O crack e outras drogas a
base de cocaína fumada são consumidos regularmente por 370.000 pessoas nas
capitais do país e no Distrito Federal, sendo que a maior parte dos usuários se
concentra na região Nordeste. E quase oito em cada dez usuários desejam um
tratamento para o vício. Os números foram relevados por um grande estudo
realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado na última quinta-feira
pelos ministérios da Justiça e da Saúde.
Apesar de 78,9% dos usuários de
crack terem manifestado vontade de passar por um tratamento, a pesquisa mostrou
que o acesso aos serviços atualmente disponíveis é baixo. Nos trinta dias
anteriores à pesquisa, postos e centros de saúde foram procurados por apenas
20% dos usuários. De acordo com os pesquisadores da Fiocruz, esse fato reforça
a necessidade de ampliação desses serviços e de “pontes”, como agentes de saúde
e consultórios de rua, entre os locais onde ocorre o uso da droga e os pontos
de atendimento.
Nas capitais, os usuários do
crack representam 35% do total de consumidores de drogas ilícitas, com exceção
da maconha. Apesar de comumente se pensar que a maior parte deles habita a
região Sudeste do país, a pesquisa mostrou que 40% deles vivem na região
Nordeste. De acordo com informações da Agência Brasil, para o secretário
nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça, Vitore Maximiano,
isso ocorre por causa do Índice de Desenvolvimento Humano mais baixo na região.
Perfil
– As
pessoas que fazem uso de crack no Brasil são principalmente homens (78,7%), não
brancos (80%), com idade média de 30 anos e baixa escolaridade. Apenas 20%
cursaram ou concluíram o ensino médio e 0,3%, o ensino superior. Crianças e
adolescentes representam 14% dos usuários das capitais.
A renda da maior parte dos
usuários (65%) vem de trabalhos esporádicos ou autônomos. Em comparação à
população geral, a porcentagem de pessoas que utilizam o sexo como forma de
obter dinheiro ou drogas é elevada: 7,5% contra 1%.
Cerca de metade dos
entrevistados relevou já ter sido presa, sendo 41,6% no último ano. O principal
motivo apontado foi o uso e porte de drogas, com 13,9%.
Divisão
por sexo – O tempo
médio de uso de crack nas capitais é de quase oito anos (91 meses), com
estimativa de dezesseis pedras da droga por dia. Já nos demais municípios,
esse período corresponde a aproximadamente 5 anos (59 meses), com consumo de
onze pedras. Enquanto os homens tendem a consumir a droga por mais tempo
(média de 83,9 meses, contra 72,8 das mulheres), elas consomem 21 pedras por
dia e os homens, treze.
Cerca de 10% das mulheres
usuárias de crack relataram estar grávidas no momento da pesquisa, e mais da
metade disse já ter engravidado depois de começar a usar a droga. Além disso,
44,5% das entrevistadas já sofreram violência sexual. Nos homens, esse
número é de 7%.
Levantamento
– O
estudo quantitativo, denominado Estimativa do Número de Usuários de Crack e/ou
Similares nas Capitais do País, foi realizado com informações de 25.000
pessoas, ouvidas entre março e dezembro de 2012.
Junto com essa pesquisa, foi
divulgado também nesta quinta-feira o Perfil dos Usuários de Crack e/ou
Similares no Brasil, realizado com 7.381 usuários de crack de 112 municípios de
portes variados, entrevistados novembro de 2011 e junho de 2013.

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