21/01/2012

Consumo de tranquilizantes dispara


Apesar de serem de uso controlado, os medicamentos ansiolíticos, indicados para controle da ansiedade e da tensão, estão entre os remédios mais consumidos no País nos últimos anos. A informação foi divulgada ontem, em boletim da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A pesquisa mostra que essas substâncias, que atuam como inibidoras do sistema nervoso central, têm sido mais consumidas até do que medicamentos que não exigem prescrição médica.

De acordo com o Boletim do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados, desde 2007, os ansiolíticos feitos a partir de substâncias como clonazepam, bromazepam e alprazolam são os mais consumidos entre os 166 princípios ativos listados na Portaria 344 da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde. A portaria inclui uma série de remédios controlados, conhecidos como "tarja preta".

De acordo com a Anvisa, somente a venda legal de Rivotril (clonazepam) aumentou 25.947% de 2007 a 2010, passando de 29,46 mil caixas para 10,59 milhões. Só em 2010, os brasileiros gastaram ao menos R$ 92 milhões com Rivotril.

O Lexotan (bromazepan), segundo mais comercializado, vendeu 4,4 milhões de unidades em 2010. Já o Frontal (alprazolam) registrou 4,3 milhões de vendas.

Para o psiquiatra e psicoterapeuta José Alves Gurgel, ex-presidente da Sociedade Cearense de Psiquiatria, o primeiro fator que contribui para o uso excessivo dos ansiolíticos é o maior acesso da população aos serviços médicos no Brasil, devido à expansão da rede pública de saúde.

O segundo, diz Gurgel, é que a medicação vem sendo a primeira opção para tratar problemas que antes não eram combatidos dessa forma. "O estresse, a angústia, as ansiedades são hoje tratadas de modo primário, só através da medicação. São situações da vida que poderiam ser tratadas através de análise e psicoterapia", critica.

Para o psiquiatra, às vezes, os médicos usam o remédio como primeiro recurso porque ainda há pouca oferta dos tratamentos psicoterapêutico e psicanalítico na rede pública. "Até por medo de que a ansiedade e a angústia do paciente levem a futuras complicações clínicas", pondera.

Outra questão relacionada, segundo ele, é o uso dos ansiolíticos associados às drogas.

Veterinários e dentistas

Os técnicos da Anvisa chamam atenção para o grande volume de prescrições de remédios "tarja preta" por dentistas e veterinários. Percentualmente, a quantidade é maior do que as dosagens recomendadas por médicos.

Gurgel acredita que o dado possa ter relação com a falsificação de carimbos médicos por gráficas clandestinas. Além disso, lembra que é muito comum que amigos, familiares e colegas de médicos peçam receitas sob alegativa de urgência. "O médico prescreve de modo inadvertido com intuito de ajudar", lamenta.

SAIBA MAIS

RISCOS
O psiquiatra e psicoterapeuta José Alves Gurgel explica que um dos principais problemas de usar ansiolíticos sem acompanhamento médico é o risco de dependência. Por serem medicamentos eficientes para diminuir a ansiedade, o paciente não sente efeitos colaterais e tem dificuldade de abrir mão

ÁLCOOL
O especialista alerta que o uso dos ansiolíticos associado ao consumo de álcool pode levar à depressão respiratória e ao estado de coma

DIREÇÃO
Dirigir sob altas doses da substância pode diminuir o reflexo do motorista, provocando sono e aumentando o risco de acidentes


foto:noticias.r7.com

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