26/06/2015

Relatório mostra envolvimento da alta cúpula do Exército colombiano em assassinatos de civis

ONG Human Rights Watch pede que EUA suspendam ajuda militar à Colômbia diante das evidências de violação no país; presidente Santos criticou relatório.



A ONG norte-americana HRW (Human Rights Watch) divulgou um informe que vincula a alta cúpula militar colombiana a execuções extrajudiciais, ou seja, extermínio de civis, ocorridos “sistematicamente” entre 2002 e 2008. A organização ressalta que, diante das evidências de violação dos direitos humanos, o governo dos Estados Unidos deveria suspender a ajuda militar que oferece à Colômbia.
O presidente Juan Manuel Santos criticou o relatório. Ontem (25/06), o mandatário afirmou que não permitirá que o nome das Forças Armadas seja manchado, em crítica ao relatório da ONG divulgado na última quarta-feira (24/06), que, segundo ele, não apresenta “nenhuma documentação”: “que não venham a apontar e a causar um dano enorme sem nenhuma justificativa, sem nenhuma documentação, essa não é a forma de vigiar o respeito aos direitos humanos”, destacou Santos.
Já a ONG afirma que “os promotores enfrentam obstáculos substanciais que impedem que haja avanços em seus casos, o que inclui desde represálias contra testemunhas chave, até falta de cooperação por parte de autoridades militares”, como ressaltou José Miguel Vivanco, diretor-executivo da divisão das Américas da HWR.
A organização norte-americana ressalta ainda que os Estados Unidos deveriam exigir o cumprimento dos requisitos de direitos humanos a que está condicionada a assistência militar à Colômbia, incluindo a exigência de que os casos de direitos humanos estejam “sujeitos unicamente à jurisdição penal ordinária”, e que os militares cooperem com os promotores nesses casos. Assim, diante das evidências de que esses requisitos não estão sendo cumpridos, os EUA deveriam suspender a parte da ajuda militar.
“Se a Colômbia não levar à Justiça os máximos responsáveis, a Corte Penal Internacional deveria abrir uma investigação formal”, afirmou Vivanco.
Ele apontou ainda que “numerosos — possivelmente centenas — de casos de falsos positivos continuam na Justiça Penal Militar, onde praticamente se garante sua impunidade”, apesar de diversos organismos internacionais de direitos humanos terem reiterado a necessidade de que esses casos sejam julgados pela justiça ordinária.
Os oficiais do Exército que estavam no comando quando ocorreram as execuções, no entanto, “conseguiram evitar a ação da Justiça e inclusive ascenderam aos níveis mais altos do comando militar, incluindo os atuais comandantes do Exército Nacional e das Forças Militares”.
“Os falsos positivos representam um dos episódios mais nefastos de atrocidades massivas no hemisfério ocidental dos últimos anos, e há cada vez mais evidências de que altos oficiais do Exército seriam responsáveis por esses atos atrozes”, ressaltou Vivanco.
Como prova de que militares são coagidos, perseguidos e hostilizados para que não comentem a participação de superiores no caso dos falsos positivos, o documento traz a história de Nixón de Jesús Cárcamo que em 27 de outubro de 2014 confessara e aportara informação à promotoria sobre a suposta participação de seus superiores em falsos positivos. Ele foi assassinado no centro de reclusão militar da Décima Primeira Brigada.
O relatório
O documento, com 105 páginas, intitulado “O papel da alta cúpula nos falsos positivos: Evidências de responsabilidade de generais e coronéis do Exército colombiano na execução de civis” foi realizado com base em dados da promotoria e revela que os altos comandantes do Exército sabiam ou deveriam saber das execuções ocorridas entre 2002 e 2008.
O documento foi realizado com base em dados da promotoria inéditos até o momento; expedientes penais; depoimentos de testemunhas, a maior parte até hoje não publicados; gravação de conversas mantidas pelo Tenente Coronel Robinson González del Río, que foram ordenadas judicialmente e efetuadas por autoridades diante de sua detenção pelos falsos positivos; entrevista com fiscais, testemunhas e familiares de vítimas e seus advogados.
Falsos positivos
De acordo com a promotoria, estima-se que exista um total de 4.475 vítimas dos casos de falsos positivos em todo o país. O escândalo foi revelado em 2008 e consiste na prática, por parte do Exército, de execuções de civis para fazê-los passar por guerrilheiros mortos em combate. A prática foi adotada pelos militares para aumentar o número de supostos mortos em batalha.
A promotoria aponta que até o momento, foram condenadas 923 pessoas por esses atos, dos quais 862 eram membros do Exército, mas do baixo escalão. Somente alguns coronéis, mas nenhum general sofreu punição pelos atos.

Reportagem de Vanessa Martina Silva
fonte:http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/40822/relatorio+mostra+envolvimento+da+alta+cupula+do+exercito+colombiano+em+assassinatos+de+civis.shtml
foto:https://www.epochtimes.com.br/chefe-farc-decide-desertar-leva-grupo-comandado/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela visita e pelo comentário!