19/02/2012

Argentina toma medidas drásticas para enfrentar crise


O governo argentino adotou medidas drásticas para enfrentar os efeitos da crise internacional, como um rigoroso controle de importações e a redução de subsídios aos serviços públicos, em um ano onde se projeta um crescimento mais moderado que em 2011. Com o respaldo do contundente triunfo eleitoral de outubro (53,9%), a presidente Cristina Kirchner (foto dir.) cortou subsídios em cerca de US$ 1,127 bilhões em vários setores da economia para conter o gasto público, o que resultará em aumentos tarifários e de preços.
Em 2011, em plena campanha eleitoral, os subsídios alcançaram um recorde de 74 bilhões de pesos (US$ 16,9 bilhões), 50% a mais que em 2010, segundo cifras da Associação Argentina do Orçamento (ASAP, na sigla em espanhol). A presidente chama estas medidas de "sintonia fina" da economia, um eufemismo para evitar a palavra "rigor".
"A mudança na política fiscal e nas receitas em relação ao ano eleitoral é expressiva, apesar de esperada", disse a economista Marina Dal Poggetto do instituto Bein & Associados, que prevê para 2012 um crescimento da economia de 3,5%, inferior aos 5,1% previstos no orçamento oficial.
A Argentina precisa de um saldo comercial positivo para garantir divisas e manter o nível de reservas monetárias, que caíram em 2011 de US$ 52 bilhões para US$ 46 bilhões, apesar de o Banco Central (BC) ter voltado a ser comprador no mercado depois da imposição de controles cambiais. O país sul-americano necessita de divisas para enfrentar em 2012 os vencimentos de sua dívida em cerca de US$ 16 bilhões. Nesse contexto, sustentar um saldo comercial positivo "se transformou em uma questão de Estado", segundo a Fundação de Pesquisadores para o Desenvolvimento (FIDE).
"Tal propósito significa não só obter um excedente de cerca de US$ 9 bilhões (anuais), mas sim conseguir liquidar o total das exportações, aumentar as receitas do turismo e negociar com o capital estrangeiro para que sejam menores suas remessas por meio de utilidades e dividendos", acrescentou.
A economia atravessa um ciclo de crescimento - com uma desaceleração em 2009 -, mas com a limitação de não ter acesso ao crédito ou só a taxas muito altas e de sofrer fuga de capitais. Para 2012, o governo prevê um aumento de 8,8% nas exportações (US$ 90,833 bilhões) e de 8,1% nas importações (US$ 82,254 bilhões), que deixaria um superávit de US$ 8,579 bilhões.
Produtora de alimentos, a Argentina viu reduzir suas expectativas de superar as 100 milhões de t para a safra atual de grãos, em particular soja e milho, devido à seca. Entidades privadas estimam que a colheita de soja alcançará as 46 milhões de t e a de milho, 22 milhões de t, cifras inferiores a 2011. Outra necessidade é compensar o grande déficit na balança do setor energético do país que foi exportador de combustíveis, mas que em 2011 teve que importar hidrocarbonetos por US$ 9,396 bilhões, 110% a mais que em 2010, admitiu a presidente.
foto:exame.abril.com.br

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