22/12/2016

Pagamento de propinas por empreiteiras se consolidou durante ditadura, diz historiador


Muitas das grandes empreiteiras se beneficiaram de relações especiais com o Estado desde seu surgimento entre as décadas de 30 e 50, mas o pagamento de propinas se consolidou durante a ditadura, afirma o historiador Pedro Henrique Campos, em entrevista à BBC Brasil.
Campos diz que não se surpreendeu "nem um pouco" com os detalhes da relação escusa entre empreiteiras e governantes revelada nas delações da Operação Lava Jato: "Não só sabia que existia, mas acho que era abertamente conhecido".
Ele pesquisou a história dessas empresas, e em especial seus laços com a ditadura militar (1964-1985), em sua tese de doutorado pela UFF, que deu origem ao livro Estranhas Catedrais.
Quando a Camargo Correa nasceu, por exemplo, em 1939, nota o pesquisador, um dos seus fundadores era cunhado de Adhemar de Barros, então governador-interventor de São Paulo que ficou historicamente atrelado ao bordão "rouba, mas faz".
Já a Odebrecht nasceu na Bahia em 1944, mas é a forte relação que ela constrói com a Petrobras, desde a fundação da estatal em 1953, que vai pavimentar o crescimento da empresa no país - é a empreiteira que mais cresceu durante a ditadura, segundo Campos.
"Na trajetória antes, durante e depois da ditadura, e até na ramificação da Odebrecht (para outros setores da economia, como o petroquímico, com a Braskem) existe a pauta dessa relação com a Petrobras", nota o pesquisador, atualmente professor do Departamento de História e Relações Internacionais da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro).
Apesar de reconhecer o ineditismo da Lava Jato ao aprofundar as investigações sobre essas relações escusas, Campos manifesta ceticismo com os efeitos da operação na redução da corrupção envolvendo empreiteiras.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista.
BBC Brasil: As recentes revelações da delação de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, sobre a troca de favores e propina entre a empresa e políticos te surpreenderam ou confirmaram o que você já tinha observado na sua pesquisa?
Pedro Henrique Campos: Não me surpreende nem um pouco, pelo contrário. Essas delações estão desnudando um processo que, não só eu sabia que existia, mas acho que era abertamente conhecido. Só que agora estão sendo revelados os detalhes.
Na minha pesquisa eu me detive sobre o período da ditadura. Por mais que existissem práticas ilegais, de corrupção naquele período, era diferente. Era um sistema menos complexo, não havia um conjunto de instituições públicas funcionando no país, e a atenção dos empreiteiros estava muito mais voltada para o Poder Executivo.
O Congresso, os partidos e a sociedade civil naquela época não tinham muito poder. Então, a relação era diretamente com os militares, ministros, presidentes de estatais.
Enquanto hoje, eles buscam acessar o Poder Legislativo, os partidos, os parlamentares, para conseguir projetos de lei, emendas parlamentares, aprovação de medidas provisórias, para ter acesso às diretorias de estatais (muitas vezes cargos nomeados pelo presidente, mas seguindo indicações de partidos e parlamentares).
Na minha pesquisa, eu vi que na década de 80, o movimento de passar as ações do Executivo para o Legislativo não foi feito de maneira arbitrária. As empresas planejam esse deslocamento das atividades.
Eu cheguei a ler documentos internos do sindicato dos empreiteiros, o Sinicon, em que eles falam isso, "temos que mudar nossas ações, parar de falar com os militares, com os ministros, presidentes e diretores de estatais, para falar mais com parlamentares, com os partidos, com o Congresso e com a imprensa".
Agora, a prática de pagamento de propinas, é algo anterior à ditadura e se consolida naquele período. Só que não aparecia tanto porque os mecanismos de investigação que temos hoje não existiam ou estavam amordaçados.
BBC Brasil: Pelo que você pesquisou, seria correto dizer que essas empreiteiras investigadas na Lava Jato sempre foram corruptas? Seria inerente ao setor?
Campos: A maior parte das empreiteiras grandes hoje foi formada entre as décadas de 30 e 50, quando a industrialização criou toda uma demanda por infraestrutura, com rodovias, hidrelétricas. Elas vão nascer dedicadas a esse tipo de obras.
