03/08/2012

EUA se opõem a pagar taxa ambiental de aviação criada pela União Europeia

Para senado norte-americano, empresas aéreas não devem pagar por emissões de carbono.




Aprovada em 2009, a lei da União Europeia que estabelece o pagamento das emissões de carbono para voos civis no espaço aéreo dos países do bloco encontrou mais um obstáculo internacional - desta vez, dos Estados Unidos. 

Na última terça-feira (31/07), a Comissão de Comércio, Ciência e Transporte do Senado norte-americano, em uma rara aliança entre republicano e democratas no tema ambiental,concordaram em permitir as aviações norte-americanas de pagarem a taxa.
A medida, que já foi aprovada na Casa dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil), deverá ser votada pelo plenário Senado nas próximas semanas, onde possui apoio dos dois grandes partidos, segundo informa a agência Reuters.

“Mais de 3,1 bilhões de dólares que poderiam ser reinvestidos na criação de empregos e no crescimento econômico de nosso país serão gastos em novas taxas entre 2012 e 2020”, disse o senador republicano John Tune, que escreveu a lei junto à senadora democrata Claire McCaskill.

Outros políticos norte-americanos apontam que as emissões de carbono devem ser mais controladas, mas rejeitam a medida da União Europeia por ter sido uma ação unilateral do grupo.
A proibição, no entanto, não encontrou o suporte imediato de dois importantes senadores democratas que atuam na questão ambiental. Barbara Boxer e John Kerry apenas aprovaram a medida na Comissão depois que uma cláusula de compromisso foi acrescentada a partir de negociações com os autores.
A lei modificada estabelece que as autoridades norte-americanas têm de negociar novas formas de controle da emissão de carbono com outros países por meio da ICAO (sigla em inglês para Organização Internacional Civil de Aviação). “A medida deixa claro que o lugar para lidar com esta questão é uma organização internacional já estabelecida”, explicou Boxer ao comitê.
O senador Kerry, ex-candidato democrata à Presidência, explicou a necessidade de os EUA tomarem ações mais efetivas na política ambiental e expressou sua preocupação em relação ao veto. “Outros lugares vão dizer que não querem nossos aviões em seus territórios se nós não estamos fazendo nada”, disse ele ao jornal The Guardian. Para Kerry, existe um enorme risco de os políticos norte-americanos se focarem apenas nos perigos econômicos e de sua segurança e acabarem por aceitar que a mudança climática é uma má ideia para os interesses nacionais dos EUA. 
Na última quarta-feira (01/08), o Departamento de Transportes dos EUA se reuniu com representantes de outros 16 países que se opõem à taxa da União Europeia para encontrar uma solução internacional no ICAO.
Em março, 29 países assinaram em Moscou uma declaração conjunta em que são apresentadas alternativas à medida da UE, aprovada em 2009, e entrou em vigor no início de 2012.



Reportagem de Marina Mattar
foto:blogs.diariodonordeste.com.br

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