Multidões de jovens, muitos deles acompanhados por seus pais, estão tomando as praças da Espanha exigindo direitos sociais e denunciando que não falta democracia apenas nos países árabes. O estopim das manifestações foi o pleito (equivalente às eleições estaduais, no Brasil) que acontecerá no próximo domingo. Para os jovens espanhóis não é possível aceitar que as futuras gerações viverão pior do que seus pais viveram. Um alerta não apenas para os governantes da Espanha mas de toda Europa: ninguém aceitará passivamente a destruição do bem-estar social pelos mercados financeiros.
"Se não nos deixarem sonhar não os deixaremos dormir", diz o cartaz espanhol" |
Para entender o que está acontecendo na Espanha
Manifestantes do movimento espanhol 15-M na Porta no Sol em Madrid |
O que é o Movimento 15-M
El movimiento 15-M es horizontal, sin jefes. Prefiere las redes sociales al periódico, Internet al papel. Adopta sus decisiones por consenso, en asamblea, no por mayoría. Se puede votar pero no vetar. Sus referentes son las asambleas de principio de siglo. Agrupa a estudiantes, parados, mileuristas (en el mejor de los casos) y trabajadores sobradamente preparados. Sus vidas esbozan el descontento de la indignación.
Revolta dos jovens espanhóis começam a contagiar Europa
Estamos nos preparando para pegar o metrô em direção à praça Catalunha, centro nevrálgico da cidade. Recebemos por “sms” e Facebook, mensagens que pedem apoio aos jovens acampados na praça há duas noites. Também estão ocupadas a Puerta del Sol, no centro de Madri, e espaços em dezenas de outras cidades espanholas.
Na iminência de eleições locais e autonômicas (equivalente às estaduais, no Brasil), domingo próximo, milhares de pessoas exigem democracia real ya e gritam para os partidos do stablishment, principalmente PSOE e PP: “vocês não nos representam”, “não há pão como para comer tanto chorizo (um tipo de salame e, ao mesmo tempo, gíria para corrupto)”. Defendem também os direitos sociais e protestam contra os cortes nos orçamentos públicos, especialmente de saúde e educação. Tudo indica que os protestos não vão parar por enquanto. O movimento, muito plural e diverso, com marcante presença de jovens, espontâneo, pacífico, espelha-se nos protestos por democracia e direitos nos países do Oriente Médio, e contra a crise econômica, na Islândia.
No fim de semana passado, foram convocadas dois protestos. O primeiro, no sábado, em Barcelona, articulado por uma plataforma de dezenas de entidades, em conjunto com os sindicatos. O segundo, no domingo, em várias capitais de província espanholas, chamado pela coalizão que depois propôs realizar os acampamentos montados até agora. Na capital da Catalunha, havia mais de 50 mil pessoas. Pode ter sido a volta por cima, após anos de desmobilização diante das políticas dos governos espanhol e catalão – que seguem à risca as exigências da União Européia e FMI. As passeatas de domingo, tiveram surpreendente participação.
Em seguida, exatamente como aconteceu na Praça Tahrir (Cairo), várias delas transformaram-se em acampamentos. O mais numeroso está armado em Madri, onde se concentraram, já no primeiro momento, em torno dos 10 mil manifestantes. Ninguém sabe nem imagina até onde pode chegar a nova forma de manifestação. Mas há algo muito destacado. O questionamento das formas atuais de democracia já assumiu a condição de tema principal. As palavras de ordem ganham adesão crescente e apoio popular. Os primeiros a serem pegos de surpresa foram, certamente, os próprios protagonistas das ações.
Nas circunstâncias e contexto, não há como não lembrar os protestos e manifestações que também marcaram as eleições legislativas do ano de 2004 depois das bombas na principal estação de trens de Madri. Naquela época, levaram ao governo espanhol, pela primeira vez, um candidato pouco cotado: José Luis Rodríguez Zapatero, desde então primeiro-ministro.
Além de acontecer no período eleitoral, a mobilização é marcada pelo espontaneidade e pela utilização maciçã das redes sociais, como meio principal de comunicação. A terceira característica comum é o protesto contra a que poderíamos chamar de “política oficial”, identificada como corrupta e antidemocrata. Uma das palavras de ordem dos jovens é: “parece democracia, mas não é”. Mais um traço comum: o protagonismo de novas gerações, que na maioria dos casos não tiveram experiências de militância política, social e ou sindical “clássica” – e que ou as rejeitam, ou simplesmente as desconhecem e desconsideram.