Aí tem uma particularidade do capitalismo brasileiro que é uma centralidade muito evidente do Estado no processo de desenvolvimento de acumulação de capital. Essas empresas, seus dirigentes, seus donos, em geral partem de uma relação prévia com o aparelho de Estado.
Vou citar dois casos. A Mendes Júnior foi fundada em 1953 por um ex-funcionário da Estrada de Ferro Central do Brasil e da Secretaria de Viação de Minas Gerais, que era o José Mendes Júnior. Ele começa a ver que pode ganhar muito dinheiro do outro lado do balcão, porque tem um mundo a se fazer de rodovias no início da década de 50. A Mendes Júnior já foi a maior empreiteira brasileira.
A Camargo Corrêa é fundada em São Paulo por dois grandes sócios, o Sebastião Camargo e o Sylvio Corrêa, que era cunhado do Adhemar de Barros, em 1939. E o Adhemar era interventor (nomeado por Getúlio Vargas para governar o Estado) de São Paulo. Então essa relação política da empreiteira é decisiva para ela obter desde o princípio contratos, relação de obras.
Eu, particularmente, acho que o termo corrupção é muito abrangente, já que são várias práticas que entram sob esse guarda-chuva da corrupção. Mas está claro que esses empresários dispõem de um poder político muito expressivo, com práticas ilegais, no sentido de pautar as políticas publicas.
BBC Brasil: Segundo sua pesquisa, a Odebrecht foi a empresa que mais cresceu na ditadura. Pode falar um pouco do histórico da empresa e como ela se adapta na transição para a democracia?
Campos: Sua trajetória é muito particular. Ela nasceu na Bahia, em 1944, fundada pelo Noberto Odebrecht, e originalmente tinha atuação muito local.
Com a Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, criada em 1959), cresce, mas ainda fica restrita à região nordestina. Consegue obras contra a seca, a hidrelétrica do rio São Francisco, e de agências públicas federais que demandam investimentos no Nordeste, sendo a principal delas a Petrobras.
A Petrobras é uma empresa fundada em 1953 no Rio, porém as atenções da empresa originalmente estão muito concentradas no Nordeste, particularmente na Bahia. E Juracy Magalhães, primeiro presidente da estatal, era um militar baiano (na verdade radicado na Bahia, ele é nascido no Ceará), com toda uma associação com empresários locais, que são desde então muito presentes na dinâmica interna da Petrobras.
A Odebrecht, na sua própria memória, se gaba de ter contratos com a Petrobras desde os anos 1950, como gasodutos e pequenas obras no Nordeste.
Na explosão de obras que a gente teve antes da ditadura, no governo JK (Juscelino Kubitschek, presidente de 1956 a 1961), com as obras de Brasília e as rodovias do plano de metas, a Odebrecht não fez nada disso. Ela não tem nenhuma relação com esses grandes empreendimentos, que eram mais restritos naquele momento a empreiteiras mineiras, paulistas e cariocas.
A Odebrecht vai crescendo então consoante à própria expansão da Petrobras. Na trajetória antes, durante e depois da ditadura, e até na ramificação da Odebrecht (para outros setores da economia) existe a pauta dessa relação com a Petrobras.
BBC Brasil: Como no caso da Braskem (empresa controlada pela Odebrecht em que a Petrobras tem participação de 36% das ações)?
Campos: Isso, não é a toa que o principal eixo de diversificação das ações do grupo Odebrecht sejam no âmbito da petroquímica. A Braskem (criada em 2002 a partir da fusão de outras empresas do grupo Odebrecht) tem tudo a ver com a parceria antiga e profunda que a Odebrecht tem na Petrobras mesmo.
O principal produto que a Braskem consome é o nafta (derivado de petróleo utilizado como matéria-prima para vários produtos como eteno, propeno, benzeno e gás doméstico) da Petrobras. Então, tem todo um jogo em torno do preço do nafta que a Petrobras vai praticar e é decisivo para a lucratividade da Braskem. E a Odebrecht confia no poder que ela tem dentro da estatal.
Inclusive a Braskem hoje é muito maior que a construtora Odebrecht. Mas antes disso é emblemático que a primeira obra principal da empresa fora do Nordeste seja o edifício sede da Petrobras no Rio de Janeiro.
