15/02/2012

Furtos no Aeroporto de Guarulhos crescem 76%

Se você está planejando viajar neste Carnaval e o aeroporto de Guarulhos está na sua rota, preste atenção nesta reportagem:



Na última segunda-feira – mesmo dia do leilão de sua privatização – o Aeroporto Internacional de Guarulhos/Cumbica foi palco de uma ação da polícia, a Operação Oitavo Mandamento, que levou à prisão de cinco pessoas, sob a acusação de desviar malas das esteiras do desembarque internacional. Contudo, essa é apenas uma das gangues que agem nos terminais do maior aeroporto brasileiro. 

Não bastassem seus problemas crônicos, como atrasos, superlotação e filas intermináveis — um investimento para tentar aliviar uma pequena parte do caos foi a inauguração do Terminal 4, ocorrida na última semana —, Cumbica também vem se tornando mais inseguro. Enquanto o número de passageiros aumentou 11% no ano passado em relação a 2010, a quantidade de furtos cresceu 76% no mesmo período, atingindo o total de 1.389 ocorrências — uma média de quatro crimes por dia. A situação preocupa ainda mais quando se verifica que poucas queixas são registradas em boletins de ocorrência. “Em 90% dos casos, a vítima não procura a polícia”, afirma um investigador. 


A maior parte das ações é promovida por gangues especializadas. Uma das que atormentam os frequentadores é formada por ladrões estrangeiros, quase todos sul-americanos. Eles se misturam aos passageiros no terminal e, aproveitando momentos de descuido, levam bagagens de mão. No fim do ano passado, a polícia prendeu em flagrante quatro colombianos aplicando esse golpe. Outro bando é especialista em surrupiar equipamentos eletrônicos, como notebooks e tablets. Eles agem em duplas ou trios e circulam principalmente pelos saguões de embarque, plataformas, cafés e restaurantes. Um dos alvos preferidos são as salas de espera nas asas A e D. Em ambas, existem alguns pontos cegos para as câmeras de segurança, o que facilita as ações.
Quando o passageiro perceber que foi furtado, deve procurar a empresa, preencher um formulário específico e comparecer à delegacia para registrar a ocorrência. As companhias aéreas fazem um reembolso que é calculado a partir do peso da mala (44 reais por quilo). Como o valor é muito baixo, algumas das vítimas optam por entrar com ações de indenização na Justiça.
Segundo os especialistas em segurança, Cumbica virou um campo fértil para a ação dos gatunos por causa de uma série de falhas. A principal delas é o inexpressivo efetivo policial no local. São apenas oito PMs divididos entre a sala de operações, as viaturas que fazem rondas na área externa e os salões de embarque e desembarque. Ninguém precisa ser perito no assunto para saber que esse número é insuficiente para patrulhar o aeroporto mais movimentado do país. Considerando o total de 80.000 passageiros que circulam diariamente nos terminais, dá uma média de um PM para cada grupo de 10.000 pessoas. Há também vinte policiais civis e 1.085 agentes da Infraero, aqueles rapazes de uniforme preto, que não têm poder de polícia. A vigilância é complementada pelo sistema de 600 câmeras de monitoramento, um número também insuficiente diante do movimento. Nesse campo, diga-se, ocorreu até um avanço. Há dois anos, a Infraero, estatal ainda responsável pela administração do aeroporto, dobrou o número de câmeras. Mesmo assim, continua sendo pouco. “A quantidade atual teria de ser multiplicada por trinta para chegarmos perto do ideal”, diz o coronel José Vicente, especialista em segurança pública.
Até o estacionamento, um dos mais caros do país, com diárias de 50 reais, é alvo dos golpistas. Administrado pela empresa MaxiPark, ele serve de campo de atuação para a gangue do estepe. Os bandidos aproveitam a falta de policiamento na área para rapinar pneus dos veículos. No fim do ano passado, dois ladrões foram presos em flagrante, já fora das dependências do aeroporto, com três pneus roubados no pátio. Descobriu- se depois que eles praticavam ao menos vinte furtos do tipo por mês.
Cumbica sempre fica em desvantagem quando é comparado a outros grandes aeroportos do mundo em questões como pontualidade e conforto. No item segurança, a diferença também é abissal (veja o quadro no final da reportagem). O John F. Kennedy, em Nova York, por exemplo, recebe quase o dobro de passageiros em relação a Guarulhos e tem 4.000 vigilantes cuidando da área. Nem sempre, é verdade, todo esse aparato elimina a ocorrência de problemas. O Barajas, em Madri, registra hoje praticamente a mesma quantidade de furtos que Cumbica, com a ressalva de que também recebe quase 70% a mais de viajantes. Para coibir essas ações, sua administração iniciou uma campanha para as companhias aéreas reduzirem o número de funcionários terceirizados e temporários. 

Reportagem de Pedro Henrique Araújo, Claudia Jordão e João Batista Jr
foto:delsantosnoticias.blogspot.com

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