, mesmo entre indivíduos novos
ou velhos demais para receber a vacina. Isso pode ser explicado pelo fato de a
vacinação ter diminuído a quantidade da bactéria sendo carregada e transmitida
pela população.
Segundo os pesquisadores, a vacina pode ajudar a eliminar a
doença do Cinturão da Meningite, salvando a vida de milhares de pessoas.
"A pesquisa fornece um sinal extremamente encorajador para todos os países
que ainda não introduziram a vacina. Nós ainda estamos no meio desse processo
de introdução, mas já temos resultados extraordinários", afirmou o diretor
do Departamento de Vacinação da OMS, Jean-Marie Okwo-Bele.
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