Longe dos programas políticos dos candidatos às eleições, as prioridades na lista do movimento são valores, dignidade e vergonha na cara – simples assim. Não adiantam discursos nem justificativas pois, acreditam os manifestantes, não pode haver pessoas sem direitos, sem presente e – pior – sem futuro. Há aqui mais um ruído: os políticos espanhois e catalão não se cansam de “alertar” que as gerações futuras viverão pior que seus pais. Esses jovens simplesmente não aceitam.
Mesmo que seu futuro seja incerto, o movimento e protestos colocam em evidência, no mínimo, que não vai ser fácil cremar o estado do bem-estar social no altar dos mercados financeiros internacionais – ao contrário do que pensam a Comissão Europeia e o FMI. Mas além dessa resistência, coloca-se, ainda que em estado latente, uma proposta alternativa de política, economia e sociedade. Um outro mundo é possível e, quem sabe, passeia pelos acampamentos nas praças do Estado espanhol.
(texto de Pep Valenzuela- http://www.outraspalavras.net/2011/05/19/revoltas-jovens-agora-no-centro-do-mundo/)
Jóvenes.. y no tan jóvenes indignados
Entre los miles de jóvenes indignados que ayer volvieron a tomar la Puerta del Sol, había cientos de personas que pasaban de largo los 50 años e incluso los 70. Muchos de ellos habían acudido acompañado a sus hijos y nietos y gritaban con todas sus fuerzas las mismas consignas: “¡No nos moverán!”, “Mucho chorizo y poco pan” o “Menos policía, más filosofía”.
Encaramado a una de las ventanas del edificio de la Comunidad de Madrid, Enrique Fernández, un hombre maduro con traje, corbata y maletín explicaba: “Estoy aquí por muchísimas cosas. Por la crisis, por los embargos, por los bancos que se quedan con las casas y con las personas y por la falta de posibilidades de futuro para los hijos”… Enrique se emociona. “Yo tengo dos hijas y la cosa está muy mal”. Y añade: “Y porque me parece muy mal que nos presenten en las listas a delincuentes, después de todas las cintas y grabaciones que hemos oído”.
Unos metros más adelante, Ángel, de 73 años, escuchaba atento frente a una viñeta de El Roto, los mensajes de los jóvenes indignados. “Yo quiero que mis hijos y mis nietos tengan las posibilidades que se merezcan y no que sean los poderosos quienes lleven y traigan esto como ellos quieran. Estoy aquí para que la juventud sienta nuestro apoyo, y vendré todos los días que haga falta. Ya luchamos con el franquismo y me parece que ahora estamos en una dictadura de los mercados y de la banca”. Ángel animaba a los jóvenes a votar el domingo, al partido que quisieran, pero que fueran a votar.
Nicomedes, de 69 años, confesaba que incluso había llorado esa tarde. “Pero no de tristeza, sino de alegría y orgullo por ver a esta juventud que por fin han dado el paso necesario para que no nos atropellen más. Este país se ha vendido a los bancos y a las multinacionales y yo no quiero eso ni para mis hijos, ni para mis nietos ni para nadie”.
José María y Juan habían acudido a la plaza con sus hijos. “Los míos tienen trabajo, pero los demás no”, justificaba el primero, de 68 años, su presencia en Sol. “Votas a unos y a otros y son todos iguales. No les importa la gente normal y corriente”. Juan, de 55 años, que serpenteaba entre la multitud de la mano de su hija Irene para estar lo más cerca posible de los portavoces, aseguraba: “Estamos aquí porque estamos hasta las narices, indignados con los políticos que solo buscan su propio beneficio y ya es hora de que la gente se manifieste”.
Carmen, de 55 años, tuvo un pequeño encontronazo con la policía. “Me he puesto la mochila por delante para ver si a mí también me registraban y no lo han hecho. Me ha molestado que pararan y le pidieran la documentación a los chicos que iban delante de mí solo porque llevaban unas pancartas. Me parece un movimiento que la gente de nuestra edad y más mayor deberíamos apoyar porque es histórico. Significa que la gente aún tiene ilusión por cambiar. Y ojalá no se dé solo aquí en España”.
José Antonio, de 61 años, observaba encantado a la masa indignada: “Este es el espectáculo más hermoso que visto desde que tenía veintitantos, el espectáculo de la libertad y la democracia”.
- ¿En qué le gustaría que terminara este movimiento?
- “No lo sé. No sé si me gustaría que terminara”.(jornal El País)
Assista o vídeo com os depoimentos:
Do protesto de ontem em Barcelona:
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