03/02/2012

Brasil estuda romper acordo com México


O governo estuda romper ou propor uma revisão do acordo automotivo que mantém com o México. Entre as causas estão o aumento das importações de veículos do país e a baixa exigência de conteúdo nacional pelos mexicanos, que é de 30%. O acordo garante isenção da taxa de importação de 35%, que é cobrada de veículos vindos da Europa, Ásia e EUA.Sem ele, modelos como Fusion e New Fiesta (Ford), Fiat 500 e Freemont (Fiat), Jetta (Volkswagen), Captiva (GM), CR-V (Honda) e March, Sentra, Tiida e Versa (Nissan) podem ficar mais caros.
Déficit dispara
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a quantidade de veículos vindos do México cresceu 266% de 2007 até 2011. O aumento no período foi de 36.732 para 134.589 unidades por ano. Na balança comercial do setor, o Brasil ficou deficitário. Em 2011, o resultado foi negativo em US$ 1,55 bilhão ou 196% a mais que o déficit registrado em 2010.
Já em setembro do ano passado, o governo elevou em 30 pontos percentuais o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para automóveis e comerciais leves que não tenham conteúdo regional (Mercosul) mínimo de 65%.
A medida afetou, principalmente, fabricantes coreanos e chineses, além de marcas de luxo como BMW, Audi e Land Rover. O argumento do governo foi que a fabricação local era importante para geração de empregos.
Nenhum dos ministérios envolvidos -Fazenda, Relações Exteriores e Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior- quis dar detalhes. A embaixada do México no Brasil não comentou o assunto.
Para o diretor do instituto de economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Fernando Sarti, o governo brasileiro repete com o México o que fez com as importações de veículos vindos da China e Coreia.
"O Brasil está sentindo os prejuízos com o aumento das importações de veículos, principalmente, no que diz respeito aos investimentos das empresas, e agora tenta de todas as formas reverter a situação", afirmou.
Desrespeito às regras
Sarti diz ainda que o governo deve ter detectado algum desrespeito às regras do acordo e iniciado os estudos para romper ou propor mudanças. Com relação à Argentina, ele acredita ser pouco provável uma medida parecida."O setor automotivo é o mais importante nas relações comerciais do Mercosul e o conteúdo regional no país é de 60%, próximo ao exigido pelo governo no Brasil", comenta.


foto:blogdavalce.blogspot.com

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