Níveis de óxido nitroso, um gás
que exaure a camada de ozônio e causa aquecimento global, poderiam mais que
dobrar em meados do século, alertou a ONU na última quinta-feira. "Precisamos
de todos os esforços disponíveis para combater os aumentos sérios e
significativos de níveis de N2O (óxido nitroso) na
atmosfera", destacou o diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, em um informe publicado durante a realização
de negociações climáticas em Varsóvia.
Segundo
o Pnuma, análises de cientistas de 35 organizações revelaram que o NO2 agora é
o gás mais importante a exaurir o ozônio e o terceiro mais poderoso gás de
efeito estufa emitido na atmosfera.
Na
tendência atual, as concentrações de NO2 aumentarão 83% em 2050 em comparação
com níveis de 2005, afirmaram especialistas.
O NO2
existe naturalmente na atmosfera em quantidades traço, liberadas como parte da
troca de nitrogênio entre a terra e o ar.
Mas
seus níveis aumentaram nas últimas décadas, puxadas sobretudo por fertilizantes
nitrogenados produzidos industrialmente, pela poluição do transporte rodoviário
e emissões da indústria química.
O gás
causa danos às moléculas protetoras de ozônio na atmosfera, que ajudam a
proteger a Terra da radiação ultravioleta nociva.
A
substância não foi incluída no Protocolo de Montreal, de 1987, concebido para
banir uma série de compostos químicos nocivos à camada de ozônio.
O NO2
também é um poderoso gás causador do efeito estufa, sendo mais de 300 vezes
mais eficaz que o dióxido de carbono (CO2) em aprisionar o calor do sol. Uma
molécula permanece na atmosfera por cerca de 120 anos antes de se degradar.
Uma vez
que a agricultura responde por dois terços das emissões antropogênicas de NO2,
há muito potencial para reduzir as emissões através do uso mais eficiente de
fertilizantes, destacou o Pnuma.
Segundo
o informe, a adoção de uma dieta pobre em carne ajudaria, uma vez que a
produção de proteína animal conduz a emissões mais elevadas de NO2 do que a da
proteína vegetal.
Esta e
outras medidas poderiam resultar na economia de 800 milhões de toneladas de CO2
equivalente em emissões de gases estufa em 2020.
De
acordo com o Pnuma, isto corresponde a cerca de 8% da "lacuna de
emissões", ou seja, o abismo de emissões de carbono que precisa ser
reduzido para atender à meta da ONU de limitar o aquecimento global a 2ºC com
base em níveis pré-industriais.
As
negociações em Varsóvia terminam nesta sexta-feira, encerrando 11 dias da
rodada anual de negociações sob o marco da Convenção-quadro das Nações Unidas
sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês).
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