10/08/2012

Proposta de alimentar crianças com pombas gera polêmica na Argentina

A intenção de tornar a pomba uma opção do cardápio das escolas seria para diminuir a população das aves.



Uma nova proposta para controlar a expansão da população de pombas na província argentina de Córdoba, calculada em 600 milhões, detonou uma polêmica que resultou na suspensão de um funcionário público de seu cargo.
Trata-se da inclusão da carne da ave no cardápio das escolas públicas, hipótese considerada pelo diretor de Fauna da Secretaria de Ambiente da província, Óscar De Allende.
“Queremos mudar o conceito de que as pombas são uma praga. Consideramos que é um recurso abundante, não uma praga, porque praga é sinônimo de morte, e nós o chamamos de outra forma, porque são proteínas", afirmou o funcionário a uma rádio cordobesa.
Segundo ele, a hipótese de que as pombas passassem a alimentar crianças com baixos recursos financeiros estava sendo considerada em reuniões com um organismo de assistência social.

O funcionário detalhou o processo de captura das aves, ressaltando os procedimentos de higiene que seriam tomados: "Colocamos armadilhas onde elas dormem, as capturamos e transportamos a um frigorífico, para poderem passar por verificações sanitárias e serem processadas. A partir daí, serão consumidas internamente na província ou serão exportadas”, afirmou De Allende.

Após a repercussão das polêmicas declarações em todo o país, o governador cordobês José Manuel De La Sota ordenou, através de um comunicado, “a imediata suspensão das funções” do diretor. O chefe de gabinete da província, Óscar González, negou que o governo estadual esteja considerando esta possibilidade, que classificou como um "disparate". Segundo ele, não existe “nenhum projeto nem rascunho que justifique as declarações”.

Verónica Bruera, secretária do Paicor (Programa de Assistência Integral de Córdoba), mencionado nas reuniões citadas por De Allende, garantiu à imprensa local que a alimentação dos alunos de escolas públicas continuará sendo a base de carne de vaca, frango e “eventualmente, porco”.

O aproveitamento de pombas como um produto de consumo, no entanto, já é aplicada na província argentina de La Pampa, que possui frigoríficos destinados a esta produção da carne da ave, exportada aos Estados Unidos, Holanda, Espanha e Reino Unido. “Em La Pampa isso já está sendo feito. Exportam o peito das pombas aos Estados Unidos, onde existe um consumo muito importante [da ave]”, exemplificou De Allende.

Anticoncepcionas para pombas

A procura por métodos para controlar a proliferação de pombas em Córdoba não é recente. A província já tinha colocado em prática campanhas de conscientização, para que a população parasse de alimentar as aves, e a colocar obstáculos, como redes plásticas ou metálicas, em estátuas e varandas de igrejas e edifícios históricos, para dificultar a formação de ninhos e impedir a corrosão provocada pelos ácidos do excremento das pombas.

Em fevereiro do ano passado, a prefeitura da cidade de Mendoza, capital da província homônima, anunciou um plano de entregar à população alpiste com anticoncepcionais, para alimentar as aves e impedir sua reprodução. A medida foi inspirada em experiências para controlar a taxa de natalidade da ave, aplicadas em cidades da Itália.

Em Marcos Juárez, uma cidade no leste cordobês, as autoridades estão testando o uso de um líquido repelente de aves em ambientes públicos. O líquido geraria coceira nas pombas e as afastaria das praças. “Temos que ver se [a substância] dura alguns dias e [as pombas] voltam, ou se tem poder residual”, afirmou um funcionário da prefeitura ao jornal La Voz del Interior.


Reportagem de Luciana Taddeo
foto:exame.abril.com.br

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