10/12/2012

O universo da cirurgia plástica



Cirurgias plásticas: começou a temporada de busca pela perfeição

Uma grande parcela dos corpos perfeitos que desfilam nas praias no verão é resultado de uma maratona que passa longe das academias de ginástica. Começa meses antes, durante o outono e o inverno. Todo ano, nesse período, as clínicas de cirurgia plástica têm um movimento até 40% maior graças a pacientes que procuram principalmente lipoaspiração, aumento dos seios, abdominoplastia e correções no nariz e nas pálpebras.
Para se ter uma ideia do volume a mais que as cirurgias de inverno representam, segundo os dados mais recentes, divulgados pela Sociedade Internacional de Cirurgiões Plásticos Estéticos, os mais de 5.000 cirurgiões plásticos brasileiros realizaram 1,6 milhão de cirurgias em 2009,  quase 17% de todos os procedimentos cirúrgicos realizados no Brasil. O Brasil é o segundo país onde são realizadas mais cirurgias plásticas, com 1.592.106 procedimento por ano. Só fica atrás dos Estados Unidos, com 1.620.855.
A preferência pelo intervalo entre o fim de maio e o começo de agosto se dá por razões práticas e médicas. Os três meses que separam o período do verão são suficientes para os pacientes se recuperarem plenamente e evitar os efeitos potencialmente nocivos do sol e do calor durante o pós-operatório. "Nessa época, é natural que exista uma menor exposição ao sol. Isso ajuda a evitar possíveis manchas na pele e na cicatriz", explica o cirurgião plástico Miguel Sorrentino. Além disso, quando a temperatura ambiente está mais elevada há vaso dilatação — e consequente maior inchaço.
Os dias abafados do verão ainda representam um incômodo extra para quem se submete a uma cirurgia plástica. A cinta usada depois da operação é grossa, apertada e esquenta muito. A esses fatores junta-se o fato de que as férias escolares aumentam o tempo de repouso dos pacientes, já que não precisam levar e buscar os filhos diariamente.
As férias podem ser ainda uma saída para driblar o choque da mudança. Ao se ausentarem por um tempo da vida social e profissional, os pacientes conseguem esconder o período de inchaço e marcas. "Quando retornam de férias, com o rosto retocado ou depois de uma lipo, é mais fácil passar despercebido", diz Ronaldo Golcman, chefe da equipe de cirurgia plástica do Hospital Israelita Albert Einstein.
Os homens também usam o inverno para esse tipo de 'escapada'. De acordo com o último censo feito pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), referente a 2008, eles respondiam por 12% do total de cirurgias plásticas realizadas no país. "Atualmente, esse porcentual já deve chegar aos 15%", diz José Horácio Aboudib, presidente da SBCP. Entre os procedimentos mais procurados estão o implante de cabelo, a lipoaspiração e as cirurgias de pálpebra e de face.
Transformação – Para aproveitar as vantagens de operar no inverno, alguns pacientes optam por fazer mais de um procedimento ao mesmo tempo. As associações mais comuns são aquelas feitas em regiões do corpo que estão próximas, como mama e barriga. “Essas duas áreas evidenciam uma a outra. Se você tem uma deformidade na mama e uma barriguinha, a operação na mama vai chamar a atenção para a barriga”, diz Golcman. Mas é possível ainda, sem aumento de riscos ao paciente, realizar uma cirurgia na região do tronco, como o abdome, e outra no rosto. "Não é frequente, mas é algo que pode ser feito", diz.
Operações muito longas, entretanto, não são recomendadas. Isso porque elas podem potencializar os riscos inerentes a qualquer procedimento cirúrgico. De acordo com os especialistas, o ideal é que a plástica não passe de cinco horas. Acima disso, aumentam os riscos de complicações, como possíveis casos de tromboses e de hipotermia.
Plásticas sucessivas também representam perigo. Toda operação cria um tecido de cicatrização. Qualquer cirurgia no mesmo local que aconteça depois é mais complicada. “Há riscos dessa segunda cicatriz ter uma 'qualidade inferior': a cicatrização pode ser pior, ela pode ficar mais feia, pode demorar mais para fechar. Quando, por exemplo, são feitas três operações no mesmo lugar, há risco de necrose do tecido local, de depressões, de perda de elasticidade, da cicatriz ficar alargada (em vez de um risquinho, fica uma faixa mais larga) e de uma menor vascularização", afirma o cirurgião Alan Landecker, membro da Sociedade Internacional de Cirurgiões Plásticos Estéticos.
Hora extra – De maio a agosto, o número de cirurgias aumenta tanto que algumas clínicas chegam a ter dificuldades para marcar novos procedimentos. Na clínica onde trabalha o cirurgião André Colaneri, para ser atendido nessa época do ano, o paciente precisa marcar a operação com mais de um mês de antecedência. “Em média, faço 18 cirurgias por mês. Mas só em julho do ano passado fiz 30”, diz.
Os grandes centros também costumam sentir a diferença do período. Ano passado, por exemplo, o Hospital Albert Einstein teve 39% mais plásticas no período de maio a agosto, comparado ao quadrimestre de dezembro a março (verão). Para responder a essa demanda, os cirurgiões costumam aumentar a jornada de trabalho, atendendo em finais de semana e feriados. Há casos ainda onde há uma reformulação no processo de trabalho, como na clínica Ivo Pitanguy, no Rio de Janeiro. No local, os atendimentos de consultório e do pós-operatório costumam ser redirecionados a colaboradores devidamente treinados.
Reportagem de Aretha Yarak e Guilherme Rosa
fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/saude/comecou-a-temporada-de-cirurgias-plasticas
foto:plasticaebeleza.com.br