No início dos anos 1970, a Camargo Corrêa é a maior empreiteira da ditadura, e a Odebrecht não consta nem entre as dez primeiras nacionais. Aí, tem duas obras que mudam radicalmente o perfil e o tamanho da Odebrecht, o Aeroporto Internacional do Galeão e a usina nuclear de Angra dos Reis. São obras que exigem grau de confiança dos militares que outras empreiteiras não dispõem.
BBC Brasil: Mas por que ela ganha esses dois contratos e não outra empreiteira?
Campos: Eu não tenho detalhes, documentos para comprovar isso. Mas a minha hipótese é que a Odebrecht ganha as obras justamente por sua inserção na Petrobras e pelo fato da Petrobras ser uma empresa controlada por uma direção em boa medida militar, antes e durante a ditadura.
O presidente da Petrobras no período Médici (general que presidiu o Brasil de 1969 a 1974) era o Ernesto Geisel (general que após presidir a estatal sucedeu Médici no comando do país, de 1974 a 1979).
Geisel é uma figura que detém poder político na ditadura muito forte, e parece ter uma relação de confiança com a Odebrecht muito intensa. Ele é um dos que vão sinalizar pela indicação da empreiteira para fazer essas duas obras.
São obras de segurança nacional. A ditadura tinha o projeto do Brasil potência com controle da arma nuclear. E o aeroporto internacional do Rio seria o maior do Brasil, para receber aviões militares e civis. Não é qualquer empresa que eles iam deixar construir. A Camargo Corrêa, por exemplo, tinha conexões internacionais. Isso gerava uma aversão.
A Odebrecht tradicionalmente tem um discurso nacionalista que obviamente é muito instrumentalizado. Não necessariamente ela tem aversão ao capital estrangeiro, mas tem esse discurso, lastreado um pouco nessa relação com os militares.
BBC Brasil: Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, em 2014, você manifestou ceticismo com a Lava Jato. Mudou sua percepção? Está mais otimista?
Campos: Inicialmente achei que era mais um escândalo envolvendo empreiteiras, como inúmeros que tiveram antes. Eu realmente mordi minha língua e ela foi muito mais longe do que eu imaginava. Eles primeiro prenderam executivos, o que já era impressionante, mas depois prenderam os proprietários das empresas, algo supreendente.
Por outro lado, eu não diria que estou otimista. Pelo contrário, eu estou mais pessimista ainda. Primeiro, que a impressão que tenho é que a Lava Jato começa interessante, desmonta um esquema envolvendo empreiteiras e Estado, mas ela parece ser usada com certas finalidades políticas. Não é só isso a operação, mas os desdobramentos dela parecem ter algum grau de instrumentalização política.
Segundo, não parece que os mecanismos institucionais que permitem essas práticas estão sendo atacados. Ninguém está falando de rever leis de licitações. Ninguém está falando de rever o sistema de obras públicas no país de modo que as obras sejam mais sérias, mais baratas, menos corruptas, de maior qualidade.
A gente tem sistemas no exterior em que seguradoras fiscalizam se a obra está sendo feita no prazo, com qualidade, sem desvio de recurso e feita com o preço justo. Eu não vejo essa discussão.
Não vejo discussão sobre como funcionam as emendas parlamentares.
BBC Brasil: Algo que aumente a transparência do lobby?
Campos: Sim, a questão do lobby também, que é uma prática institucionalizada nos Estados Unidos e aqui não.
E por outro lado, os efeitos da Lava Jato, são danosos em certa medida. Será que uma punição rigorosa vai mudar a forma como ocorre (a corrupção), sem mudança legal, da estrutura do processo.
Aí vão quebrar as empreiteiras do país e vão vir empresas de fora. Essas empresas estrangeiras são menos corruptas? Eu tenho dúvidas se é uma questão moral das empresas. São empresas capitalistas que buscam lucro e vão usar de artifícios diversos para isso.
O histórico que a gente tem é que as estrangeiras são tão corruptas quanto. A gente tem a SBN (empresa holandesa que aluga navios-plataforma) com a Petrobras, a gente tem o cartel das empresas de metrô e trem em São Paulo, com a Alston, francesa, e a Siemens, alemã.
A diferença é que elas vão mandar lucros para fora, vão contratar engenheiros estrangeiros, trazer mais equipamentos, material, de fora. Eu vejo na verdade com muito receio e inquietação os desdobramentos da Lava Jato.

