05/08/2011

Hospital indígena só tem café para servir a pacientes


”O sangue e o sonho de nossos antepassados permanecem em nós. Apesar dos galhos terem sidos cortados, seus frutos roubados e até seu tronco queimado, as raízes estão vivas e ninguém pode arrancá-las.”   
(1° Encontro dos Povos Indígenas do Tapajós,  Dezembro de 1999)



Até quando teremos que continuar publicando notícias como esta? 



Índios que se recuperam de doenças como malária e tuberculose na Casa de Saúde Indígena (Casai) de Lábrea, cidade a 701 quilômetros de Manaus, estão sem alimentos e água potável. A situação se arrasta há aproximadamente três meses, segundo a Federação das Organizações e Comunidades Indígenas do Purus (Focimp).

Em nota, o Ministério da Saúde informou que acionou o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) de Porto Velho, capital de Rondônia, para normalizar o abastecimento dos indígenas. A cidade é a capital mais próxima de Lábrea.
Hoje, cerca de 50 pessoas, entre pacientes e acompanhantes, estão abrigadas no local. A Casai de Lábrea é responsável pelo atendimento médico de 14 povos indígenas da região. Um universo de aproximadamente 8 mil pessoas, em 96 aldeias, segundo informações da Focimp.
O diretor-executivo da entidade, José Raimundo Pereira Lima, indígena da etnia apurinã, afirma que, "para não passar fome”, os índios contam com a solidariedade de caminhoneiros e pessoas que trafegam diariamente pela BR-230, a transamazônica. Os pacientes também contam com doações da Igreja Católica e missões evangélicas. “Não tem outra alternativa. Pedimos para quem pode nos dar socorro. Estamos abandonados”, afirmou ele sobre a alimentação das pessoas no hospital. “Geralmente, o café da manhã é café e pronto. Sem pão, biscoito ou algo parecido, sem a menor perspectiva de comer algo no almoço”, complementou.
A Casa de Saúde Indígena é mantida e administrada pelo Distrito Especial de Saúde Indígena (Dsei) do Médio Purus, localizado no Amazonas, próximo à divisa com os Estados do Acre e de Rondônia. O Dsei é subordinado à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde.

No início da crise, o caso foi denunciado ao Ministério Público Federal (MPF) do Amazonas. O MPF instaurou inquérito civil público para apurar “omissão da estruturação” do Dsei do Médio Purus.
Além de apurar problemas com a alimentação dos indígenas, o Ministério Público também investiga denúncias da Associação dos Profissionais Indígenas do Médio Purus (Apisamp) sobre a falta de remédios e de meios de transportes e comunicação no distrito de saúde indígena. No início de julho, o MPF encaminhou ofício à Sesai pedindo explicações. O prazo para uma resposta vence nas próximas semanas.
O Ministério da Saúde informou que o Dsei de Porto Velho ficará responsável pela normalização, em caráter emergencial, do abastecimento de alimentos da Casai de Lábrea. Isso porque o distrito de Porto Velho fica a quatro horas de carro da região. Nesta semana, o ministério promete enviar técnicos para Lábrea “para por em prática plano de ação para a organização do saneamento, gestão e atenção à saúde indígena”. “O Ministério da Saúde está regularizando a compra e fornecimento desses produtos em todos os Dseis do País”, finaliza a nota enviada ao iG.


Reportagem de Wilson Lima
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/am/hospital+indigena+so+tem+cafe+para+servir+a+pacientes/n1597115625080.html
foto:ipco.org.br

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