Pelo menos seis propostas que asseguram direitos a portadores da síndrome de
Down tramitam atualmente no Congresso Nacional: uma no Senado e cinco na Câmara
dos Deputados, de acordo com levantamento feito pela Agência Brasil. Quando o
assunto diz respeito à legislação para pessoas com a alteração genética, as
opiniões são divergentes.
As propostas vão desde a reserva de vagas em
concursos públicos para esse grupo à isenção de Imposto de Renda. Há também uma
proposta que prevê o pagamento de pensão por morte no caso de pessoas com a
síndrome e outra que estabelece a realização de ecocardiograma para
recém-nascidos portadores da alteração. Além desses projetos, há outras mais
abrangentes que tratam da questão, como o Estatuto da Pessoa com
Deficiência.
Segundo o deputado federal Romário (PSB-RJ), pessoas com a
síndrome de Down têm os mesmos direitos das portadoras de deficiência. "Acredito
que um dos maiores problemas, ainda hoje, é o preconceito. Por isso, faço
campanha para mostrar como o estímulo correto pode garantir a essas pessoas uma
vida normal. Elas podem trabalhar, estudar, namorar e tudo mais que uma pessoa
faz", disse. Romário tem uma filha de sete anos com a síndrome.
Para o
deputado, um dos problemas graves é a resistência das escolas em aceitar alunos
com a síndrome de Down. "Temos de fiscalizar: a lei garante a plena inclusão
dessas pessoas no ensino regular, embora algumas famílias prefiram o ensino
especial". Para Romário, a consequência, é a judicialização do problema: pais e
mães recorrem ao Ministério Público para terem o direito
garantido.
Marco legal
O senador Wellington Dias
(PT-PI) defende que é preciso um marco legal mais unificado para a síndrome de
Down, a exemplo do Estatuto do Idoso e da Criança e do Adolescente. O senador é
favorável à aprovação do Estatuto da Pessoa com Deficiência. Ele explicou que a
norma, se aprovada, vai unificar a legislação. A proposta já foi aprovada no
Senado, mas há sete anos está parada na Câmara, pronta para ir a plenário (PL
7.699/2006).
Segundo Wellington Dias, a dificuldade de aprovação na
Câmara tem a ver com divergências geradas por conflitos de concepção. Um
exemplo, de acordo com ele, é a questão de surdos e autistas. Para o senador,
antes de frequentar a escola regular, essas pessoas precisam passar por uma
preparação específica. Há quem defenda que essa preparação é
desnecessária.
Na visão da consultora jurídica do Movimento Down, Ana
Cláudia Corrêa, o maior avanço nos últimos anos em termos de legislação foi a
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Promulgada em 2009,
pelo Senado, ela deu status de emenda constitucional à Convenção Internacional
sobre o tema e seu protocolo facultativo, firmados pelo Brasil em Nova York, em
março de 2007.
"Ela (a convenção) conseguiu reunir em um documento tudo o
que havia sobre o direito de pessoas com deficiência. A convenção é a nossa
bíblia, nosso norte a seguir", explicou. Apesar disso, Ana Cláudia ressalta que
apesar de a norma ser completa, a falta de regulamentação de alguns artigos
acaba inviabilizando a aplicação da lei.
"Educação é um dos temas
complicados. Você sabe que as pessoas não podem negar matrícula, podem e devem
estudar em escola regular e que as escolas têm de fornecer os meios necessários
para que essas crianças possam estudar, mas não há uma lei que diga que o não
cumprimento é crime. Não há uma lei que regulamente como isso vai se dar. Aí vem
o discurso de que a escola não está preparada", argumenta.
Ela destaca
que na legislação em debate há um projeto (PLS 112/2006) do senador José Sarney
(PMDB-AP), desarquivado pela Casa, que considera polêmico. O texto pretende
alterar as regras sobre a reserva de vagas no mercado de trabalho para pessoas
com deficiência, previstas no Artigo 93 da Lei 8.213/91. A proposta diz que deve
ser observada, entre outros aspectos, a ideia de compatibilidade da deficiência
em relação à educação e às funções a serem exercidas.
O desarquivamento
da proposta foi alvo, nesta semana, de uma nota de repúdio divulgada pela
Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down. O documento diz que o
projeto é um retrocesso político e está em desacordo com a Convenção sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência.
Na opinião da advogada do
Movimento Down, o Brasil tem o que comemorar no avanço das leis de proteção às
pessoas com a síndrome, especialmente no que diz respeito à educação. "Pouco se
sabe sobre o universo das pessoas com deficiência". Para Ana Cláudia Corrêa, o
Dia Internacional da Síndrome de Down, comemorado nesta quinta-feira (21), é
importante para que as pessoas possam parar, conhecer e reconhecer as pessoas
que têm a alteração genética com seus direitos, ou seja, o de ter uma vida
normal.
fonte:http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2013/03/21/legislacao-para-portadores-da-sindrome-de-down-ainda-e-restrita-no-brasil.htm
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