30/11/2012

Eleição para a OAB-SP ficou marcada pela radicalização


Ontem os advogados paulistas foram às urnas escolher o futuro presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo. No contexto nacional, a disputa tem importância especial. O contingente de advogados registrados em São Paulo, locais ou com inscrição suplementar é imenso. Soma perto da metade da classe no país.
As apurações engatinham e o resultado só deverá ser conhecido hoje (30/11). Até às 21h de ontem, no início das apurações, a vantagem era do candidato da situação, Marcos da Costa, seguido pelo oposicionista Alberto Zacharias Toron e, por fim, Ricardo Hasson Sayeg. Toron não conseguiu a vantagem que se esperava na capital, onde a oposição costuma ganhar. Já a vantagem da situação no interior confirmou-se com folga.
Não importa quem vá sentar na cadeira de presidente da seccional paulista em 2013. Para quem vem acompanhando as eleições na seccional, esta corrida será lembrada pela radicalização. Os ataques entre candidatos, que se intensificaram nos momentos finais das campanhas, são classificados como “sangrentos” por José Roberto Batochio, que presidiu a OAB-SP de 1991 a 1993 e apoia a chapa de Marcos da Costa, que concorre à presidência pela situação.
Raimundo Hermes Barbosa, que foi candidato a presidente da seccional nas útlimas eleições, concorda que a violência da corrida é memorável. O advogado que, neste ano, concorre a presidente da Caixa de Assistência aos Advogados de São Paulo na chapa encabeçada por Ricardo Sayeg diz temer que as agressões entre os candidatos deixem “sequelas” naturais.
Rui Celso Reali Fragoso, que também concorreu a presidente em eleições anteriores e optou por manter distância dessa vez, lembra que os candidatos perderam tempo e saliva discutindo temas como uso de drogas e aborto. “Com isso, fugiram do objetivo direto de eleição para presidência da Ordem, que é discutir os caminhos para solucionar os problemas dos advogados”, diz.
Até as candidaturas de oposição, que, costumeiramente centravam seus ataques no candidato da situação, passaram a trocar o chamado “fogo amigo”, lembra Batochio. A questão, porém, para ele, deverá ser resolvida ao fim das eleições: “É coisa de política e temos que compreender paixões. Seja lá quem vencer, quando se erguer soberana a voz das urnas, cessam as divergências”.
O enfrentamento direto entre oposição e situação também não é algo comum. Normalmente, advogados usavam linhas auxiliares para se atacarem, sem aparecerem nem colocarem seus nomes sob as acusações. Toron usou técnicas como as que usa no Tribunal do Júri para ganhar atenção, sendo direto nas acusações feitas ao candidato Marcos da Costa, ou ao atual presidente Luiz Flávio Borges D’Urso. Sayeg também fez ataques fortes, principalmente durante os debates.
Já o candidato Marcos da Costa, utilizou técnicas comuns a candidatos da situação: só se expôs na reta final da campanha. Assim, como mostra a lógica, a oposição tem menos tempo para aparecer em campanhas oficiais ou em debates. Com isso, os candidatos tiveram menos tempo para se fazerem conhecidos no interior do estado, que tem 53,2% dos advogados de São Paulo, ou seja, dos votos. (Clique aqui para ler mais sobre o assunto)
Quanto menos campanha, mais distante estarão também os advogados da chamada política de Ordem. Segundo Rui Fragoso, o próprio Largo de São Francisco, tradicional local da advocacia paulista, onde votam milhares de advogados, estava com um clima “muito frio” durante a votação de ontem (29/11). “Eu não vi aquela euforia de outras eleições”, reclama.
Batochio lembra que nas outras eleições havia bandas e faixas das chapas no Largo de São Francisco, fazendo uma eleição “mais cênica”. Ele discorda porém, de que haja uma apatia maior. Segundo ele, o número de votos em branco e nulos deste pleito deverá ser baixo, o que indica engajamento ou interesse — fator bastante positivo, já que a alienação rema contra a vontade do conjunto.
Apuração em papel
Longas filas se formaram nos centros de votação, que tiveram trabalho redobrado, por terem sido obrigados a fazer a eleição em urnas com cédulas de papel. As urnas eletrônicas não foram cedidas pelo Tribunal Superior Eleitoral para o pleito dos advogados.

Maior do que o problema para votar, pode ser o problema para apurar os votos. Os advogados paulistas terão de esperar durante o dia de hoje para saber o resultado da corrida e a proclamação do eleito deverá ser feita somente na segunda-feira (3/12), segundo o presidente da Comissão Eleitoral da OAB-SP, José Urbano Prates.
Além da demora, outros problemas como pedidos de impugnação e de recontagem podem ser feitos, por conta do sistema utilizado. Na eleição em que Carlos Miguel Castex Aidar tornou-se presidente da seccional paulista, a chapa que concorria com ele entrou com questionamentos na OAB-SP, reclamando de problemas na apuração dos votos, há exatos 12 anos.
A retomada do Estado de Direito entronizou os profissionais do Direito no primeiro plano das decisões do país. No Brasil inteiro os advogados se mobilizaram para escolher os vetores que devem governar os seus interesses. Representantes legítimos do direito de defesa, são eles os responsáveis pelo equilíbrio da Justiça que a OAB representa.

Reportagem de Marcos de Vasconcellos
fonte:http://www.conjur.com.br/2012-nov-29/eleicao-oab-sp-ficou-marcada-violencia-dizem-advogados
foto:desacato.info

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela visita e pelo comentário!