19/01/2012

Prefeito de Bogotá quer proibir porte de armas em locais públicos


Evidentemente que uma medida isolada não é o suficiente para coibir a violência, mas todas as ações neste sentido são válidas e com certeza produzem efeitos positivos.

Gustavo Petro sonha em desarmar Bogotá. O novo prefeito da cidade anunciou para breve a proibição do porte de armas em locais públicos. A medida entrará em vigor por três meses, no dia 1º de fevereiro. Será que ela permitirá reduzir a violência urbana? Está lançado o debate, ainda mais polêmico pelo fato de Gustavo Petro ter começado sua carreira política dentro da guerrilha, algo pelo qual muitos não o perdoam.
De acordo com fontes oficiais, 1.632 assassinatos foram cometidos em 2011 na capital colombiana, onde o índice de homicídios é de 24 para cada 100 mil habitantes. É cinco vezes melhor do que em Caracas, mas bem pior que em Paris, onde ele não passa de 1,5 homicídio para cada 100 mil habitantes. Em mais de 60% dos casos, em Bogotá, os crimes são cometidos com armas de fogo.
Quantas armas circulam ali legal ou ilegalmente? A prefeitura não sabe. O Exército, que concede as licenças, não publica números. A polícia diz ter apreendido 19 mil armas de fogo em 2011. Isso é muito para uma cidade de 7 milhões de habitantes. Segundo Hugo Acero, especialista em segurança urbana, em Bogotá é mais fácil obter porte de arma do que uma carta de motorista... que já é fácil de conseguir. Entre a direita, essa proibição causa irritação.  “O governo não pode impedir os cidadãos de se defenderem contra os criminosos”, ressalta o analista Alfredo Rangel. A questão é saber se a proibição de qualquer porte de armas legais permitirá que se reduza o tráfico de armas ilegais – “que é o verdadeiro problema” – e o número de homicídios. A polícia, que tem certeza disso, aplaudiu a decisão do prefeito.
“Oposição irracional”
Todos os especialistas – e Gustavo Petro – concordam neste ponto: a proibição do porte de armas em locais públicos não bastará, sozinha, para acabar com a violência. “É preciso também reforçar o efetivo policial e a vigilância nos bairros problemáticos”, acredita Hugo Acero.
“Senhor prefeito, o senhor possuía porte de arma quanto atacou o Palácio da Justiça?”, pergunta o ouvinte de uma rádio. Em 1985, a guerrilha do M19 – à qual Gustavo Petro pertencia – tentou assumir o controle do Palácio da Justiça, em Bogotá, desencadeando a severa resposta do Exército. Mais de 100 pessoas morreram no confronto. “O que quer que ele faça, o que quer que ele decida, Gustavo Petro terá de enfrentar a oposição irracional da direita, que o odeia”, lamenta um colaborador do prefeito. No Facebook, foi criado um grupo para exigir a demissão do prefeito, doze dias após sua posse.

Reportagem de Marie Delcas
Tradução de Lana Lim
foto:tarsocosta.blogspot.com

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