23/06/2015

Número de refugiados bate recorde em 2014, aponta Acnur


O relatório Tendências Globais, do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), divulgado na última quinta-feira (18) mostra que 13,9 milhões de pessoas se somaram ao número de novos deslocados em 2014 – quatro vezes mais que em 2010. Em todo o mundo, foram contabilizados 19,5 milhões de refugiados (acima dos 16,7 milhões de 2013), 38,2 milhões de deslocados dentro de seus próprios países (contra 33,3 milhões em 2013) e 1,8 milhão de solicitantes de refúgio (em comparação com 1,2 milhão em 2013). Um dado alarmante: metade dos refugiados no mundo é formada por jovens e crianças de até 18 anos de idade.
A pesquisa mostra que o deslocamento global provocado por guerras, conflitos e perseguições atingiu um nível recorde e está acelerando rapidamente em todo o mundo.
O informe revela um claro crescimento no número de pessoas forçadas a deixarem suas casas. Ao final de 2014, esse número atingiu o nível recorde de 59,5 milhões de pessoas, comparado com os 51,2 milhões registrados no fim de 2013 e os 37,5 milhões verificados há uma década. 
Esta tendência de crescimento tem sido verificada desde 2011, quando se iniciou a guerra na Síria, que se transformou no maior evento individual causador de deslocamentos no mundo. Em 2014, uma média de 42,5 mil pessoas por dia se tornaram refugiadas, solicitantes de refúgio ou deslocados internos – um crescimento quadruplicado em apenas quatro anos. Em todo o mundo, um em cada 122 indivíduos é, atualmente, refugiado, deslocado interno ou solicitante de refúgio. Se fossem a população de um país, essas pessoas representariam a 24º nação mais populosa do planeta.
"Estamos testemunhando uma mudança de paradigma, entrando em uma nova era, na qual a escala do deslocamento global e a resposta necessária a este fenômeno é, claramente, superior a tudo que já aconteceu até agora", disse o alto comissário da ONU para Refugiados, António Guterres. "É aterrorizante verificar que, de um lado, há mais e mais impunidade para os conflitos que se iniciam, e, por outro, há uma absoluta inabilidade da comunidade internacional em trabalhar junta para encerrar as guerras e construir uma paz perseverante", afirmou o Alto Comissário.
O relatório do ACNUR mostra que as populações refugiadas e de deslocados internos cresceram em todas as regiões do mundo. Nos últimos cinco anos, pelo menos 15 conflitos se iniciaram ou foram retomados: oito na África (Costa do Marfim, República Centro-Africana, Líbia, Mali, nordeste da Nigéria, República Democrática do Congo, Sudão do Sul e Burundi, neste ano); três no Oriente Médio (Síria, Iraque e Iêmen); um na Europa (Ucrânia); e três na Ásia (Quirguistão e em diferentes áreas de Mianmar e Paquistão). Poucas dessas crises foram solucionadas e muitas ainda geram novos deslocamentos. Em 2014, apenas 126,8 mil refugiados conseguiram retornar para seus países de origem – o menor número em 31 anos.
Enquanto isso, conflitos longevos no Afeganistão, Somália e outros lugares fazem com que milhões de pessoas originárias destas regiões permaneçam em movimento, à margem da sociedade ou vivendo a incerteza de continuarem como refugiadas ou deslocadas internas por muitos anos. Entre as mais recentes e visíveis consequências dos conflitos globais está o dramático crescimento de refugiados que, em busca de proteção, realizam jornadas marítimas perigosas no Mediterrâneo, no Golfo de Áden, no Mar Vermelho e no Sudeste da Ásia.
"Com enorme falta de financiamento e grandes falhas no regime global de proteção das vítimas de guerras, as pessoas com necessidade de compaixão, ajuda e refúgio estão sendo abandonadas", afirma Guterres. "Para uma época de deslocamento massivo sem precedentes, necessitamos de uma resposta humanitária também sem precedentes, e um compromisso global renovado de tolerância e proteção para as pessoas que fogem de conflitos e perseguições", acrescenta Guterres.

fonte:http://www.brasildefato.com.br/node/32302
foto:http://www.lookfordiagnosis.com/mesh_info.php?term=Refugiados&lang=3

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