Perante seis vítimas, três
homens e três mulheres procedentes da Alemanha, Inglaterra e Irlanda, o papa
Francisco pediu "perdão humildemente" pelos "pecados e crimes
graves de abusos sexuais cometidos pelo clero", assim como pelos "pecados de omissão
por parte de líderes da Igreja que
não responderam adequadamente às denúncias apresentadas". Durante a missa
da sete da manhã de ontem na residência de Santa Marta, Jorge Mario Bergoglio
assegurou que os abusos a menores de dezoito anos por parte de sacerdotes são
"algo mais que atos reprováveis". "É", acrescentou o Papa,
"como um culto sacrílego porque esses meninos e essas meninas foram
confiados ao carisma sacerdotal para levá-los a Deus, e eles foram sacrificados
ao ídolo de sua concupiscência."
As seis vítimas, duas de cada
país, foram selecionadas pelo cardeal norte-americano Seán O'Malley e chegaram
ao Vaticano na tarde de domingo, foram saudados por Francisco durante o jantar
e dormiram na residência de Santa Marta. Depois da missa, o Papa recebeu-os
separadamente e em privado, durante mais de três horas no total. Com suas
palavras durante a homilia e com o posterior encontro, Jorge Mario Bergoglio
quis enviar - segundo o padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano -
"uma mensagem muito clara sobre a atenção e a compreensão que a Igreja tem pelas pessoas que sofreram abusos sexuais por parte do clero".
Além de pedir perdão pelos abusos
de alguns sacerdotes e pelo silêncio cúmplice da hierarquia eclesiástica, o papa
Francisco se lamentou pelas terríveis consequências que sofrem as vítimas
menores de dezoito anos: "Hoje, o coração da Igreja vê os olhos de Jesus
nessas crianças e quer chorar. Pede a graça de chorar frente aos execráveis
atos de abuso perpetrados contra menores. Atos que deixaram cicatrizes para
toda a vida. Sei que essas feridas são fonte de profunda e frequentemente
implacável angústia emocional e espiritual. Inclusive de desespero. Muitos dos
que sofreram esta experiência buscaram paliativos pelo caminho do vício. Outros
experimentaram transtornos nas relações com pais, cônjuge e filhos. O
sofrimento das famílias foi especialmente grave já que o dano provocado pelo
abuso, afeta estas relações vitais da família. Alguns sofreram inclusive a
terrível tragédia do suicídio de um ser querido. As mortes destes filhos tão
amados de Deus pesam no coração e na consciência minha e de toda a
Igreja."
O Papa agradeceu a valentia
das vítimas que se atreveram a romper um silêncio tão longo e se comprometeu a
ser implacável na luta contra a pederastia: "A valentia que vocês e outros
mostraram ao expor a verdade foi um serviço de amor ao ter trazido luz sobre
uma terrível escuridão na vida da Igreja. Não há lugar no ministério da Igreja
para aqueles que cometem estes
abusos, e me comprometo a não
tolerar o dano infligido a um menor por parte de ninguém, independentemente de
seu estado clerical. Todos os bispos devem exercer seus ofícios de pastores com
muito cuidado para salvaguardar a proteção de menores e terão que prestar contas
desta responsabilidade. Para todos nós está vigente o conselho que Jesus dá aos
que dão escândalos: a pedra de moinho e o mar."
Reportagem de Pablo Ordaz
foto:http://noticias.r7.com/blogs/andre-forastieri/2014/02/06/pedofilia-na-igreja-o-papa-francisco-lava-as-maos/

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