Reportagem de Mariana Schreiber
fonte:http://www.bbc.com/portuguese/brasil-38337544#orb-banner
foto:http://oabbauru.org.br/comunicado/manifestacao-civica-corrupcao-nao-e-da-caminhada-da-familia-dia-16-domingo

21/12/2016

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Governo cobra mais de seus terceirizados


O governo federal vai endurecer as regras de pagamento das empresas de trabalhadores terceirizados que prestam serviços para a administração direta, indireta e empresas estatais federais. Um mercado que movimenta R$ 45,5 bilhões por ano e emprega 1,09 milhão de terceirizados em todo o País, entre eles, seguranças, copeiros e faxineiros.
Portaria que será publicada hoje (21.12) no Diário Oficial da União fixa uma regra única para todo o setor público federal que impede o gestor de fazer os pagamentos mensais do serviço contratado se a empresa de terceirizados não comprovar que está em dia com o recolhimento dos direitos previdenciários e trabalhistas dos seus funcionários, como FGTS, INSS, 13.º salário. O dinheiro será retido e a empresa não vai receber o pagamento.
As empresas terão também de contratar um seguro de até 5% do valor do contrato, limitado a dois meses do valor da folha. Esse seguro será usado para os casos em que as empresas não cumprem os direitos trabalhistas, por exemplo, nos casos de falência. O repasse de dinheiro para o pagamento de licença maternidade, auxílio-doença (os 15 dias iniciais em que a empresa é obrigada a arcar com o custo do trabalhador) e substituições só será feito a partir de agora no fato gerador do benefício.
Hoje, o valor anual do contrato é dividido em 12 parcelas mensais, sem levar em conta os pagamento. Isso faz com que as empresas, em muitos casos, gastem antes o dinheiro e acabem não tendo recursos para pagar os direitos trabalhistas e previdenciários. Há muitos casos em que o próprio governo federal e as empresas estatais são acionadas na Justiça pelos trabalhadores para honrar esses compromissos assumidos pelas empresas.
Sem vínculos. Pela legislação brasileira, o setor público não pode contratar mão de obra, mas pode recorrer a serviços terceirizados. Esses trabalhadores não têm qualquer vínculo trabalhista com administração pública. O governo federal tem 90 mil empregados terceirizados a um custo anual de R$ 5,5 bilhões e as estatais federais gastam R$ 40 bilhões para empregar cerca de 1 milhão de terceirizados.
As novas regras são medidas de segurança financeira para impedir que o setor público tenham que depois arcar com esses custos que seriam das empresas. A regra geral evita também casos de contratos com desequilíbrio financeiro contaminarem outros contratos de uma mesma empresa. “Os gestores terão que fiscalizar se os direitos do trabalhador estão sendo pagos”, disse ao Estado o secretário de Gestão do Ministério do Planejamento, Gleisson Rubin.
Segundo ele, há casos em que a Justiça coloca o governo como solidário em disputas trabalhistas. O secretário contou um caso emblemático que ocorreu em Brasília, em 2013, quando uma única empresa que tinha 40 contratos decretou falência deixando milhares de empregados terceirizados sem receber os direitos rescisórios do contrato de trabalhado. As mudanças, disse ele, vão dar mais segurança para os trabalhadores. “O seguro garante o pagamento quando a empresa feche e não paga”, afirmou Rubin.
A portaria que será publicada hoje também exige a abertura de uma conta vinculada em separado para os pagamentos referentes a férias, 13.º salário e rescisão contratual. A medida evita que o dinheiro para o cumprimento desses compromissos seja utilizado pela empresa para outra finalidade.

Reportagem de Adriana Fernandes
fonte:http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,governo-cobra-mais-de-seus-terceirizados,10000095769
foto:http://www.sinttelrn.org.br/site/tag/terceirizacao/

Por que você não deve ameaçar seu filho dizendo que o Papai Noel não vai trazer presentes

Artigo de Mónica Serrano Muñoz, psicóloga colegiada M-26931. Terapeuta familiar, especializada em desenvolvimento pessoal e acompanhamento da maternidade consciente e criação respeitosa. Diretora do programa de formação de especialistas em maternidade e criação "Maternidade Feliz, Criação Respeitada". 

