24/06/2015

USP faz parceria com quatro universidades ibero-americanas


O reitor da Universidade de São Paulo (USP), Marco Antonio Zago, se reuniu no início deste mês com reitores de outras quatro universidades da Espanha, Argentina e México, para estabelecer um acordo para melhorar o intercâmbio de professores e alunos, a obtenção de títulos universitários e a colaboração de pesquisas entre as instituições. Com a parceria, as universidades também pretendem formar um grupo para competir juntas. Ao todo, elas somam 750.000 estudantes.
A ideia foi se consolidando durante mais de seis meses, mas foi no último 10 de junho, em Badajoz (oeste da Espanha), que aconteceu o primeiro encontro entre os representantes da USP, Complutense de Madri, Universidade de Barcelona, Nacional Autônoma do México (Unam) e Universidade de Buenos Aires (UBA).
Didac Ramírez, reitor da Universidade de Barcelona, destaca que as cinco universidades juntas terão mais presença na Ásia e na Europa, mas também querem competir com as grandes instituições norte-americanas, como Harvard e Yale, além de chegar a outros continentes. “Nos Estados Unidos é cada vez maior a população falante de espanhol e São Paulo nos conecta com os países africanos que falam português”, afirma o responsável pela Universidade de Barcelona. Segundo ele, o plano é ter uma atuação conjunta no mercado educacional. “Queremos ser um lobby universitário com um peso importante e uma opinião conjunta no âmbito ibero-americano e mundial”, afirmou.
Para a universidade brasileira, a parceria é um segundo passo no acordo assinado com a UNAM e a UBA em 28 de julho do ano passado. A carta de intenções entre as três universidades latinas prevê a criação de um comitê executivo comum que definirá em conjunto as estratégias adotadas. Os compromissos passam pelo aumento de intercâmbio de alunos e a validação das carreiras acadêmicas, com o reconhecimento mútuo dos títulos tanto dos estudantes de graduação quanto dos de pós-graduação. É possível, inclusive, que os sistemas que medem o rendimento acadêmico sejam unificados para facilitar o reconhecimento dos títulos e que docentes sejam compartilhados.
A USP não informou os detalhes da nova parceria, com o argumento de que o acordo ainda não foi assinado. Em nota, afirmou apenas que “a expansão dessa aliança latino-americana com as universidades espanholas é um passo natural nas relações internacionais com o mundo ibero-americano”. Cada universidade vai indicar, nas próximas semanas, um representante institucional para negociar e concretizar as características do acordo. A previsão das universidades é negociar os detalhes e assinar um convênio já neste segundo semestre.
Após o encontro privado, na reunião de diretoria da rede Universia, os reitores deram alguns detalhes do que foi combinado. Segundo eles, serão adotadas diretrizes para favorecer o intercâmbio de alunos e professores, a competição para conseguir fundos de pesquisa e facilitar títulos conjuntos nos dois continentes. Está previsto ainda que os alunos possam completar parte dos créditos de suas carreiras em qualquer uma das cinco universidades. “Isso pode ser feito com custo zero, porque todas já dispõem de cursos virtuais”, acrescenta Carlos Andradas, reitor da Complutense.
As duas universidades espanholas também já tem um acordo conjunto, similar ao das três latinas. Por isso, acertar os detalhes do acordo deve ser um processo “rápido e ágil”, afirmou Andradas. “Eles têm um documento base e nós também. Agora precisamos revisar os dois para elaborar um global”, acrescentou.
O acordo da Complutense com a UB foi assinado em dezembro de 2014. Na ocasião, as instituições anunciaram que iriam colaborar juntas para ter maior presença internacional. A universidade de Madri, por exemplo, ofereceu os contatos com o Colégio Complutense – aberto em colaboração com Harvard e instalado no campus norte-americano – e a catalã, os da Conferência Árabe-Europeia de Educação Superior (AECHE), da qual faz parte. Nessa assinatura, Ramírez e José Carrillo, então reitor da Complutense, manifestaram seu interesse em abrir o acordo a outras grandes universidades da América Latina.

As cinco universidades em números

  • A Universidade de Buenos Aires(Argentina) tem mais de 290.000 alunos de graduação e pós-graduação e 21.000 professores, segundo os dados oferecidos.
  • Na UNAM (a Universidade Nacional Autônoma do México) estudam 223.775 alunos.
  • A Universidade de São Paulo é onde estudam mais de 92.000 estudantes com 5.880 professores.
  • Complutense de Madri tem mais de 81.000 estudantes matriculados e em suas classes trabalham 5.871 professores.
  • Universidade de Barcelona tem 63.020 alunos matriculados em seus cursos e 5.312 professores.

Reportagem de Pilar Álvarez e Talita Bedinelli
fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2015/06/10/internacional/1433963404_397641.html
foto:http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/por-que-lutar-contra-mercantilizacao-da-usp/

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