09/10/2014

Pela primeira vez, Fapesp torna públicas fraudes em pesquisas científicas

Primeiras denúncias envolvem cinco pesquisadores e incluem plágio e fabricação de dados. Órgão diz que vai continuar investigando outras irregularidades.



Cinco casos de fraude em pesquisas científicas — incluindo plágio e fabricação de dados — foram divulgados pela Fapesp, fundação pública que financia pesquisas no Estado de São Paulo. Desde o lançamento do Código de Boas Práticas Científicas, em 2011, é a primeira vez que a instituição expõe conclusões de investigações. A divulgação das fraudes deve continuar, conforme forem apuradas. A medida é inédita no Brasil.

Os casos publicados envolvem os pesquisadores Andreimar Soares, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP; Cláudio Airoldi, do Instituto de Química da Unicamp; Flávio Vilela, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP; Javier Amadeo, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP; e Antonio José Balloni, do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer. A Fapesp estabelece que o sumário dos casos ficarão expostos publicamente de três meses a cinco anos, dependendo da gravidade da violação de boas práticas científicas.

O código da Fapesp determina a investigação rigorosa de denúncias de fraude e prevê que seja feita sob sigilo, para preservar a reputação dos suspeitos. Mas, quando a má conduta é comprovada, para coibir esse tipo de prática, a Fapesp expõe publicamente as conclusões do processo, divulgando os nomes, instituição dos pesquisadores, a descrição do trâmite e a punição imposta.
Javier Amadeo, atualmente professor da Unifesp, disse que não houve má conduta científica, mas um erro de citação.Ele teria reproduzido sem aspas cerca de 30 linhas do livro As Revoluções do Poder, de Eunice Ostrensky. "Foi um erro que não comprometeu os resultados da pesquisa, como a própria Fapesp reconheceu quando aprovou os relatórios científicos. Essa alegação nunca foi respondida". Os demais pesquisadores não comentaram o caso.

Para Helena Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a iniciativa da Fapesp de divulgar os casos investigados é correta. "Uma vez que foi dado direito de ampla defesa aos acusados, acho que a Fapesp tem a obrigação social de divulgar esses casos, já que ela financia a pesquisa com recursos públicos". Segundo ela, além de contribuir para coibir as fraudes, a divulgação das irregularidades é uma maneira de mostrar ao contribuinte que o uso dos recursos públicos está sendo fiscalizado. "É preciso defender a integridade científica acima de tudo."

De acordo com o pró-reitor de pesquisa USP, José Eduardo Krieger, a instituição apoia a iniciativa e também tem mecanismos para evitar a fraude científica. "Mas a notoriedade transitória dos raros casos de fraude científica não pode ser confundida com o sucesso e os resultados do ensino da USP."

Sérgio Pena, um dos autores do guia Rigor e Integridade na Condução da Pesquisa Científica, da Academia Brasileira de Ciências (ABC), afirma que a iniciativa é excelente para a ciência brasileira. "É importante que os recursos para pesquisa não caiam em mãos erradas. A divulgação dos nomes ajudará a coibir as violações de boas práticas". Ele acredita, no entanto, que as investigações atingirão apenas uma pequena parte das fraudes.


fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/pela-primeira-vez-fapesp-torna-publicas-fraudes-em-pesquisas-cientificas
foto:http://envolverde.com.br/educacao/pesquisas-academicas-tem-continuidade-durante-greve-das-universidades-federais/

2 comentários:

  1. Prezados

    Solicito, por favor, divulgarem a minha resposta abaixo -completa- em seu site em resposta ao assunto plagio, fapesp.
    obrigado,
    Balloni
    ================

