01/04/2012

Tribunal condena perfumista Guerlain a multa de 6 mil euros por racismo


O Tribunal Correcional de Paris condenou na última quinta-feira Jean-Paul Guerlain (foto dir.), herdeiro da famosa casa de perfumes Guerlain, a uma multa de 6 mil euros (R$ 14,537 mil) por injúria racista, depois das declarações feitas em 2010 sobre os negros que provocaram indignação, que levaram a um pedido de boicote da marca.
Guerlain foi julgado por declarações feitas em 15 de outubro de 2010 ao canal France 2. Naquele dia, referindo-se à criação do perfume Samsara, o ex-perfumista de Guerlain ele disse ter trabalhado "como um negro" para elaborar a fragrância. "Uma vez, trabalhei como um negro. Não sei se alguma vez os negros trabalharam tanto assim", afirmou na época.
O tribunal absolveu Guerlain a propósito da primeira frase, mas o condenou pela segunda.Além da multa, deverá pagar 2 mil euros (R$ 4,845 mil) por perdas e danos a cada uma das associações contra o racismo que apresentaram a queixa: Mrap, Licra e SOS Racisme.

Em seu veredicto, o tribunal considerou que, apesar de "a expressão 'trabalhar como um negro' seja antiquada e desagradável e poder escandalizar algumas pessoas, não constitui uma injúria no contexto litigioso". Os magistrados ressaltaram que a segunda parte da frase implicava "sugerir o ócio de um grupo de pessoas devido a sua origem ou raça", o que é "simultaneamente depreciativo e injurioso".
"Já não estamos na época em que podem prevalecer preconceitos surgidos na época colonial", afirmou o advogado da SOS Racisme, Patrick Klugman. Sua colega, Sabrina Goldman, advogada da Licra, disse se sentir "muito satisfeita com a decisão, que permitiu compreender que Guerlain não tentou dizer algo humorístico, e que o racismo não é uma opinião, e sim um crime."
Outro lado
O advogado do perfumista, Basile Ader, não sabe dizer se seu cliente, ausente na sessão, apelará ou não da condenação.As reações de protesto aos comentários do criador foram imediatas na época e Guerlain chegou a pedir desculpas, afirmando que suas palavras não refletiam seu pensamento.
Durante a audiência de 2 de fevereiro, Guerlain confessou que suas declarações foram "uma idiotice". "Peço desculpas à comunidade negra por essa idiotice", repetiu em várias ocasiões o homem que até então era conhecido por ter lançado cerca de 40 perfumes de fragrâncias inesquecíveis, de Vétiver até Habit rouge, passando por Samsara e Jardins de Bagatelle.
Seu pedido de desculpas, no entanto, não bastou para acalmar a polêmica, nem para evitar que várias organizações de luta contra o racismo apresentassem uma queixa judicial.
Com 75 anos de idade e aposentado desde 2002, Guerlain trabalhou 47 anos na empresa da família e continuou sendo conselheiro da empresa depois de se aposentar. A empresa, no entanto, interrompeu a colaboração dias depois de suas declarações sobre os negros por considerá-las inadmissíveis.

foto:bossip.com

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