No período que antecede o Natal há muitos clássicos, mas certamente o que leva a medalha de ouro é a típica ameaça de pais, avós e outros familiares feita às crianças e que se traduz na temida frase: "Se você se comportar mal, o Papai Noel não vai te trazer brinquedos". O fato é que o objetivo é amedrontar as crianças da casa para que se comportem bem.
Os fins justificam os meios? É bom fazer essas ameaças para conseguir o que de outra forma parece que não conseguiríamos? A psicóloga Mónica Serrano acredita que é um erro usar essa "técnica" se queremos que nossos filhos se comportem bem. Ela considera que é um modo de agir que rompe muitas coisas boas dentro do pensamento das crianças: "A figura do Papai Noel representa a ilusão infantil de receber, em forma de presentes, a amabilidade e o carinho adulto de uma maneira mágica. Dura apenas alguns anos, porque o mistério é quebrado com a evolução cognitiva, resultando no fim do pensamento mágico", explica.
"No entanto, é muito comum que os mais velhos, com uma perspectiva centrada no adulto, utilizem esses personagens como moeda de troca para fazer com que as crianças se comportem como eles desejam". Essa ameaça focada nos presentes não só afeta a possível recepção dos mesmos como também transmite a ideia de que o Papai Noel é um ser mágico não tão amigável quanto a priori poderia parecer e, por isso, "o transforma em juiz que premia ou castiga de acordo com a conduta da pessoa, em um ser capaz de sentenciar e penalizar as crianças", acrescenta a especialista.
Tudo isso tem consequências na vivência da criança e na relação com os pais, pois todos eles acabarão sabendo quem é realmente o Papai Noel. Assim, uma vez superado o pensamento mágico, essas figuras ilusórias representam as figuras materna e paterna. Portanto, a psicóloga acredita que as ameaças e chantagens centradas nos presentes trazem experiências negativas no desenvolvimento da pessoa em sua infância.
Consequências negativas de ameaçar com um Papai Noel vingativo
1. Quando se ameaça uma criança dizendo que o Papai Noel não vai dar presentes se ela não "se comportar bem", está sendo negado o fato de que ela é um ser valioso em si mesmo, independentemente de como se comporte. Estamos condicionado o amor à criança ao seu comportamento. Dado que essa figura mágica representa, na realidade, os pais, quando a usamos como ameaça estamos transmitindo a ideia de que nosso amor não é incondicional, mas que está sujeito ao comportamento da criança.
2. Relacionado ao que acaba de ser mencionado, as chantagens e ameaças desse tipo, embora em muitos casos nunca cheguem a se concretizar, afetam negativamente a autoestima da criança. Essas ameaças transmitem à criança a ideia de que ela não é merecedora de receber presentes, que deve se esforçar para merecê-los, que seu valor pessoal não é suficiente para receber esses presentes. Realmente, as ameaças e chantagens com os presentes de Natal transmitem à criança a mensagem: "você não é importante".
3. As ameaças em nome do Papai Noel incitam as crianças a obedecer em função do medo de perder os presentes, o que limita muitíssimo o diálogo, a compreensão mútua e a ação segundo o critério próprio. A criança que tem de ceder a esse tipo de chantagem obedece cegamente, perdendo assim a oportunidade de aprender a partir da confiança de seus pais ou da confiança em seu próprio critério.
4. Além disso, essas chantagens orientam a criança a funcionar com base em obter recompensas ou evitar punições. Esse aprendizado é pouco autêntico, muito centrado na situação e muito pouco estável no longo prazo.
5. Finalmente, a criança que recebe ameaças de sanções por parte do Papai Noel assimila etiquetas totalitárias de tipo "bom"–"mau" como forma de categorizar as pessoas. A pergunta típica: "Você foi bom este ano?", indica que há crianças que o foram e outras que não e os diferencia em "merecedores de presentes" e "não merecedores de presentes", assumindo, assim, que as crianças que ganham menos presentes são piores do que aquelas que ganham mais. Isso é, ademais, algo cruel porque nem todos os pais têm o mesmo poder aquisitivo, e constrói uma mensagem que vai calando na sociedade na forma de que quem tem mais (em termos materiais) é uma pessoa melhor, contribuindo assim para a justificação das desigualdades sociais a partir de uma falsa moral.
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2016/12/14/opinion/1481728636_903502.html
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Perda de memória e envelhecimento acelerado: os danos que a obesidade causa ao cérebro

Lucy Cheke e seus colegas na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, recentemente convidaram um grupo de voluntários para fazer uma espécie de "caça ao tesouro" em seu laboratório.
Os participantes navegavam em um ambiente virtual a partir de uma tela de computador, escondendo vários objetos pelo caminho. Em seguida, tinham de responder a uma série de perguntas para testar o quanto se lembravam do que tinham acabado de fazer.
Ao analisar o que pode ter influenciado o desempenho de cada um, seria mais lógico imaginar que Cheke estaria mais concentrada no QI do participante do que no tamanho de sua barriga.
Mas ela encontrou uma ligação evidente entre o Índice de Massa Corpórea (IMC), usado para indicar o nível de obesidade, e um aparente deficit de memória: quanto mais alto o IMC do voluntário, pior ele se saía na tarefa.
O experimento de Cheke contribuiu para um corpo cada vez maior de evidências de que a obesidade está ligada ao "encolhimento" do cérebro e ao deficit de memória.
A pesquisa sugere que o excesso de peso pode contribuir para o desenvolvimento de distúrbios neurodegenerativos, como o mal de Alzheimer.
Surpreendentemente, o estudo também mostra que a relação entre a obesidade e a memória é uma via de mão dupla: estar acima do peso não só tem um impacto sobre o que somos capazes de recordar como também pode influenciar o comportamento alimentar no futuro, ao alterar nossas lembranças de experiências passadas envolvendo comida.

Obesidade e 'idade mental'

Cheke partiu da hipótese de que a obesidade poderia afetar a capacidade de imaginação, pois outros estudos já comprovaram existir uma relação entre a memória e a imaginação - nosso cérebro tende a unir fragmentos de lembranças para prever como serão eventos no futuro.
Em 2010, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Boston, nos EUA, relataram que adultos de meia-idade saudáveis, mas com mais gordura abdominal, tendem a ter um cérebro menos volumoso.
O problema é mais evidente no hipocampo, uma estrutura cerebral profunda que tem a função de aprender e guardar memórias - muito menor em obesos do que em pessoas mais magras.
Um estudo mais recente que realizou tomografias cerebrais de mais de 500 voluntários confirmou que há uma ligação entre estar acima do peso ou obeso e apresentar um grau mais avançado de degeneração cerebral por causa da idade.
Esses efeitos eram mais acentuados em pessoas na meia-idade, nas quais as mudanças relacionadas à obesidade correspondem a um aumento de cerca de dez anos na "idade mental".

