22/02/2012

Governo grego minimiza irritação popular com perda de soberania


O governo da Grécia tentou minimizar a revolta popular contra a perda de soberania provocada pelo novo plano da União Europeia para tentar reduzir a dívida nacional e evitar a declaração de moratória, exigências que devem levar a uma década sem crescimento econômico. 
O aporte financeiro de 130 bilhões de euros está condicionado ao cumprimento de uma nova agenda de ajustes econômicos que significarão a redução de direitos trabalhistas e previdenciários pela segunda vez em dois anos. Além disso, a verba será liberada pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional a conta-gotas, sempre à medida que o governo grego consiga cumprir as exigências e desde que aceite que uma equipe permanente de inspetores estrangeiros monitore as finanças, sinal da desconfiança nutrida pelos líderes continentais em relação à capacidade grega.
"É como se não tivéssemos pessoas educadas e capazes na Grécia para governar o país", disse o vendedor de frutas Raptis Michalis, de 67 anos. Entre outubro e novembro de 2011, a nação viveu uma forte onda de pressão da União Europeia depois que o então primeiro-ministro George Papandreou mencionou a possibilidade de consultar a população sobre os planos de austeridade que implicavam em redução dos direitos sociais. Em seu lugar foi colocado Lucas Papademos, responsável pela montagem de um gabinete técnico com a função de aplicar todas as medidas impostas pelo bloco.
O porta-voz do governo, Pandelis Kapsis, disse não ver "nada dramático" na exigência da presença de auditores estrangeiros. "Haverá algumas equipes de assistência técnica na Grécia, que ajudarão a coletar e monitorar dados corretamente. É só isso", declarou à TV grega.
Na mesma linha, o ministro do Desenvolvimento, Mihalis Chrysohoidis, viu a questão sob um ponto de vista positivo. "Não cria quaisquer problemas", disse. "Pelo contrário, (os auditores) ajudarão a Grécia e transferirão conhecimento".
Pelo acordo, o país terá de reduzir sua dívida de 160% para 120% de seu Produto Interno Bruto (PIB) até 2020, o que significa a implementação integral de um pacote que significa anos sem crescimento econômico e, por extensão, sem a reposição dos salários cortados pelas exigências dos pacotes de ajuda. 
Enquanto o apoio aos principais partidos de apoio ao resgate cai a mínimas históricas, cresce o suporte da população às siglas contrárias ao socorro e às agremiações de esquerda. Os dois maiores sindicatos da Grécia convocaram manifestações em Atenas para quarta-feira, testes para a resistência política à pressão social em um momento pré-eleitoral – em abril será escolhido o novo gabinete, que terá a função de dar andamento às exigências da União Europeia e do FMI ou de trilhar outro caminho, neste caso com a saída da zona do euro.
Neste sentido, ministros da área econômica de nações europeias indicaram que o plano aprovado na madrugada de terça-feira (21), embora positivo, pode ter o papel de apenas protelar a chegada da Grécia a uma nova encruzilhada. 
“O que foi feito é um passo muito significativo. É claro que os gregos permanecem emperrados em sua tragédia. É um novo ato de um drama longo", pontuou o ministro sueco das Finanças, Andres Borg. "Eu não acredito que eles vão pensar que estão livres de qualquer problema, mas eu penso que reduzimos o problema da Grécia para apenas o problema da Grécia. Não se trata mais de uma ameaça à toda recuperação da Europa."
Para a economista sênior para Europa da Capital Economics, Jennifer McKeown, as medidas de austeridade terão deser implementadas em um panorama cada vez mais complexo.  "Há risco de saída (da Grécia) da zona do euro no fim deste ano", concluiu.

foto:newmon.com.br

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