30/05/2011

Mais notícias de fraude acadêmico


Como a questão de fraude acadêmico é um assunto que interessa a todos, começamos a semana com algumas notícias importantes sobre denúncias de fraudes e também um estudo revelador (e surpreendente) realizado no Brasil.



Universidade Estadual do Piauí 

Cerca de 167 processos de transferências  e reintegração de curso da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) estão sendo alvos de investigação da Polícia Civil. A maioria dos indícios de fraudes foram detectados no curso de Direito. A informação foi confirmada pelo reitor da instituição, Carlos Alberto Pereira.
A polícia investiga se esses casos têm conexão com o registrado no início deste mês quando o falso estudante Kleper Jansen de Almeida, foi preso em flagrante acusado de pagar R$ 60 mil pela vaga no curso de medicina da UESPI.  O reitor Carlos Alberto informou ainda que ainda no final do ano passado a instituição detectou fraudes e barrou o pedido de reintegração de curso de quatro alunos, sendo dois de Medicina, um de Fisioterapia e outro de Engenharia Civil.
Servidores da universidade detectaram que os falsos estudantes nunca haviam sido aprovados em vestibular ou oficialmente transferidos. Contudo, informações pessoais e acadêmicas dos acusados constavam no sistema da Uespi. "É provável que eles tenham tido acesso às informações acadêmicas de outros estudantes que tenham abandonado o curso e mudado os nomes", explicou. 
De acordo com o reitor, uma perícia da Polícia Civil mostrou que pelo menos 17 cadastros de alunos que abandonaram a instituição foram invadidos e modificados numa tentativa de legalizar a matrícula dos envolvidos. Desses, quatro chegaram a oficializar o pedido de reintegração de curso. "A Polícia está investigando e vamos combater qualquer tipo de fraude na universidade. Acredito que brevemente novas prisões serão feitas", relatou Carlos Alberto. (http://www.amarantepiaui.net/2011/05/policia-investiga-fraude-em-167.html)


PROUNI

Após o programa semanal da Rede Globo, Fantástico ter revelado problemas no programa de bolsas do ensino superior, novas denúncias surgiram envolvendo o Programa Universidade para Todos (ProUni). Jovens estão fazendo uma segunda faculdade com bolsa, o que é proibido, e outros que estudaram em escolas particulares, pagando, conseguem bolsas de estudo em universidades com declarações falsas.

O Tribunal de Contas da União (TCU) calcula que já foram mais de 3.000 casos irregulares de alunos que cursam duas faculdades.
"O que cabe à instituição é verificar com base nos documentos apresentados pela acadêmica. Nós não temos poder de polícia ou até mesmo de olhar se existe alguma possibilidade de fraude nessa documentação", afirmou o diretor da Faculdade Santo Agostinho, Antonio Eugênio Silva.
No Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso), em Teresópolis (RJ), a mensalidade para cursar Medicina é de R$ 3 mil. Uma estudante conseguiu a bolsa do ProUni com um certificado de que estudou em escola particular, com bolsa integral, em Goiânia (GO).
O ProUni é acessível somente para ex-alunos de escolas públicas ou bolsistas integrais de colégios particulares.Além da bolsa, ela recebe ajuda de custo do Governo Federal, que em 2010 chegou ao total de R$ 2,7 mil.O reitor da Unifeso, Luís Eduardo Tostes, admitiu falha na análise dos documentos. "O que a gente busca é abrigar um aluno que tem dificuldade, que é carente e que quer ingressar no ensino superior. A gente faz isso com cuidado, mas hoje a gente verifica que o sistema não é imune a fraudes. A gente precisa aperfeiçoar", reconheceu Tostes.

Mudanças
No início da semana, o governo anunciou mudanças no sistema de isenção fiscal que beneficia as faculdades que participam do ProUni. As instituições só deixariam de pagar imposto se o aluno realmente recebesse a bolsa. Com isso, o governo aumentaria a arrecadação e um maior número de estudantes seria atendido. Atualmente, até 30% das bolsas ficam sem uso, segundo a Controladoria Geral da União (CGU).
A reportagem do Fantástico do último domingo (1) denunciou a necessidade de aperfeiçoamento no programa de bolsas do ensino superior. Foram mostrados jovens de Água Branca (AL) iludidos pelo golpe da universidade-fantasma. Quase mil alunos também foram prejudicados em cidades do interior de Minas Gerais. O Ministério da Educação (MEC) determinou que a Universidade Luterana matricule os alunos que ficaram sem vagas nos pólos já existentes. Outra fraude que está sendo investigada é a de jovens que demonstram alto padrão de vida e, mesmo assim, recebem as bolsas.(http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2011/05/novas-denuncias-de-fraudes-envolvem-o-prouni.html)