Menos memória, mais quilos

Mas a obesidade é um distúrbio complexo, causado por muitos fatores. Por isso, ainda não se sabe exatamente como ela afeta a estrutura cerebral e sua função.
"A gordura corporal é o principal indício de obesidade, mas há outros problemas, como a resistência à insulina e a hipertensão", explica Cheke.
"Essas coisas andam de mãos dadas com fatores comportamentais, como comer demais ou se exercitar de menos. Tudo isso pode provocar alterações no cérebro."
Uma inflamação no cérebro também pode ser um dos fatores. Psicólogos da Universidade do Arizona descobriram que o IMC alto está associado ao declínio da memória e a altos níveis de uma proteína que indica inflamação.
Isso é algo preocupante, ainda mais com as recentes evidências de que a atenção e a memória controlam o apetite e o comportamento alimentar. O que significa que um deficit de memória poderia provocar um ganho de peso.
As primeiras provas disso surgiram em um estudo de 1998, feito pela Universidade da Pensilvânia, nos EUA, que mostrou que pacientes com amnésia grave estavam sempre dispostos a comer logo após uma refeição, simplesmente porque não se lembravam que já tinham se alimentado momentos antes.
"Isso indica que quando decidimos o quanto ingerimos, não nos baseamos apenas nos sinais fisiológicos sobre a quantidade de comida no estômago, mas também em processos cognitivos, como a memória", explica o psicólogo e pesquisador Eric Robinson, da Universidade de Liverpool, no Reino Unido.
A atenção e a memória são elementos independentes entre si, mas ligados estreitamente. Não podemos nos lembrar de algo ao qual não prestamos atenção, assim como também nossa lembrança de algo tende a ser mais vívida quanto mais pensamos nela.
Por isso, é possível que uma memória vívida de um almoço pode reativar o estado psicológico do organismo, o que reduz a fome e, consequentemente, o tamanho da próxima refeição.
Por outro lado, alguém que está distraído durante o almoço pode sentir uma ausência de lembranças e, ao pensar no jantar, pode ter mais fome.
Esse ponto é particularmente interessante, principalmente porque há indícios de que comer demais é algo que pode prejudicar a memória. Ou seja, o excesso de comida e os problemas de memória se reforçam mutuamente, colocando o indivíduo em um ciclo perigoso.

Nova abordagem para a perda de peso

Essas descobertas podem trazer ideias para uma nova abordagem para ajudar as pessoas a perder peso e a manter um IMC saudável.
Robinson e seus colegas, por exemplo, desenvolveram um aplicativo de celular que estimula o usuário a comer com mais atenção.
"O programa encoraja a pessoa a tirar fotos de seus pratos e a responder perguntas sobre suas refeições", explica o psicólogo. "A ideia é criar lembranças vívidas que deixem o usuário menos propenso a comer em excesso durante o resto do dia."
A equipe de Cheke também está usando um aplicativo para coletar informações sobre o estilo de vida e o comportamento alimentar de voluntários.
O objetivo é tentar isolar os vários fatores que podem contribuir com a obesidade - principalmente os que estão relacionados à estrutura e à função cerebrais.

Reportagem de Moheb Costandi
fonte:http://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-38129219
foto:http://pre.univesp.br/a-epidemia-de-obesidade-no-brasil

Os desafios de proteger multidões contra ataques como o de Berlim

A escolha de um bem visitado mercado de Natal como o de Berlim para alvo de um atentado extremista não surpreendeu as forças de segurança ocidentais, que já sabiam dessa possibilidade e conhecem a tática desse tipo de ataque.
Mesmo assim, os desafios de tentar evitar ou conter atentados desse tipo são enormes, como demonstra o seu histórico.
Já em 2000, um mercado de Natal tinha sido alvo de um ataque à bomba da Al-Qaeda em Estrasburgo, na França - um atentado que as autoridades conseguiram desbaratar a tempo.
Esses mercados são uma antiga tradição em várias partes da Europa e reúnem um grande número de moradores locais e turistas. Um atentado em um local desses deixaria um alto de número de mortos - e o impacto simbólico e emocional de estar ligado a uma temporada de feriados.
Há apenas algumas semanas, um jovem de 12 anos foi preso na Alemanha com um plano para detonar explosivos caseiros em um mercado em sua cidade natal. A bomba, repleta de pregos, não foi detonada.
A metodologia deste tipo ataque com caminhões também não é nova.
Dois anos atrás, uma van foi jogada contra visitantes de um mercado de Natal na cidade francesa de Nantes, deixando 10 pessoas feridas. Uma pessoa morreu.
Os grupos extremistas Estado Islâmico e a Al-Qaeda fizeram chamados públicos a seus militantes para que usassem veículos como armas. O ataque em Nice, em julho, foi o sinal mais claro dos terríveis danos que um caminhão pode causar. Na ocasião, 86 pessoas morreram.
Nesse caso, o motorista parece ter se inspirado nos chamados do Estado Islâmico, mas a extensão do contato direto parece ter sido limitada. Rastrear cada caminhoneiro certamente não é uma solução - o que ficou claro especialmente após o caso de Berlim, onde houve fortes indícios de que o veículo foi sequestrado apenas algumas horas antes de ser usado.
Os desafios na prevenção de tais ataques que usam pouca tecnologia são complexos.
Há uma década, os membros da Al-Qaeda tendiam a planejar ataques mais complexos com explosivos. Isso muitas vezes exigia viagens internacionais e treinamento, além de comunicação, e tais ações levavam muito tempo para se desenvolverem.
Tudo isso oferecia várias oportunidades para que agências de inteligência pudessem interceptar a tempo possíveis planos de ataques.

