07/03/2017

Como funcionam as gorjetas no mundo


Poucas semanas atrás, em Las Vegas, ao fim de uma viagem de táxi, perguntei ao motorista se seria suficiente que eu lhe desse os US$ 56 que tinha na carteira em dinheiro vivo para pagar uma corrida cujo valor no taxímetro havia sido de US$ 49,60 – a diferença de US$ 6,40 a mais equivaleria a uma gorjeta de cerca de 13%. “Não, a gorjeta mínima que aceito é de 20%, pague com cartão de crédito”, o motorista respondeu, secamente. 
Não foi a primeira vez que recebi uma reação atravessada de trabalhadores dos Estados Unidos por causa da gratificação que, no país, é praticamente inescapável. Em outra ocasião, num jantar em Nova York, por pura distração e erro de cálculo, nossa mesa de quatro pessoas deixou US$ 2 a menos do que o montante que equivaleria aos 20% de gorjeta. Na saída, fomos perseguidos na calçada pelo garçom, aos gritos de “pessoal, falta dinheiro aqui”. 
É certo que a reação dos atendentes dos Estados Unidos, onde alguns estabelecimentos têm até um dispositivo que cobra a gorjeta no cartão de crédito, representa um caso extremo. Mas nós, brasileiros, erramos bastante nesse tema, na maioria das vezes por pura falta de hábito, e não por má-fé – estamos tão acostumados aos 10% incluídos na conta dos restaurantes brasileiros que nem nos ocorre o fato de que, no exterior, muitas vezes a gorjeta compõe a principal fatia da remuneração de garçons, funcionários de hotéis e outros. 
Anote as dicas para não errar nas próximas férias. E planeje-se: as gratificações podem encarecer significativamente a viagem.
ESTADOS UNIDOS
Garçons nos Estados Unidos têm salário fixo de US$ 5,15 a US$ 10 por hora, dependendo do Estado. Para complementar a renda, correm atrás (literalmente) das gratificações e chegam a ficar agressivos quando não recebem o esperado: um mínimo de 15%, valor que, ainda assim, vai fazer o atendente reagir com irritação. Em geral, garçons e taxistas esperam ao menos 18% a 20% de gorjeta, especialmente nos lugares turísticos. Os valores são os mesmos no Canadá; já a reação a uma gorjeta “errada” ou de menor valor costuma ser menos agressiva. Dê aos bartenders US$ 1 a mais por bebida.
Nos hotéis, considere US$ 1 ou US$ 2 para o carregador de malas, US$ 2 a US$ 5 por dia para a camareira (dependendo da categoria do hotel) e, se fizer questão, US$ 1 a US$ 2 para o porteiro que chamou um táxi – essa não é obrigatória. O concierge pode ficar fora da lista de gorjetas; se ele fizer um ótimo trabalho, como conseguir um ingresso difícil, dê ao menos US$ 20. No spa, um atendimento ótimo vale 10% a mais. 
Coloque de US$ 2 a US$ 5 na caixinha do motorista de excursão, e dê US$ 5 a US$ 10 para guias de passeios – quanto maior o grupo, menor a gorjeta.
Para saber mais sobre as gorjetas nos Estados Unidos, clique aqui.
ÁSIA
Só estrangeiros dão gorjetas em restaurantes na China (quase nunca no táxi ou em passeios), sem parâmetro de valor. No Japão, dar dinheiro extra pode ser considerado rude e ofensivo, já que a alta qualidade nos serviços é um dos orgulhos no país. 
Nos países do Sudeste Asiático, como Vietnã, Tailândia e Camboja, dar gorjeta não é cultural, mas é bem aceito, já que atendentes são mal remunerados. Deixe o troco ou algo em torno de US$ 2 nos restaurantes e bares; o mesmo valor para camareiros, carregadores e motoristas; e até US$ 5 para guias. Para terapeutas em spas, US$ 5 a US$ 10 são bem vindos. 
CARIBE
Cuba é, definitivamente, um lugar onde se espera que você dê gorjeta. Em média, adicione 10% a todo pagamento, seja restaurante, táxi, ingresso ou excursão. Na prática, tenha trocado e sempre arredonde tudo para cima; se pedir troco, espere ouvir que o atendente não tem. 
Camareiros e funcionários de hotel em geral esperam gratificações na República Dominicana – pelo menos 100 pesos dominicanos (US$ 2) por dia. Em Aruba, onde as taxas de serviço são de 15%, é opcional dar gorjeta. Restaurantes e hotéis em Curaçau e Barbados adicionam taxas de 10% a 15%; gorjetas são facultativas. 
EUROPA
Como hábito mesmo praticado no cotidiano pela população, a gorjeta só existe na Alemanha, onde se dá 10% em restaurantes, e algo entre 0,50 e 2 euros a taxistas. Bares cobram uma caução de até 2 euros pela garrafa da bebida pedida; ao devolver o recipiente, você recebe o valor de volta e pode deixá-lo como gratificação ao bartender, o que é comum.
Bartenders na Inglaterra esperam 1 libra por bebida. Na Itália, turistas dão 10% de gorjeta aos garçons (moradores, nem sempre). França, Portugal, Finlândia e Suíça incluem a gorjeta na conta do restaurante; extras são opcionais e não tão comuns. Para camareiros, é de bom tom dar 2 euros por dia. Na Bélgica, Dinamarca e Suécia, gratificações não são nem esperadas. Se quiser agradar aos garçons, camareiros e carregadores, pense em 2 a 5 euros por dia.
MÉXICO E AMÉRICA DO SUL
Destinos no México que recebem muitos americanos, como a Riviera Maya e Cancún, têm uma forte cultura de gorjetas, em boa medida pela má remuneração os trabalhadores. Use os mesmos parâmetros dos Estados Unidos no hotel e para guias e motoristas de excursões. Apenas nos restaurantes que incluem 10% de taxa de serviço na conta (confira), não é preciso gratificar.
Na Argentina, evite pedir troco ao taxista, por causa do problema das notas falsas. Tenha dinheiro trocado, arredonde o valor e está dada a gorjeta. Dê 10% em restaurantes se a conta vier com o aviso de que a taxa de serviço não está incluída; faça o mesmo no Chile. No Peru, quase não há cultura de gorjetas; pode dar 10% apenas aos serviços excepcionais e os pequenos restaurantes familiares. 

Reportagem de Mônica Nobrega
fonte:http://viagem.estadao.com.br/noticias/geral,como-funcionam-as-gorjetas-no-mundo,10000079927
foto:http://www.e-konomista.com.br/d/manual-da-gorjeta/

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