ESTUDO SOBRE FRAUDE ACADÉMICA: 
70% DOS ALUNOS DO SUPERIOR JÁ COPIOU

Copiar parece ser uma prática comum para a maioria dos estudantes do Ensino Superior – 70% admitiu tê-lo feito alguma vez e a maioria conhece alguém que o faz com regularidade –, mas poucos são apanhados com a "boca na botija": apenas 2,4% foi apanhado a copiar. O recurso a cábulas escritas (46,2%) ou espreitar as respostas do colega do lado (55,3%) são os métodos mais usados, indicam dados preliminares do estudo “Integridade Académica em Portugal”, efectuado a 5.403 estudantes, de uma centena de escolas de Ensino Superior.
54,5% dos inquiridos acreditam que os colegas copiam de forma premeditada, um dado preocupante na opinião de Aurora Teixeira, coordenadora do estudo. Preocupa na medida em que vem  contrariar os resultados obtidos num primeiro trabalho sobre fraude académica a alunos de Economia e Gestão, no qual uma situação de pânico era apontado como o principal motivo do "copianço".
Neste estudo mais abrangente, a autora analisou dois tipos de fraude: nas salas de aula e durante os exames (falsas presenças, falsificação de assinaturas, entre outras) e formas de plágio. Os resultados preliminares são “preocupantes” refere Aurora Teixeira ao Canal UP, até porque o que está em causa, muitas vezes, é a má preparação para o exercício futuro da profissão, à custa de cursos feitos com recurso a cábulas.
A reciclagem de trabalhos é um desses maus exemplos, sustenta Aurora Teixeira. 46,5% admitiu já ter entregue o mesmo trabalho duas vezes numa disciplina ou usá-lo para outra. E 54,4% diz mesmo que conhece alguém que já encomendou trabalhos a terceiros. Fazer trabalhos sem referências bibliográficas das citações usadas é também uma prática académica para 42,1% dos inquiridos.
Na opinião da docente da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) este é um problema que vem desde o ensino primário e secundário. “Não é dada a devida importância a ensinar e a investigar, os cuidados a ter com as citações e transcrições”, constata. Um problema que se reflecte mais tarde com o ingresso no Ensino Superior: “É preciso desmistificar a ideia de que o aluno que cita fontes vai ser penalizado. Além disso, o Ensino Superior não está preparado para um ensino de proximidade, porque tem turmas muito numerosas. Os alunos deviam ser mais acompanhados nos seus trabalhos de investigação”, ressalva.
Na lista das infracções académicas constam também as falsas presenças, isto é, quando o colega assina por outro na sala de aula. “No caso de Medicina, se tivermos uma percentagem de 30 ou 40% de falsas presenças tem um impacto diferente do que se forem alunos de Economia ou Ciências da Educação. Os de Medicina não vão ter os ensinamentos práticos que deviam”, exemplifica. 
A solução passa pela adopção de medidas preventivas, mas também correctivas, no sentido de “mitigar” o problema, sustenta a coordenadora do estudo, defendendo medidas tipo “Big Brother”. Em alguns países lá fora, além de vigilantes nas salas há câmaras. Os alunos devem ser impedidos de aceder ao telemóvel ou a outro tipo de instrumentos electrónicos que não sejam necessários para os exames”, atira.
Na opinião da docente ainda existe um “facilitismo generalizado” na punição de fraudes académicas como o plágio ou o "copianço". “Isto implica um tipo de investimento e de recursos que são relegados para segundo plano”, justifica.
Os resultados finais vão ser comunicados às escolas, adianta a autora.
Por que é que copiam, em que cursos há mais predisposição para cometer uma fraude académica e em que regiões, são questões que vão ser analisados nos próximos dois meses, quando serão conhecidos os resultados finais do estudo do Observatório de Economia e Gestão de Fraude, da FEP. Foram inquiridos mais de cinco mil estudantes de Ensino Superior, entre Maio e Julho do ano passado. (http://www.canalup.tv/?id_noticia=7896&menu=noticia)


foto:dignow.org
 

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