13/08/2013

Reino Unido estuda ação “sem precedentes” contra Espanha por Gibraltar


O governo britânico estuda empreender ações legais “sem precedentes” contra a Espanha pela imposição de intensos controles na fronteira com Gibraltar, anunciou ontem (12/08) o porta-voz de Downing Street, a residência oficial do primeiro-ministro do Reino Unido.
De acordo com o porta-voz, o premiê David Cameron está “muito decepcionado” com a recusa da Espanha, neste final de semana, de retirar os controles adicionais, considerados "totalmente desproporcionais" e com “motivações políticas”.“Estamos considerando que as ações legais são possíveis", declarou o porta-voz. A medida seria apresentada nos tribunais europeus.  
O governo espanhol, por sua vez, já deixou claro que considera fundamental as verificações fronteiriças para impedir o contrabando e o tráfico de drogas e afirmou que não relaxaria o controle nos limites entre as duas regiões. Os espanhóis também alegaram que têm “obrigação” de policiar a fronteira e que seus controles são legais e proporcionais.
Segundo um porta-voz, a Espanha pretende levar a disputa em torno de Gibraltar para o Conselho de Segurança da ONU, onde Londres já enfrenta acusações por parte da Argentina pela questão das Ilhas Malvinas. As questões a serem levantadas poderiam incluir águas disputadas, o fracasso do Reino Unido em cumprir resoluções anteriores da ONU e a disputa pelo trecho que liga Gibraltar à Espanha.
O Reino Unido pensava já ter resolvido a crise que se instalou após a Espanha reclamar da construção, por parte dos ingleses, de uma barreira marítima artificial entre o aeroporto do território britânico e a fronteira com o país ibérico, que se destinaria a bloquear a passagem e a pesca dos barcos espanhóis. Gibraltar, entretanto, argumenta que o objetivo dos blocos de cimento é a proteção ambiental.
Em uma conversa telefônica no dia 7 de agosto, o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, teria se comprometido com David Cameron a “reduzir as medidas” de fiscalização na fronteira com Gibraltar, onde há dias se formaram longas filas de carros tentando entrar na Espanha. O governo espanhol, no entanto, afirma que esse ponto não foi discutido no telefonema. 

Para o porta-voz de Downing Street, a acusação do Reino Unido à Espanha pela questão de Gibraltar seria “um passo sem precedentes, portanto queremos estudá-lo com cuidado antes de tomar uma decisão”. "Se elegermos esta rota, com segurança pressionaremos a União Europeia para que se ocupe deste caso como assunto de urgência", disse.
Hoje, partiram desde o porto de Portsmouth (sul da Inglaterra) três navios militares britânicos com destino ao Mediterrâneo e amanhã será a vez da fragata "HMS Westminster", que visitará Gibraltar acompanhada por duas embarcações auxiliares.
O Ministério de Defesa da Grã-Bretanha, porém, insistiu que o desdobramento estava previsto e que se trata de manobras “rotineiras”, sem qualquer vínculo com o atual conflito com a Espanha.


O prefeito de Londres, Boris Johnson, aumentou a tensão crescente dos últimos dias ao escrever hoje no jornal The Daily Telegraph que a Espanha precisar “tirar as mãos da garganta de Gibraltar”. Ele disse esperar que as embarcações de guerra, com militares a bordo, passando perto do território espanhol não sejam apenas uma casualidade.
"Espero que não. Espero que, de uma forma ou outra, alcancemos que as mãos espanholas soltem o garganta de nossa colônia porque o que está ocorrendo agora é infame", escreve Johnson em sua coluna semanal.
Histórico
Gibraltar é um território localizado no extemo sul da Península Ibérica, cedido pela Espanha à Grã-Bretanha em 1713, através do Tratado de Utrecht. Em 1704, entretanto, os britânicos já haviam se apoderado da região.
Nos dias de hoje, a Espanha questiona a soberania do Reino Unido sobre Gibraltar, mas, em 2002, 98% dos cidadãos disseram num referendo que preferiam manter-se sob o controle britânico. Diferentemente dos governos socialistas que o antecederam, o de Mariano Rajoy adotou uma linha mais dura com relação à disputa.
O território, de apenas 6,5 quilômetros quadrados e menos de 30 mil habitantes, está em foco desde que a Espanha declarou publicamente sua oposição à barreira marítima artificial construída pelos ingleses entre o país e Gibraltar. Como resposta, os espanhóis endureceram o controle na fronteira, provocando atrasos na entrada de turistas e residentes e gerando indignação no Reino Unido.
Além disso, Madri já sinalizou que pode introduzir uma nova taxa alfandegária, assim como impedir aviões de utilizaram seu espaço aéreo para chegar ao Rochedo, como Gibraltar também é conhecido. 



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