Não é preciso ser especialista para investir na Bolsa de Valores. Mas
quem procura rendimentos mais generosos que a renda fixa deve estar disposto ao
risco e ter noções básicas sobre este mercado, recomendam economistas.
Comprar ações de
uma empresa é como pilotar um avião, na opinião do economista-chefe da HPN
Invest, Edgar de Sá: antes de decolar, é preciso fazer um plano de voo e
elaborar alternativas para uma possível pane. Não basta conhecer os riscos,
portanto. É preciso guardar estratégias na manga.
“Assim como o
piloto calcula a duração do combustível e a probabilidade de tempestades, o
investidor precisa traçar um plano B para desviar a rota do investimento no
meio do caminho, se necessário”, compara o especialista.
Até abril deste ano, o índice Ibovespa havia sofrido uma queda acumulada de 8,27% . Ainda assim, o número de pessoas físicas na Bolsa cresceu entre
janeiro e março, de 583.527 para 587.797. Nos últimos dez anos, a quantidade de
pequenos investidores no mercado de ações aumentou sete vezes.
A participação de
pessoas físicas cresce, mas ainda é baixa em relação a outros investidores –
representou 7,44% para operações de compra e 7,61% para venda, em abril. O
presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, afirmou que está em pé a meta de
atrair ao menos 5 milhões de pequenos investidores para este mercado.
A volatilidade
diária das ações não deve alarmar o investidor ao ver perdas momentâneas em seu
extrato, sugerem analistas. Elas são mais preocupantes para o especulador, que
aposta no curtíssimo prazo. A recomendação é ignorar quedas ocasionais de
preços e mirar o longo prazo.
O professor da
universidade Anhembi Morumbi, Osmar Visibelli, sugere ao investidor de primeira
viagem permanecer na Bolsa por, no mínimo, um ano, para que o investimento
esteja livre de sazonalidades. Apostar neste mercado pode ser vantajoso mesmo
em momentos de desvalorização.
“A Bolsa é sempre
uma alternativa para a pessoa física diversificar seus investimentos, contanto
que use apenas uma parte dos recursos financeiros, e nunca todo o seu capital”,
recomenda Amerson Magalhães, diretor do Easynvest, plataforma da Título
Corretora.
Visibelli aconselha
investir no máximo 35% da capacidade financeira em ações. A parte restante,
orienta o docente, deve ser distribuída entre outras aplicações que ofereçam
maior segurança (apesar do retorno menor) ou maior rentabilidade (com
agravamento do risco).
Escolher empresas
de capital aberto com dados contábeis consistentes é outro cuidado. Isto inclui
acompanhar resultados e dividendos, além de conhecer a política de
investimentos da companhia, aponta Visibelli. “Investir em ações sempre exigirá
conhecimento técnico mínimo sobre o mercado e uma análise cuidadosa das
empresas-alvo”.
Como escolher uma corretora
Antes de ingressar na Bolsa, é preciso abrir uma conta em uma corretora
ou distribuidora. Há cerca de 100 delas, autorizadas pela Bolsa a operar
no mercado de ações . Para escolher a mais adequada ao
seu perfil, a BM&FBovespa sugere consultar cada uma e perguntar quais
serviços oferece, além das taxas cobradas (como de custódia). Estas
instituições orientam o investidor a escolher suas ações, conforme o objetivo
financeiro. Há corretoras mais voltadas ao pequeno investidor.
Elas são
responsáveis, também, por manter o cliente informado sobre novos produtos,
dividendos e outros bônus pagos pelas empresas aos acionistas. Para abrir uma
conta, elas exigem comprovantes de identidade e residência, CPF e a assinatura
de um termo de adesão e contrato de intermediação.
Primeiro passo para investir
Após escolher a
corretora ou distribuidora, o investidor transfere o dinheiro para sua conta e
escolhe as empresas onde pretende investir. Em seguida, dá uma ordem de compra
e o pedido é executado na Bolsa. Mas antes disto, é preciso avaliar o custo
total da operação. As corretoras cobram taxa de corretagem e de custódia, pela
manutenção da conta, que pode variar de uma instituição para outra.
Antes de escolher uma corretora, é preciso comparar os preços cobrados,
que influem diretamente nos rendimentos. A Bolsa também cobra emolumentos para
operar as negociações. Já operações de venda de ações de até R$ 20 mil são isentas do pagamento de Imposto
de Renda .
Dicas para não perder o sono
Para Amerson
Magalhães, do Easynvest, há duas estratégias para o investidor iniciante
mitigar o risco do investimento. A primeira é aplicar os recursos de forma
gradativa, montando o portifólio de ações aos poucos. “Ele pode programar a
entrada dos investimentos periodicamente, em diversos
A recomendação é
diversificar os investimentos, para desconcentrar o risco. Mas nem sempre o
pequeno investidor tem recursos suficientes para aplicar em muitas ações. Por
isso, outra alternativa é investir em fundos de índices (ETF-s), que acompanham
as 50 ações mais negociadas na Bolsa. As ações entram e saem automaticamente
destes fundos, conforme perdem ou ganham relevância.
Além de mitigar o
risco com uma carteira mais diversificada, estes fundos têm taxa de
administração média de 0,5% ao ano, considerada baixa. Um dos fundos, que
acompanha o índice IBX50, tem o menor custo do mercado, de 0,059% ao ano.
Magalhães considera
as ETF-s a melhor porta de entrada para a Bolsa, inclusive para o investidor
com perfil conservador. “Esta estratégia ajuda a entender os movimentos do
mercado e entender a dinâmica da Bolsa”, diz.
Há ainda a opção de
apostar em fundos que espelham índices por setores, como o imobiliário, de
materiais básicos ou de consumo. Em 2012, este último teve maior destaque,
refletindo o aumento do crédito. “Se o investidor acredita que determinado
setor terá bons resultados, pode escolher um fundo voltado para ele”,
exemplifica Magalhães.
Reportagem de Taís Laporta
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