Médicos discutem medidas para aumentar a segurança de cirurgia plástica
Em um fórum médico realizado na última sexta-feira em Brasília, representantes da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) defenderam medidas que, de acordo com a entidade, promoveriam maior segurança a pacientes submetidos a operações estéticas e reduziriam o número de casos de cirurgias mal sucedidas. Para a sociedade, somente profissionais com especialização em cirurgia plástica e reconhecidos pela SBCP deveriam ser autorizados a realizar esse tipo de procedimento — atualmente, nenhuma lei proíbe que um médico de outra especialidade o faça.
Ser um cirurgião plástico reconhecido pela SBCP significa ter cursado os seis anos da graduação em medicina e outros cinco de pós-graduação, sendo dois deles de especialização em cirurgia geral e os outros três em plástica. A sociedade ainda exige que, na especialização, o futuro cirurgião receba um treinamento de 40 a 60 horas semanais e seja aprovado em uma prova escrita e outra oral aplicada pela própria SBCP.
Os membros da sociedade também defendem que nem todas as cirurgias plásticas possam ser realizadas em clínicas de pequeno ou médio porte. De acordo com José Horácio Aboudib, presidente da SBCP, a ideia é que um paciente submetido a mais do que duas operações estéticas de uma só vez, ou então a algum procedimento mais longo, por exemplo, somente pudesse ser operado em hospitais grandes. O mesmo vale para a lipoaspiração. "Se houver algum problema de perfuração nesse procedimento, os médicos devem partir para uma cirurgia geral, a qual uma clínica pequena não tem condições de realizar", disse Aboudib ao site de VEJA.
Também estiveram presentes no encontro representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM), da Associação Médica Brasileira (AMB), da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Conselho Nacional de Justiça e do Procon. A expectativa de Aboudib é que as discussões em torno da segurança da cirurgia plástica convençam o CFM a estipular medidas com força de lei que vão de acordo com a posição da SBCP. "Cada vez mais o CFM mostra concordar com as nossas posições e argumentos. Acredito que em algum tempo ele poderá tomar decisões a favor da população", afirmou Aboudib, que não soube calcular o tempo que levaria para tais medidas virarem leis.
Excesso de 'especialistas' — Um estudo feito pela própria SBCP e divulgado em agosto deste ano mostrou que, no Brasil, há um cirurgião plástico para cada 44.000 habitantes — uma taxa maior do que a dos Estados Unidos, que é o país campeão em realização de procedimentos desse tipo. No entanto, a entidade alerta que há um grande número de médicos que se dizem especialistas em cirurgia plástica sem ter o título correspondente, o que aumenta as chances de operações mal sucedidas. São pessoas que se dizem 'especialista em medicina estética', por exemplo, uma especialidade que não existe pois não é reconhecida por entidades como o CFM. O levantamento da sociedade mostrou que 95% dos processos de reclamação de cirurgias plásticas mal sucedidas registrados no Conselho Regional de Medicina de São Paulo foram realizados por médicos sem o título de especialista pelo órgão.

Reportagem de Vivian Carrer Elias
fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/saude/medicos-discutem-medidas-para-aumentar-a-seguranca-de-cirurgia-plastica
foto:formosananet.com.br

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