A agência das Nações Unidas voltada para estudos sobre comércio e
desenvolvimento, a Unctad, divulgou na última terça-feira (17) relatório sobre a
economia global em 2012 com um cenário mais pessimista e previsões de
crescimento menores. E para que a situação não se agrave ainda mais, a Unctad
fez um apelo ao núcleo da crise, os países ricos: evitem arrocho
fiscal.
“As Nações Unidas apelam aos governos dos países desenvolvidos
que não embarquem prematuramente em políticas de austeridade fiscal, dados o
estado ainda frágil da recuperação [econômica] e a persistência de altos
níveis de desemprego”, diz a agência, no comunicado em que divulgou o
relatório.
A declaração não cita países individualmente, mas é um
referência ao núcleo “europeu” da crise. Mergulhados em problemas para pagar
dívidas estatais ao “mercado”, Grécia, Itália, Portugal, Espanha e Irlanda têm
negociado soluções que implicam corte de gastos públicos e de salários e redução
de conquistas trabalhistas, como forma de os governos economizarem dinheiro e
pagar o “mercado”.
A poupança pretendida pelos devedores teria como
consequência estagnação ou baixo crescimento – sem injeção de recursos via
investimentos públicos e consumo dos trabalhadores, a economia real não giraria.
Sem crescimento, no entanto, a arrecadação de impostos seria menor,
impedindo os países de controlar mais rapidamente a dívida, deixarem de ser
reféns do “mercado” e retomarem os investimentos. Uma espiral de estagnação sem
dia para acabar.
Para a Unctad, estas nações deveriam resistir à tentação
de se entregar à ortodoxia, pois teriam como escapar de um caminho que só
beneficiaria o “mercado” – apesar de tudo, diz a agência, os países ainda teriam
algum dinheiro em caixa para botar na economia e assim ativá-la; e ainda
“desfrutariam” de juro baixo na hora de tomar empréstimos para investir
também.
“A ONU recomenda ainda uma mais vigorosa coordenação
internacional de medidas adicionais de estímulo em todos os países e a
redefinição das políticas para estimular a criação de empregos diretos e mais
investimento em infra-estrutura, eficiência energética e de fornecimento de
energia sustentável e segurança alimentar, abrindo o caminho para se descontrair
endividamento”, diz o documento.
Segundo a Unctad, a crise global hoje
caracteriza-se por uma combinação de quatro fatores presentes simultaneamente:
queda da demanda, fragilidade do sistema financeiro, problemas no pagamento de
dívidas estatais e paralisia política.
É neste último elemento que a
agência acredita que reside a maior ameaça de que a situação piore ainda mais.
Para a Unctad, Europa e Estados Unidos (o outro núcleo da crise) precisam buscar
soluções que ao mesmo tempo enfrentem o que a agência chama de “crise de
empregos” e de “fragilidade da dívida soberana”. “As economias desenvolvidas
estão à beira de uma espiral descendente”, afirma.
O relatório prevê que
o mundo vai crescer 2,6% (a estimativa anterior, de junho, era de 3,6%); os EUA,
1,5% (eram 2,8%); e a União Européia, 0,7% (1,6% antes).
Reportagem de André Barrocal
fonte:http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19396&boletim_id=1107&componente_id=17590
foto:colunistas.ig.com.br
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