22/09/2016

Guido Mantega é preso em nova fase da Lava Jato


Guido Mantega (foto acima), ex-ministro da Fazenda, foi preso temporariamente pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira, em São Paulo, na 34ª fase da Operação Lava Jato. Mantega foi detido no hospital Albert Einstein, na região do Morumbi (zona sul), quando acompanhava a esposa, no momento em que ela passava por um procedimento cirúrgico para o tratamento de um câncer.
Inicialmente, policiais federais foram até a casa de Mantega, em Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, no início da manhã, mas como ele não estava (estava apenas um dos filhos do ex-ministro), os policiais decidiram seguir até o hospital, onde ele foi detido. De acordo com informações da GloboNews, ele foi levado do hospital para a casa dele para acompanhar a ação de busca e apreensão dos policiais federais em sua residência, e para buscar alguns pertences antes de ser levado à carceragem da Polícia Federal. Na sequência, foi levado para a sede da Superintendência da PF em São Paulo, e a expectativa é que ele seja encaminhado ainda nesta quinta para a sede da PF em Curitiba, para onde tradicionalmente são levados todos os presos pela Lava Jato.
A prisão de Mantega é temporária e tem duração de cinco dias, podendo ser prorrogada por igual período (ou transformada em prisão preventiva, caso a Justiça julgue necessário). Na 34ª etapa da operação, intitulada Arquivo X, em referência à empresa OSX Construção Naval (do empresário Eike Batista, foram cumpridos 8 mandados de prisão temporária, 8 mandados de condução coercitiva e 32 mandados de busca e apreensão em Minas Gerais, Brasília, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, além de São Paulo. 
Além do ex-ministro da Fazenda, são alvos desta fase da operação executivos da empreiteira Mendes Júnior e da empresa OSX, empresa do grupo do empresário Eike Batista (que não é alvo de mandados judiciais nesta fase da ação). Mantega e empresários da Mendes Júnior e da OSX são investigados por um suposto esquema de desvio de dinheiro e fraude no processo de contrato para a construção das plataformas P-67 e P-70 (unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência de petróleo voltadas à exploração dos campos de pré-sal), da Petrobras. Há indícios de que as empresas investigadas pagaram a agentes públicos e políticos para firmar os contratos no valor total de 922 milhões de dólares (ou o equivalente a cerca de2,961 bilhões de reais).
As investigações apontam ainda que Mantega negociou o repasse irregular de 5 milhões de reais para o Partido dos Trabalhadores, em novembro de 2012, segundo informou ao Ministério Público Federal o empresário Eike Batista. Para operacionalizar o repasse da quantia, o executivo da OSX foi procurado e firmou contrato ideologicamente falso com empresa ligada a publicitários já denunciados na Operação Lava Jato por disponibilizarem seus serviços para a lavagem de dinheiro oriundo de crimes. Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em 19/04/2013 foi realizada transferência de US$ 2.350.000,00, no exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários.Como o repasse foi "frustrado", segundo a nota da PF, o empresário teria transferido 2,35 milhões de dólares (o equivalente a cerca de 7,55 milhões de reais) para publicitários ligados ao PT (para o pagamento de campanha eleitoral) em contas no exterior.
Mantega já havia sido citado anteriormente por outra investigada na Lava Jato, a mulher do marqueteiro João Santana, Mônica Moura, que negocia um termo de delação premiada com as autoridades. Segundo ela, que foi presa em fevereiro deste ano na 23ª etapa da operação e solta em agosto, as empresas do casal receberam recursos de caixa 2 em todas as campanhas que eles fizeram para o PT: Lula (2006), Dilma (2010 e 2014), Fernando Haddad (2012), Marta Suplicy (2008) e Gleisi Hoffmann (2008). O ex-ministro teria sido o intermediário desses recursos irregulares, segundo Mônica. À época do depoimento, todos os políticos citados negaram pagamentos irregulares.
Mantega foi o ministro da Fazenda mais longevo da história, ao ficar no cargo por oito anos durante os Governos Lula e Dilma: ele comandou a condução da economia brasileira durante todo o segundo mandato do Governo do ex-presidente Lula (de 2006 a 2010) e durante o primeiro mandato da gestão da ex-presidenta Dilma Rousseff (de 2010 a 2014). Também foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras.
Em maio deste ano, Guido Mantega já havia sido alvo de uma condução coercitiva (quando a pessoa é levada a depor), mas na 7ª fase da Operação Zelotes, que investiga um um dos maiores esquemas de sonegação fiscal já descobertos no país. Ele teve seus sigilos bancários quebrados pela Justiça, que autorizou a investigação do ex-ministro, investigado por sua atuação para indicar nomes para o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
No mesmo hospital Albert Einstein onde ele foi preso nesta quinta-feira, o ex-ministro da Fazenda já havia passado por um episódio que ganhou notoriedade pública: em fevereiro do ano passado foi hostilizado por clientes de uma cafeteria, e deixou o local sob gritos de "vai para o SUS".

fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2016/09/22/politica/1474543094_264930.html
foto:http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/cultura/audio-revela-a-fraude-de-guido-mantega-na-petrobras/

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