    A publicação de meu processo pela direção atual da Fapesp é ilegal para não dizer imoral: a “declaração decisória” da instituição está datada de 03/abril/2013, data a partir da qual fiquei injustamente impedido por um ano (pena leve) de solicitar bolsa para a Fapesp. Portanto, a Fapesp jamais deveria ter mencionado meu nome em algo que foi prescrito.
    Particularmente, o processo de acusação de plágio que pesa sobre minha pessoa é em grande medida injusto. Aliás, tenho muito claro que alguns parâmetros do que é ou não plágio para a academia devem ser revistos.
    Além disso, meu processo de defesa não foi completado – apesar de a Fapesp alegar que sim. Dois últimos documentos meus não foram analisados e tive o direito de defesa cerceado (Art. 5, inc. LV da Constituição Federal de 88 – “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”), mesmo assim uma decisão precipitada foi tomada… Absolutamente não fui avaliado em conformidade com minha defesa.
    Gostaria que o leitor tivesse a mesma força de vontade para se manter isento na análise dos fatos aqui narrados que procurei ter ao comparar ambos os documentos: a solicitação de bolsa e a acusação da Fapesp.
    Minha proposta científica – avaliação de qualidade de conteúdo de pesquisas publicadas na perspectiva do novo conhecimento e sabedoria (wisdom) – foi baseada nas teorias do Professor-Doutor Andrew Targowski, com a anuência deste emérito pensador como meu orientador na Universidade de Michigan, nos EUA.
    Minha pesquisa é genuína, inovadora e inédita. Sem a menor sombra de plágio ou coisa que o valha.
    No entanto, como se sabe, toda proposta/trabalho acadêmico embute por exigência formal uma parte de revisão teórica, que normalmente traz citações de outros autores e que ajudam a contextualizar o problema a ser pesquisado.
    E foi nesse momento que alegam que pequei. Por razões de sobra: apenas no ano que escrevi o plano, doze publicações científicas sob minha direção no DOI Number foram realizadas. A pressa em submeter o plano de trabalho à Fapesp e a sobrecarga de trabalho me induziram a não fazer algumas citações adequadamente dentro das normas previstas pela ABNT.
    Longe de querer aproveitar-me de trabalhos alheios, prejudicar autores, roubar ideias ou causar qualquer outro mal, tudo que tenho a dizer é que foi uma lamentável desatenção de minha parte – que deve ser relevada.
    As ideias e textos utilizados para a fundamentação de meu trabalho têm similares encontrados em dezenas de outras produções acadêmicas, nada que foi usado por este pesquisador para contextualizar o projeto de bolsa Fapesp era inédito nem de fundamental importância para a proposta: ao contrário, minha proposta, sim, é que é inédita.
    Um exemplo do que os analistas da Fapesp se valeram é a definição de qui-quadrado (uma ferramenta estatística criada pelo matemático britânico Karl Pearson em 1900 e que nem o autor “plagiado” lembrou de citar): há no mínimo centenas de livros e artigos que trazem essa definição. Portanto, deixar de citar pode até desmerecer involuntariamente o autor do texto, mas nada de inédito, inovador, moderno há ali que venha a ser reciclado e mereça ser taxado de plágio – muito menos de valor cabal para meu projeto de pesquisa.
    A academia deveria olhar mais de perto a questão do que é ou não plágio.
    Minha proposta permanece inédita, inovadora, atual, pertinente, tanto que outra universidade nos EUA já a acolheu. Uma coisa é certa: eu não merecia ser colocado nesse balaio de gatos que a Fapesp criou...

    Atenciosamente
    Balloni

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  2. Gostaria de contestar a afirmação da Sra. Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a SBPC que, segundo ela, ""É preciso defender a integridade científica acima de tudo."", afirma Nader. Ora, convenhamos que - no meu caso – a sua afirmação é valida se eu tivesse tido respeito amplo em relação a defesa apresentada -Minha defesa foi cerceada, caracterizando uma violação do “Art. 5, inc. LV da Constituição Federal de 88” – e, ainda mais grave, SE a análise de meu processo COMEÇOU de uma FORMA (documentada) e TERMINOU de outro (sem explicação) então temos UM PESO E DUAS MEDIDAS!!!. Por que ??? Como a sociedade vai decidir? Como fica a integridade mencionada?

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