Protegendo multidões

Se um indivíduo é seguidor do Estado Islâmico, mas não tem contato com eles e age sozinho ou em uma pequena célula, será difícil detectá-lo. No momento em que ele sequestrar um caminhão, haverá poucas chances de encontrá-lo.
A única esperança nesse caso é proteger as áreas de um ataque para reduzir os possíveis danos.
O Reino Unido investiu bastante na proteção de seus lugares mais lotados.
O governo, através do Escritório Nacional de Segurança Contra o Terrorismo, dá instruções a edifícios, pubs, bares e atrações turísticas para que estes saibam como se proteger e dar mais segurança a seus visitantes.
O foco tem sido sobre proteção contra carros-bomba ou os ataques em que um ou vários indivíduos atiram indiscriminadamente contra vítimas que veem pela frente - o tipo de incidente visto primeiro em Mumbai (em 2008, onde vários ataques coordenados resultaram na morte de 164 pessoas) e, mais recentemente, em novembro de 2015 em Paris.
A preocupação com os carros-bomba levou ao investimento em postes, fradinhos, chicanas e outros tipo de obstáculos de rua - às vezes integradas à arquitetura local de forma discreta - que tornariam mais difícil para um veículo atingir um prédio em velocidade.
Há também maior vigilância em eventos públicos e contato entre os organizadores e a polícia.
Os mercados ainda são difíceis de proteger, em parte porque eles tendem a estar localizados em praças e ruas abertas, mas também são temporários. Isso torna menos provável que haja investimentos em segurança pesada e permanente, embora ainda possam ser usadas barreiras temporárias.

'Mais fradinhos e soldados não é a resposta'

As forças policiais britânicas dizem que já estavam com esquema de segurança em vigor zelando pela proteção des mercados públicos do Reino Unido, mas que estes serão revistos e ajustados para aumentar a presença policial.
Especialistas antiterrorismo advertem que não basta apostar as fichas apenas em medidas de proteção.
"Mais fradinhos e soldados ou policiais nas ruas absolutamente não é a resposta para este tipo de ameaça", disse à BBC Richard Walton, comandante das unidades antiterror na Polícia Metropolitana de Londres de 2011 até o início de 2016.
"Você tem que melhorar sua capacidade de inteligência. Você tem que incentivar as pessoas a se aproximar e, em particular, você tem que incentivar a comunidade muçulmana a confiar nas agências e reportar informações e preocupações que ela tem".
Há muitas dúvidas, porém, se foi feito o suficiente em Berlim, dado que este tipo de ameaça já era conhecido.
O Departamento de Estado norte-americano publicou um aviso no final de novembro dizendo aos cidadãos americanos para terem cautela em "festivais de férias, eventos e mercados ao ar livre".
O aumento da segurança foi posto em prática em alguns mercados de Natal, como o mais famoso da Europa, o de Estrasburgo, com monitoramento dos visitantes e restrições à circulação de veículos.
Mas o problema é que todos os mercados precisariam seguir os mesmo padrões de segurança, pois um extremista pode sempre escolher um alvo mais frágil para um ataque.
Autoridades alemãs têm defendido suas medidas de proteção dizendo que é difícil conseguir implantar obstáculos capazes de deter um caminhão, como foi o caso em Berlim.
"Os mercados de Natal não podem ser transformados em fortalezas", disse um oficial alemão no dia seguinte ao ataque.
"Temos um número ilimitado de alvos frágeis. Há diversas possibilidades de usar um caminhão para atacar e matar pessoas".

fonte:http://www.bbc.com/portuguese/internacional-38372796
foto:http://brasil.elpais.com/brasil/2016/12/20/internacional/1482238315_258553.html

20/12/2016

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Como o atentado contra o chanceler russo pode afetar a relação entre Rússia e Turquia?


