25/11/2015

PF prende senador Delcídio do Amaral (PT) e banqueiro André Esteves

Supremo autorizou a prisão do senador do PT, acusado de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato. É a primeira vez que um senador em exercício é preso sem ser em flagrante.



A Polícia Federal prendeu preventivamente, no início da manhã de hoje, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS)- foto acima -, 60 anos, por suspeita de tentar obstruir as investigações da operação Lava Jato, que investiga o esquema de desvios bilionários na Petrobras. O senador foi preso em Brasília após um pedido do Ministério Público Federal, e foi levado à Superintendência da Polícia Federal, onde permanece detido. A prisão de Amaral é mais um duro golpe contra o Partido dos Trabalhadores, já que ele é líder do Governo Dilma Rousseff no Senado.
O banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, também foi detido na operação. Segundo a PF, Esteves estava destruindo provas das investigações da Lava Jato, assim como o senador petista.
Em seu pedido, o Ministério Público Federal argumentou que Amaral agiu para atrapalhar as investigações da Lava Jato, algo que é considerado crime permanente. Dessa forma, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal que autorizasse a prisão sua preventiva. Trata-se da primeira vez que um senador federal é preso durante o exercício do seu cargo.
O senador teria tentado convencer o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que está preso por ligação com os desvios na estatal, de não realizar a delação premiada –e assim não revelar à Justiça os detalhes das irregularidades– e lhe oferecido possibilidade de fugir. A conversa foi gravada pelo filho de Cerveró e entregue à Justiça. Cerveró acusou Amaral de participar de um esquema de desvio de recursos envolvendo a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Além do senador e do banqueiro, o Supremo também autorizou a prisão do chefe de gabinete do petista, Diogo Ferreira e de um advogado de Cerveró, que também estaria envolvido num esquema de destruição de provas da Lava Jato. O Supremo se reúne na manhã desta quarta em sessão extraordinária para dar mais detalhes sobre estas prisões.
Na lista dos homens mais ricos do Brasil, André Esteves, matemático de formação, filho de uma família de classe média carioca, fez fama e fortuna a partir de 2008, quando fundou o banco BTG em sociedade com Pérsio Arida, ex-presidente do Banco Central de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). No ano seguinte, o BTG comprou o banco Pactual e passou a se chamar BTG Pactual, que no ano passado faturou 6,5 bilhões de reais no primeiro semestre. Reconhecido como um homem bem sucedido e de perfil agressivo no mundo dos negócios, Esteves também era famoso por ser discreto com a vida pessoal, workaholic e por diversificar investimentos em áreas estratégicas. Ele tem participação em mais de 20 empresas.
Já Amaral exerce seu segundo mandato como senador da República pelo Mato Grosso do Sul. Em entrevista em junho, ele criticou o que chamou de "processo de criminalização" do PT. "Essa criminalização é para prejudicar nosso projeto para 2018. Não digo que não erramos. Erros aconteceram e procuramos aprender com eles. Mas há um desejo forte de desqualificação do PT para 2018", afirmou, na ocasião.
A investigação sobre Delcídio do Amaral estava sob sigilo. Seu nome havia aparecido na primeira lista de políticos investigados, mas foi retirado por falta de provas inicialmente.
As prisões ocorrem um dia após a Polícia Federal deter, também em Brasília, o pecuarista José Carlos Bumlai, por suspeita de fazer tráfico de influência usando o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem ele era amigo.

Reportagem de Afonso Benites
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2015/11/25/politica/1448446987_640853.html
foto:http://www.correiodoestado.com.br/politica/empreiteiros-presos-doaram-r-7-milhoes-para-delcidio-do-pt/232426/

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