10/08/2015

Alemães ocupam árvores para barrar mineração e defender floresta

É sabido que, na divisão internacional do trabalho no  capitalismo global, claramente cabe aos países do sul o papel de fornecedores de matéria-prima para a indústria do norte.
O Brasil, há 500 anos, vem cumprindo esta função, e cada vez melhor: fornecendo soja, milho, minério de ferro e petróleo não industrializados para os países centrais. Entretanto, a condição de centralidade no capitalismo não significa a ausência de exploração de recursos naturais. E, junto a esta exploração, como sempre, há a resistência.
Este é o caso da mina de carvão de Hambach, um buraco de 85 quilômetros quadrados a 50km quilômetros de Colônia, a quarta maior cidade da Alemanha. De lá, são extraídos 250 a 300 milhões de toneladas de terra e carvão por ano.
Mudanças
A matriz energética da Alemanha vem sofrendo mudanças desde que o país decidiu desligar suas usinas nucleares pouco a pouco até 2022. Neste contexto, vem aumentando tanto a dependência do gás russo, quanto do carvão, abundante no subsolo do país. E para isso, está prevista uma expansão dá área da mina de Hambach para dentro de umas das pouquíssimas floresta nativas remanescentes no Alemanha: a Hambacher Forst.
O acampamento na entrada da floresta é visível da estrada. Lonas, trailers e tetos de adobe hoje tentam amenizar o calor de 38º, mas há dois anos já abrigam os manifestantes também contra o frio do inverno alemão. No entanto, é dentro da floresta que o grupo encontrou uma forma inovadora de resistir: a ocupação de árvores.
Ocupando por dentro da mata, diversas casas foram construídas sobre árvores, a mais de 10m de altura. Um detalhe é que as construções não utilizam pregos para se fixar nas árvores. Somente estruturas presas com cordas podem se acomodar ao balanço constante das copas e sua mudança de posição.
Além disso, os pregos poderiam configurar um dano à floresta. As principais ações de resistência do grupo são de sabotagem ao trabalho da mineração. No dia 4 de julho, 4 escavadeiras com altura de 95 m e largura de 225 m foram ocupadas, e permaneceram paradas até a chegada da polícia.
Assim como nos países periféricos, há uma batalha de discursos em jogo. De uma lado a RWE, empresa responsável pela exploração, aposta no velho mito da geração de empregos e desenvolvimento para a região. Foi construído um centro de lazer na beira da cratera, que conta inclusive com cadeiras de praia e barracas de sol para observar... a mina!
A promessa é de que, ao final da exploração, a mina se transforme em um lago artificial, como foi feito em outros lugares da Alemanha. Grande parte da população local apoia este discurso.
Do outro, ativistas em defesa do clima tentam sensibilizar a opinião pública para os estragos causados pela mina. Diversos vilarejos da região já foram removidos, e grandes porções de terras férteis serão inutilizadas. Entretanto, uma das maiores preocupações é em relação à água. Para extrair o carvão, é necessário que se seque completamente o local.
Tudo isso em meio a um ano que  promete ser o mais quente da história.No próximo mês, várias ações de resistência e divulgação da luta estão programadas. Uma delas é o Acampamento do Clima, que entre 7 e 17 de agosto irá reunir militantes para diversas atividades à beira da mina. E entre 14 e 16 de agosto, acontece o Ende Gelände, outra série de atividades na região.

Reportagem de Alan Tygel
fonte:http://www.brasildefato.com.br/node/32598
foto:http://350.org/ende-gelande/

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