Rivais históricos, Rússia e Turquia já protagonizaram diversos episódios de tensão diplomática. O atentado contra o embaixador russo, Andrei Karlovneta, ontem (19) em Ancara, capital turca, aconteceu, no entanto, em um momento em que as nações estavam se aproximando.
Em lados opostos no conflito da Síria, os governos da Turquia e Rússia estavam colaborando, nos últimos dias, na operação de evacuação de civis da cidade de Aleppo, no norte da Síria.
Para os especialistas em relações internacionais ouvidos pelo UOL, a relação entre Turquia e Rússia não deverá ser afetada radicalmente, porque tudo indica que o assassinato foi um ato sem relação com o governo. Contudo, se o assassinato do chanceler russo tivesse acontecido há seis meses, o cenário seria diferente.
"Essa rivalidade entre os países chegou ao ápice quando a Turquia derrubou um caça russo", analisa o professor de Relações Internacionais da UnB (Universidade de Brasília) Juliano da Silva Cortinhas.
Em 24 novembro de 2015, a aviação turca derrubou um avião militar russo perto da fronteira com a Síria. Segundo o governo da Turquia, o avião havia violado o seu espaço aéreo. Após o ataque, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que o ato era uma "punhalada pelas costas".

Relação estava amistosa

Até o atentado desta segunda-feira, a tensão entre os países estava sob controle para os órgãos internacionais de segurança.
Segundo Cortinhas, a "amizade" entre as nações foi retomada em junho deste ano, após o governo da Turquia ter sofrido uma tentativa de golpe de Estado. "A Rússia se mostrou solidária ao presidente turco Recep Tayyip Erdogan", explica o professor.
Com isso, a relação entre Turquia e Rússia não deverá ser afetada radicalmente, porque tudo indica que o assassinato foi um ato terrorista. 
"A Rússia não vai entrar em conflito aberto contra a Turquia nem deve romper relações diplomáticas", diz o professor de Relações Internacionais da USP, Feliciano Sá Guimarães.
De acordo com Guimarães, a preocupação principal do governo russo é ampliar o domínio do presidente sírio Bashar al-Assad sobre o território do país. Putin deverá manter seus esforços bélicos direcionados a esse propósito. 
Ambos os professores também dizem que o acordo para a retirada de civis de Aleppo deverá ser mantido. 

Histórico do conflito na Síria

O conflito armado que começou com protestos contra o presidente Basha al-Assad que cresceram até dar origem a uma guerra civil total. Mais de 11 milhões de pessoas tiveram que deixar suas casas, em meio à batalha entre forças leais ao governo e oposicionistas - e também sob a ameaça de militantes radicais do Estado Islâmico.
 
Os protestos pró-democracia começaram em março de 2011, na cidade de Daraa, após a prisão e tortura de adolescentes que haviam pintado slogans revolucionários no muro de uma escola. Forças de segurança mataram os manifestantes, o que alimentou a insurgência por todo o país - em julho daquele ano, centenas de milhares tomavam as ruas.
 
A violência se intensificou e o país entrou em guerra civil quando brigadas rebeldes foram formadas para enfrentar forças do governo pelo controle de cidades e vilas. A batalha chegou à capital, Damasco, e a Aleppo, segunda cidade do país, em 2012.
 
O conflito hoje é mais do que uma disputa entre grupos pró e anti-al-Assad. Adquiriu contornos sectários, jogando a maioria sunita contra o ramo xiita alauita de al-Assad. E o avanço do EI deu uma nova dimensão à guerra.
 
O EI se aproveitou do caos e tomou controle de grandes áreas na Síria e no Iraque, onde proclamou a criação de um "califado" em junho de 2014. Seus integrantes estão envolvidos numa "guerra dentro da guerra" na Síria, enfrentando rebeldes e rivais jihadistas da Frente al-Nusra, ligada à Al-Qaeda, bem como o governo e forças curdas.
 
Em setembro de 2014, uma coalizão liderada pelos EUA lançou ataques aéreos na Síria em tentativa de enfraquecer o EI. Mas a coalizão evitou ataques que poderiam beneficiar as forças de Assad. Em 2015, a Rússia iniciou campanha aérea alvejando terroristas na Síria, mas ativistas da oposição dizem que os ataques têm matado civis e rebeldes apoiados pelo Ocidente.
 
Há evidências de que todas as partes cometeram crimes de guerra - como assassinato, tortura, estupro e desaparecimentos forçados. Também foram acusadas de causar sofrimento civil, em bloqueios que impedem fluxo de alimentos e serviços de saúde, como tática de confronto.


fonte:http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2016/12/19/como-o-atentado-contra-o-chanceler-russo-pode-afetar-a-relacao-entre-russia-e-turquia.htm
foto:http://todasnoticias.com.br/achei-que-era-um-ato-teatral-fotografo-que-registrou-assassinato-de-chanceler-russo-conta-como-foi/