A Europol disse que
as milhares de crianças desapareceram depois de serem registradas por
autoridades.
A polícia do bloco
europeu ainda alertou que crianças e jovens podem estar sendo explorados
sexualmente e usados em trabalho escravo por gangues de criminosos.
Esta foi a primeira
vez que a Europol forneceu uma estimativa de quantas crianças imigrantes podem
estar desaparecidas em todo o bloco europeu.
"Não
é exagero afirmar que estamos analisando (o número de) mais de 10 mil
crianças", afirmou o chefe de gabinete da Europol, Brian Donald, ao jornal
britânicoThe Observer.
"Nem todas elas
serão exploradas de forma criminosa; algumas poderão ter ido viver com outros
membros da família. Nós simplesmente não sabemos onde elas estão, o que estão
fazendo ou quem está com elas."
E, de acordo com a
organização de caridade britânica Save de Children, cerca de 26 mil crianças
imigrantes chegaram à Europa no ano passado sem família.
Sem rastros
Em maio de 2015 as
autoridades da Itália afirmaram que quase 5 mil crianças tinham desaparecido de
centros de recepção de refugiados desde o ano anterior.
Em outubro, as
autoridades de Trelleborg, no sul da Suécia, afirmaram que cerca de mil
crianças e jovens adultos, todos refugiados sem acompanhantes que chegaram na
cidade no mês anterior, tinham desaparecido.
Confirmando a
estimativa geral de menores desaparecidos, um porta-voz da Europol disse que
uma grande proporção de crianças também pode ter desaparecido depois de
desembarcar na Grécia. O país foi o primeiro ponto de entrada para mais de 1
milhão de imigrantes que chegaram à Europa de barco em 2015 e as autoridades
locais foram criticadas por não conseguir registrar e checar as novas chegadas.
De acordo com a
Europol, grupos criminosos envolvidos com tráfico de pessoas na Europa agora
têm os imigrantes como alvo. Há o temor de que crianças desacompanhadas e
jovens que chegam à Europa possam estar sendo explorados sexualmente, usados
como escravos e em outras atividades ilegais.
Um porta-voz da
Organização Internacional para Imigração, Leonard Doyle, disse à BBC que o
número de 10 mil crianças desaparecidas é "chocante, mas não é
surpreendente".
Doyle afirmou que
era "esperado" que muitas destas crianças acabassem sendo exploradas.
"Vamos esperar
agora que a União Europeia destine recursos para encontrar estas crianças,
ajudando-as e reunindo estas crianças com suas famílias", disse.
Afogamentos
O anúncio da Europol
veio em mais um momento de grande preocupação sobre a segurança da travessia de
imigrantes rumo à Europa. No sábado, pelo menos 39 deles, incluindo várias
crianças, se afogaram durante a travessia do mar Egeu, entre a Turquia e a
Grécia.
Na última sexta-feira, a
Organização Internacional para Imigração informou que 244 imigrantes se
afogaram no mar Mediterrâneo apenas neste ano, em meio a 55.568 chegadas.
Além dos riscos da
travessia, há também problemas nos centros de recepção de imigrantes.
A editora da BBC
para a Europa Katya Adler fez uma reportagem no ano passado expondo o quanto
estas crianças imigrantes ficam vulneráveis quando são recebidas na Itália.
Fabio Sorgoni, da
ONG italiana On The Road, disse a ela que o intervalo de tempo para
providenciar um abrigo seguro aos menores que chegam desacompanhados é muito
curto.
A lei permite que
esses jovens possam sair dos centros de recepção durante o dia, quando se
transformam em alvos fáceis para o crime organizado ou criminosos individuais
que querem explorar estas crianças e jovens.
Poucos centros da
Itália têm um número suficiente de tradutores que falam o idioma das crianças.
E também não têm funcionários com experiência em identificar as vítimas
exploração sexual.
Milhares de crianças
fugiram de centros de recepção e desapareceram nas ruas da Itália. Sem ninguém
para assumir a responsabilidade de cuidar destas crianças elas fazem sozinhas o
que for necessário para sobreviver.
foto:http://www.istoe.com.br/reportagens/435235_FRONTEIRAS+DO+HORROR
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